06 | socos

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"Eu estou ficando chapado
Está me mantendo calmo agora
Eu estou fazendo isso sozinho agora
Eu acho que tenho que ir mais devagar
E eu sei que
Eu tenho que assumir o controle agora
Mas eu vendi minha alma há muito tempo
Eu me sinto como um fantasma agora"

Cherry Flavoured —
The Neighbourhood

eu batia o saco de pancadas com força descontando as frustrações que sentia, deixando que meu lado sombrio e doloroso fosse depositado em cada soco dado

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eu batia o saco de pancadas com força descontando as frustrações que sentia, deixando que meu lado sombrio e doloroso fosse depositado em cada soco dado. Eu comecei a frequentar luta quando tinha apenas quatorze anos para tentar controlar as crises de raiva que sentia, o que funcionou por alguns meses até aquilo não adiantar mais de nada e eu começar a fumar cigarro, o que me ocasionou a merda de um vicío fudido.

cigarros, bebidas, eu sinto como se nada mais pudesse me jogar para o fundo do poço como estou agora. Viciada em substancias ruins e com a merda de uma vida fudida, esse é a merda do destino que você recebe por ter pais fudidos na sua infancia inteira que nunca deram alguma porra de ensinamento sobre isso.

o último soco foi depositado enquanto observava Noah se aproximar com mais um de seus sorrisos sujos como a merda de um cachorro. Encaro ele por segundos antes de virar meu corpo suado que estava dentro de um top preto e uma legging da mesma cor.

— se continuar socando assim o saco de pancadas vai acabar tirando ele da parede - ele diz em um tom extrovertido, eu solto uma risada nasal olhando em sua direção para encontrar um homem mais velho com o cabelo preto cortado perfeitamente.

— sabe que não controlo minha força, querido.

digo em um tom sarcastico e então pego a garrafa de água deixando o liquido cair em minha garganta seca. Estava a mais de trinta minutos socando esse saco de pancadas então essa água cai muito bem sobre meu corpo.

— vai a escola hoje?

— infelizmente.

pego meu celular que estava no banco de madeira e então ligo a tela vendo a hora e também uma mensagem de um número desconhecido que possivelmente é Enora, a irmã de Damien Maverik. Ela parecia ser divertida ao contrário do irmão que sempre possuía um sorriso carregado de arrogância e sujeira.

"Enora aqui, gata"

eu leio a mensagem sobre a barra de notificação e então desligo o aparelho voltando a minha atenção em Noah que estava arrumando a sujeira que as pessoas fazem aqui, tão nojentos. Noah como é dono disso, limpa o salão inteira sozinho, as vezes o ajudo quando não estou desesperada para ir a merda da escola.

eu recolho a mochila do balcão e mando uma piscadela para ele entrando em um dos banheiros, o ambiente mais limpo dessa merda. Pondo as minhas coisas sobre a pia, pego minha toalha e me certifico de trancar a porta antes de me despir e ligar o chuveiro dentro de uma das cabines.

não demora muito para que a pequena cabine se encha de vapor e eu entre embaixo da água quente, deixando que caía sobre meu corpo levanto todo cansaço. Eu passo as minhas mãos com algumas tatuagens sobre meu cabelo vermelho o colocando para trás antes de lava-lo adequadamente com os poucos produtos que trouxe.

eu desligo depois de minutos embaixo da água quente que gostaria de não sair de lá até os dedos das minhas mãos enrrugarem pela água quente. Pego a toalha me secando e a amarrando em volta do meu cabelo.

quando estou pronta, olho meu reflexo no espelho embaçado do banheiro. Um pequeno risco do espelho divide meu rosto mas mesmo assim consigo me observar bem. Cabelos molhados escorregando entre a jaqueta preta, uma blusa fina por baixo junto com uma calça moletom e minhas botas pretas tão limpas quanto minha alma.

estava agradável.

pego a mochila pesada colocando a toalha que estava dentro de uma sacola dentro e saindo do banheiro me deparando com o vazio que isso se torna quando está sem ninguém. Aqui era o lar das pessoas quebradas, pessoas que vem aqui deixar seus demônios inferiores saírem e se livrarem do maldito peso que carregam.

saindo daquele lugar vazio, pego a carteira de cigarro enquanto espero algum táxi. Com o isqueiro eu acendo o fogo queimando a ponta do objeto e pondo ele sobre meus lábios, puxando e prendendo, depois que expulso a fumaça vejo ela subir com o vento. Era uma merda isso ser o meu calmante quando minha mente está fora de ar.

infelizmente o táxi chega muito antes de conseguir terminar o cigarro então o jogo no chão pisando nele logo em seguida. Um velho estava sentado no banco do motorista, um sorriso amigável assim que sento nos bancos de trás se forma em seu rosto e eu não sorrio der volta, apenas aceno com a cabeça vendo o carro começar a andar.

logo o carro já está no portão velho da escola onde estudo e eu entrego uma nota para ele saindo do carro e batendo a porta branca do táxi. Eu solto um suspiro cansado enquanto caminho para dentro, tendo os olhares dos guardas em minha direção provavelmente pensando que sou alguma cadela que trás maconha para a escola, esse pensamento me faz querer rir porque nunca em hipóteses alguma pensam que alguma patricinha faz isso.

e para ser sincera, Angeline, a merda da filha do diretor faz isso todos os dias debaixo do nariz gordo do seu pai, mas mesmo que descubram ela nunca seria punida como aquela vadia merece ser. Ela e Ashley tem um grupo de idiotas ou sei lá como gostam de chamar aquela merda de trio de cobras delas. Me da ânsia apenas de observar por cinco segundos.

— patricinhas idiotas - ouço alguém murmurar e me viro para ver Enora encostada na parede de tijolos velha da escola.

— não sabia que também estudava nesse chiqueiro.

— infelizmente hoje é meu primeiro dia de aula aqui, meus pais obrigaram a vir estudar nessa podridão.

eu solto uma risada fraca e a loira se coloca ao meu lado, andando comigo pelos corredores e atraindo alguns olhares curiosos em nossa direção que a loira mal ligava.

— pelo visto aqui entra poucos alunos novos.

— carne nova, ainda mais sendo irmã do Damien — ela solta um suspiro e faz uma careta assim como eu.

— sabe, eu nem sei seu nome ainda — ela ri, me encarando.

— sou Talisa — digo simples — e você é Enora não é? Ouvi seu irmão falando.

Ela revira os olhos e concorda, parando no corredor e olhando para o papel em sua mão. Ela ergue uma sobrancelha fazendo uma careta, lendo o que quer que tenha na folha.

— armário vinte oito — ela suspira e parece cansada de caminhar — nós estamos apenas no sete.

Eu sorrio com o desespero dela e então coloca minhas coisas no armário e caminho com ela sobre os corredores.

— sabe Talisa, nós podíamos sair um dia desses não é? Seria foda pra caralho ir em uma festa nós duas — ela murmura e faz uma cara de esperança.

Acho engraçado a forma que nós duas nos demos bem em tão pouco tempo, Enora era uma garota extrovertida demais e pelo o que percebi é difícil ficar sem assunto ao lado dela.

— pra caralho — eu falei e vi o sorriso no rosto dela aumentar.

...

DAMIENWhere stories live. Discover now