Filho das Estrelas

Capítulo XXXIII Quarta Temporada

Respirou fundo quando seus pés tocaram na plana superfície rochosa.

O frio vento cortante carregava a capa marrom de seu manto, assim como seus cabelos lilases,mal presos em um rabo de cavalo.

Estava acostumado a climas severos, no entanto, esse monte em particular,era caracterizado por temperaturas extremas, ventos fortes, neve e precipitação significativas, baixo teor de oxigênio e condições imprevisíveis. 

Em resumo,um desafio. 

Não estando interessado em descobrir até onde ia sua resistência ao frio, rapidamente caminhou em direção à um fenda no paredão,que era vergonhoso até mesmo chamar de passagem de tão estreita que era.

No entanto, esse era o truque,uma aparência comum,para esconder um grande tesouro.

Ao adentrar a caverna, fora imediatamente envolvido pelo suave calor que ali residia,contrariando o clima brutal de seu exterior. 

As paredes rochosas formadas e esculpidas naturalmente revelam-se um espetáculo de miríades das cores roxo, azul, rosa e preto, como se o próprio céu noturno tivesse se recolhido ali,nas rochas. 

Acima,no teto,havia um grande buraco natural, onde se era possível ver tudo lá fora,e abaixo do mesmo, no centro da caverna, iluminando a penumbra que ali deveria existir, havia um  monte,composto unicamente de uma areia de tão claro azul cintilante,que parecia ser feita do pó de jóias.

Emitindo um brilho próprio, como se capturasse a essência das estrelas cadentes, o que de fato era.

A calma do lugar era quase capaz de fazer-se esquecer de que,ali,o tempo vinha a se distorcer e se desenrolar em um ritmo diferente, quebrando os limites entre o mundo terreno e o divino.

 

Sem se deixar levar pela doce armadilha, caminhou até a areia, agachando-se perto,e retirando uma bolsa de couro marrom de entre suas vestes,começou a colher a areia estelar com cuidado, sentindo o sutil pulsar de cosmo em resposta ao seu toque.

“Mu,onde estás?”

Questiono uma voz, ressoando  em sua mente.

“Estou indo”

Respondeu, levantando-se ao terminar seu labor e guardando a bolsa cheia em suas vestes. 

E com isso deu as costas, desaparecendo no ar .

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O som das solas metálicas ecoavam contra os degraus de pedra da escada a cada vez que a desciam. 

A escuridão era iluminada por um candelabro velho que levavam.

Não demorou muito para que as sufocantes paredes dessem lugar a uma sala aberta.

No entanto, o lugar era ainda mais desolador,o cheiro de sangue podre se misturava ao de mofo,comida estragada e enxofre.

O fato do lugar ser fechado,sem qualquer janela tornava tudo pior. 

A visão da sala também não era animadora.

No meio disso tudo, atrás da grade da cela, havia uma figura firmemente acorrentada.

– Você parece melhor do que o esperado. 

Comentou docilmente venenosa.

No entanto, não houve resposta do contrário.