𝒞𝑢𝑝𝑖𝑑 𝑖𝑠 𝑠𝑜 𝑐𝑟𝑎𝑧𝑦

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"Podemos nos ver amanhã?"

A pergunta tão comum com imensurável poder de causar intensa euforia no coração de jovens sonhadores, era de certeza a frase mais bela a ser dita a fim de alimentar a inocente paixão daqueles que a nutriam em seu interior. E um jovem em questão, o cupido de cabelos de fogo, mal pregara os olhos durante a longa e interminável noite tamanha ansiedade pelo dia que viria, pelo momento em que poria seus olhos naquele humano tão atraente e encantador uma vez mais. E ainda que mal tenha dormido, e as poucas olheiras deixavam evidente, ele agora saltitava entusiasmado rumo ao mesmo destino de todas as manhãs, tendo pousado em seu ombro um fofo canário amarelo cantando feliz da vida contagiado por sua energia vivaz. E à sua esquerda, entretanto, as nuvens pesadas do mau humor marcavam forte presença sob o corpo mirradinho do outro cupido que esboçava sua melhor expressão carrancuda, mesmo que deveras desconfiado de tal animação repentina de sua parte.

ㅡ Por que está tão feliz, Babel?

O apelido tão carinhoso, sendo apenas uma das milhares das razões da constante irritação de Beomgyu para com o colega cupido, porém no auge do bom humor, nem mesmo as provocações de um Yongbok rabugento abalariam seu alto astral.

ㅡ Toto, ouviu alguma coisa? – Beomgyu conversou com o pássaro que, curioso, parecia entendê-lo bem. ㅡ Está um belo dia hoje, não acha? É um belo, belo dia. – E de nariz empinado, fez questão de ignorar cada um dos olhares afrontosos do cupido mais velho.

E Yongbok, todavia, um tantinho mais esperto, não deixou de estranhar o comportamento peculiar do colega e passou a analisa-lo cauteloso. Beomgyu jamais transparecia tanto entusiasmo em sua presença. Estaria ele... doente? Anjos podem adoecer? Teria pulado tantas aulas assim para não entender até as mais simples questões sobre sua própria natureza celestial?

ㅡ Aish! O que está fazendo parado aí? Vamos logo, Yongbok-ah!

"Mas o que...!?"

Atordoado pelo súbito tratamento que soara tão natural quanto a luz do dia por parte de um Beomgyu virado do avesso tão incomum conduta, Yongbok não soube nem ao menos o que dizer, e apenas se deixou ser arrastado por ele, retomando juntos o caminho costumeiro. Era só... demasiado bizarro. E começava a pensar que talvez tantos doces mundanos estivessem queimando os poucos neurônios que Beomgyu ainda possuía. E a consciência voltou somente ao adentrarem a doceria Blue Hour, e travou no passo escondendo-se atrás de Beomgyu, tão assustado como quem acabara de ver um fantasma ao que seus olhos involuntariamente varreram todo o local.

ㅡ O que está fazendo? De novo com isso? – Beomgyu o chamou em repreensão.

ㅡ Hum?

ㅡ Yongbok-ah, pare com isso. Desgruda de mim, carrapato. – Resmungava desvencilhando-se do outro e ajeitando as roupas que foram amassadas no processo.

ㅡ Você quem grudou em mim primeiro, seu chatonildo. Chato, chato, chato.

ㅡ Te perguntei?

ㅡ Você cansa minha beleza em níveis ridículos.

Maduro e evoluído como era, mesmo sendo o mais jovem dentre os dois, Beomgyu, como o bom anjinho que nunca se atreveu a aprontar uma sequer peripécia no Jardim Celestial – que as aias o perdoassem –, fechou a cara e não fez cerimônia alguma em mostrar a língua. E Yongbok até abriu a boca para retrucar e possivelmente repreender sua malcriação, mas a expressão de tédio no rosto desse transformou-se tão rápido em outra coisa que Beomgyu não conseguiu acompanhar a mudança repentina de humor. O comportamento de Yongbok há alguns dias era apenas... estranho.

Cupid is so DumbOnde histórias criam vida. Descubra agora