Imortalidade das consequências - tvdu

Capítulo XXII *

CAROLINE

Enquanto observava Zoe causando destruição em minha escola com a faca mágica, meu coração batia descompassado e meus olhos se encheram de lágrimas. Como alguém que era suposto ficar frágil e vulnerável, agora se tornava uma força imparável de caos e destruição? O que teria acontecido para ela se transformar dessa maneira? Minha mente estava confusa, meu corpo tremia de medo e perplexidade diante dessa metamorfose assustadora. Eu sabia que precisava agir, mas como enfrentar alguém que se tornou tão poderoso? Todo o cenário parecia surreal, como se eu estivesse presa em um pesadelo do qual não conseguia acordar. Eu só esperava que houvesse algo que pudesse ser feito para deter Zoe antes que sua jornada destrutiva culminasse em consequências irreversíveis.

— O que está acontecendo aqui?!

— Indie aconteceu! Eu estou perdendo o meu controle total!

— Como assim Indie aconteceu? Isso é impossível.

— É impossível?! É sério que vocês criam uma armadilha para mim mas nem pensaram no que poderia dar errado?!

— Não havia nada que pudesse dar errado.

— No entanto olhe para o resultado!

LIPA

As lembranças que surgiam em minha mente eram assustadoras e perturbadoras. Eu tentava entender como era possível lembrar de uma vida passada, de um amor perdido e de uma morte trágica. Mas ao mesmo tempo, a conexão com Darius parecia tão real, tão intensa, como se o laço que nos unia fosse além desta vida.

Ser uma vampira bruxa na vida atual era algo que parecia surreal, quase como se eu estivesse presa em um mundo de fantasia e realidade misturados. As lembranças da minha vida passada se entrelaçavam com a minha existência atual, fazendo-me questionar quem eu realmente era e qual era o meu propósito neste mundo.
Enquanto a confusão tomava conta de mim, eu sabia que precisava buscar respostas.

Conversar com Darius, mergulhar mais fundo nas minhas lembranças, entender o que realmente estava acontecendo comigo mesmo já tendo noção do que se tratava. Eu não podia mais ignorar a verdade que parecia estar diante de mim, mesmo que fosse aterradora.

— Darius, você está ai?

Essas palavras ecoaram pelas paredes antigas enquanto subi as escadas à minha frente. A mobilia era rara, antiga e poderosa.

— Darius?

Continuei dizendo o nome dele enquanto andava pelo sitio sombrio e cheio de poeira. Ele apareceu na minha frente.

— Agora não, Lipa.

— Agora sim. Que história é essa de nós termos sido namorados?

— Namorados? Que papo é esse?

— Que papo é esse digo eu! — pela expressão dele, dá para perceber que ele estava se fazendo de bobo — Eu estou cansada desses jogos! Me diga, o que é que eu não sei?

Eu me aproximei no momento que ele tentou fugir às devidas explicações.

— Vai simplesmente fugir dos seus problemas? Sem justificações?

— O que você quer que diga? Que sou um pessimo mentiroso? Querida, quanto menos você souber, melhor.

— Quer saber? Indie sempre esteve certa sobre você.

— Indie? — riu. — Isso soou como uma estupidez.

— Todo medroso para admitir que é da mesma espécie que eu... Quanto tempo você achou que me conseguiria enganar?

Houve uma mudança quase imperceptível na expressão de Darius.

— Você tem uma imaginação fértil, sabia?

Abanei positivamente a cabeça

— Claro, tal como os mutaveis, aqueles vampiros que foram sacrificados num feitiço poderoso que teve como resultado criar uma outra especie que muda de corpo cada vez que morre sem se lembrar. E me deixe adivinhar, você foi o ousado que usou uma bruxa para ter as suas memorias da vida passada.

Cruzou os braços.

— Ah querida, não entre por aí. Você até se pode
saber disso mas tem mais coisas que você não gostaria de saber.

Agarrei no braço dele.

— Então está esperando o quê para me dizer?

Tirou a minha mão e se afastou.

— Eu não vou dizer. Eu quero proteger você.

ZOE

Em meio ao caos, Caroline, apesar de suas intenções obscuras, revelou um lampejo de preocupação em seus olhos. Um conflito interno que acrescentava uma complexidade sombria à situação. O tempo se arrastava, e o pensamento assombroso ecoava: e se meu propósito ainda não tivesse sido cumprido? O fim se aproximava, a menos que um milagre acontecesse naquele momento sombrio.

Com meu coração pulsando descontroladamente, senti os corredores sombrios se fecharem ao meu redor, enquanto a determinação nos olhos de Caroline contrastava com a tensão no ar. Seu toque firme protegia minha mão, revelando uma dualidade de emoções que eu mal conseguia compreender.

O momento ficou ainda mais intenso quando Hope, olhando angustiada, entrou no cômodo, lançando um olhar de preocupação para Caroline. As palavras dela ecoaram como um eco desesperado

— Chame Lipa, precisamos de ajuda.

Lipa, com passos apressados, entrou, sua presença acrescentando uma urgência palpável. Juntas, elas começaram a trabalhar freneticamente, misturando o sangue de Hope e Lipa em um recipiente, enquanto eu sentia meu corpo fraquejar. As palavras mágicas ressoavam, iniciando um ritual desesperado para quebrar o feitiço de Indie.

No entanto, a escuridão persistia, envolvendo-me em seu abraço gélido. Cada tentativa, cada combinação de palavras, parecia inútil diante da força do feitiço. Enquanto a vida escapava de mim, pude sentir a tensão que havia dentro de mim, uma dualidade entre a vida e a morte que tornava o desespero ainda mais palpável.

Eu não estava suportando! Eu não podia mais! Não tenho outra escolha senão ceder ao desconhecido. Ainda contendo o poder que circulava dentro de mim, olhava para todos, fazendo uma despedida silenciosa. Fiquei encolhida até não poder mais e lancei uma bomba de magia que possuía.

Ao mesmo tempo, bati com a cabeça no chão, e nesse momento, comecei a ver tudo desfocado, até que cheguei ao momento em que não via mais nada além da escuridão, o vácuo. A sensação de ser consumida pela escuridão foi avassaladora, e meu corpo parecia se desfazer aos poucos. A sensação de não existir mais, de não ter mais nada ao meu redor, era assustadora e ao mesmo tempo libertadora.

Era o fim e o recomeço, tudo ao mesmo tempo. E então, me deixei levar pela escuridão, sem resistência, sem medo, apenas aceitando o destino que me aguardava.