2° livro da trilogia: Princesses in love
Até que ponto você cederia suas vontades para realizar a de seus pais? Passaria a vida toda obedecendo, mesmo que futuramente, se arrependa? Bom, essa é a vida de Madeleine Bennett, que desde muito jovem, foi...
"Espero que algum dia eu consiga sair daqui Mesmo que demore a noite toda ou cem anos Preciso de um lugar para me esconder, mas não consigo encontrar nenhum por perto Quero me sentir vivo, lá fora não consigo enfrentar meu medo"
Billie Eilish, Khalid — lovely
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Notting Hill, Londres 26 de dezembro, 2017
A noite cai do lado de fora da casa, chegamos a algumas horas e pedi para que ela fosse arrumar suas coisas em uma parte que deixei no guarda-roupa. Pego a frigideira em que está a cebola e o alho refogado e misturo junto do molho de tomate. Assim que chegamos da rua, tomei um banho e vim cozinhar algo. Viro minha cabeça para trás quando escuto um barulho de algo caindo no chão, mas percebo que vem do quarto.
Ela também é desastrada. Listo mais uma característica que notei nela, só do caminho para cá, ela já esbarrou em algumas pessoas, deixou algumas roupas caírem no chão das lojas e quase caiu umas duas vezes. Sorriu achando graça. Às vezes parece um pouco estranho a forma como reparo tanto, não só nas pessoas como também em tudo ao meu redor. Desligo o fogão, me abaixo, abro a porta do armário e pego o escorredor. Coloco-o dentro da pia, visto minhas mãos com duas luvas e seguro nas alças da panela, despejando o macarrão nela.
— A janta está pronta! — digo alto o suficiente para que ela possa escutar do quarto.
Pego dois pratos e garfos de dentro do armário, colocando-os do lado das panelas. A noite está muito bonita hoje, ainda bem que não chove, tenho que ir trabalhar daqui a pouco. Levanto meu pulso, 18:01 p.m, ainda tenho mais uma meia hora para estar lá. Escuto passos leves pela cozinha.
— Hmm, o cheiro está uma maravilha. — escuto-a dizer atrás de mim.
Eu já coloquei o meu no prato, sento na cadeira da ponta. Parece até uma brincadeira, há seis assentos, porém sempre me sento na mesma. Fito-a pegando a janta de costas, seu cabelo comprido parece ainda húmido, algumas gotas molham o tecido branco do seu vestido simples. É a primeira vez que uma garota janta na minha casa, dorme na minha casa, toma banho na minha casa e, principalmente, dorme no meu quarto. Eu tenho amigas mulheres, não tantas, quase nenhuma, na verdade, dá para contar nos dedos quantos amigos tenho. Um. Todos os outros são conhecidos, ou frequentam os mesmos lugares que eu.
— Onde aprendeu a cozinhar tão divinamente? — seus olhos curiosos me alcançam enquanto leva mais uma garfada da pasta com molho a boca.
Em um instante minha mente se enche de memórias, algumas tristes, outras felizes. Mas a maioria é apenas saudades, daquilo que um dia já esteve aqui mas não mais.
— Com meu pai. — encaro seus olhos, não há nada nos meus, porém é quase imperceptível a mudança no meu tom de voz.
