43 | sonho?

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"Pensei que encontrei uma maneira
Pensei ter encontrado uma saída (encontrada)
Mas você nunca vai embora (nunca vai embora)"

Lovely - Billie Eilish.

Minha vida estava desandando

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Minha vida estava desandando.

Tão lentamente que seria imperceptível ver, mas apenas eu posso. Comecei a ter poucas horas de sono, toda vez que fechava meus olhos sentia algo me observando, meu peito se apertava tendo Damien em mente.

Ajeitando a toalha de mesa do apartamento em que passei a morar sozinha desde que minha mãe sumiu, posso sentir o cheiro masculino forte vir com a brisa que entrava pela janela. Eu aperto os olhos, fechando aquela merda de janela com força, fazendo o baque alto soar por todo o cômodo.

Me viro de costas para a janela e pego a carteira de cigarro em cima da pia, prendo um sobre os lábios e acendo, soprando a fumaça. Essa merda se tornou frequente em minha vida tanto quanto antes, mas agora parecia que precisava disso sempre, todo segundo, hora, dia. Eu estou fumando igual fumava quando tudo com meu pai ainda era recente, estou com pesadelos e insônia assim como eu tinha quando ficava a noite acordada ouvindo os gritos do meu pai no fundo da minha mente.

Olhando agora para a casa vazia, com poucos móveis e um silêncio ensurdecedor, me pego pensando onde e quando tudo isso vai acabar. Minha vida é um constante lopping de fracassos, o que torna tudo isso tão insuportável de ser vivido.

Ponho minha jaqueta preta com presa e arrumo desajeitadamente meu cabelo preto que tive a necessidade de pintar e sair daquele vermelho. Eu fecho as coisas abertas na casa, janelas, portas, e etc.

Observo os números do elevador, sinto novamente a sensação de estar sendo observada. Meu peito latejava por dentro, tentando me fazer ser forte e parar com essas sensações esquisitas que tenho toda hora.

Com os dedos trêmulos, Clico no número que me levará até o térreo e fico a espera enquanto sinto a tontura que sempre me causa estar em um elevador fechado. Lembranças de lugares apertados e traumas vinham em minha mente, me torturando, rasgando cada parte do meu coração lentamente.

Eu saio do elevador tão rápido quanto as batidas do meu coração, puxando o máximo de ar possível para tentar me livrar desse nervosismo excessivo que corrói meu corpo e minha mente. O que merda está acontecendo comigo?

O caminho até a escola foi rápido, logo pude entrar e dar de cara com o corredor infestado de aluno como todas as manhãs. Eu ando de cabeça erguida segurando uma alça da mochila enquanto e outra estava no bolso da minha jaqueta. Joguei os livros e minha mochila no armário, pegando os cadernos enquanto varria o corredor com os olhos, analisando os alunos, os observando, era a única coisa que tinha para fazer.

Hoje era uma quinta-feira então todos estavam saltitantes e felizes, animados para chegar na sexta-feira e poder finalmente se ver livres da escola e de livros pelos próximos dois dias, mas já eu, odiava. Cada momento sozinha com minha mente é como se estivesse trancada em uma cela onde os meus pensamentos ruins e traumas estivessem em volta, serpentiando sobre cada ferida, cada cicatriz feita.

DAMIENWhere stories live. Discover now