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***

Já passava das dez da manhã e o castelo estava em absoluto silêncio. Não fosse pelo cantar das aves ecoando e os ponteiros dos relógios do Duque trabalhando aquela falta de som seria quase fúnebre.

Louis estava sentado diante da mesa do escritório com seu relógio de bolso na mão. As portas se abriram, Melanie entrou devagar e parou perto da mesa. Assim que o Duque à olhou ela se inclinou em uma perfeita mesura.

— Sente-se por favor.— Louis solicitou. Ela de pronto obedeceu.— Deve estar se perguntando o motivo de eu tê-la chamado. Não se preocupe. Eu serei breve.

Melanie o encarou com uma expressão serena.

— Farei algumas perguntas e a senhora pode escolher respondê-las ou não.— Ele entrelaçou as mãos e estendeu os braços sobre a mesa.— A primeira de todas é sobre a sua origem. Eu soube que é francesa.

— Naturalmente, excelência. Nasci em Luxemburgo.

— Ótimo.— Louis assentiu.— E qual é a sua relação com a rainha Amelie?

— Nos conhecemos em Mumbai.— Melanie piscou algumas vezes fitando a prateleira de livros que ficava ao lado da mesa.— Eu dava aulas para um grupo de crianças em um lar de caridade.

— Você esteve no atentado de dezenove de Junho?

Melanie apertou os olhos e se agitou um pouco com as memórias que vieram em sua mente. Ela tinha poucas recordações de seu passado mas aquele dia a perturbava. O som insuportável de uma imensa explosão. Sirenes. Pessoas correndo desesperadas em volta dela. Um menino olhando para ela de longe com parte do rosto ensanguentado.

— Melanie.— Quando ela olhou Louis estava bem ao seu lado a encarando com uma expressão aflita.— A senhora está pálida.— Ele encheu um copo com água fresca e entregou na mão dela.

Melanie bebeu o conteúdo com as mãos trêmulas. Louis pediu que uma das serventes a acompanhasse para o quarto dela.

Assim que ela saiu Louis ainda ficou um tempo em seu escritório redigindo documentos. Ainda pensativo sobre os acontecimentos recentes resolveu tomar um banho para despertar. Quando foi se vestir percebeu que faltava uma peça entre seus casacos alongados. Logo se lembrou que era o casaco que estava com Janna.

Lhe ocorreu que ela não estava acostumada com baixas temperaturas como eles.

Uma hora depois ele desceu e se encontrou com Eve no corredor. Ela logo o reverenciou.

Louis acenou com a cabeça e ambos se afastaram. Depois de alguns passos o Duque se virou e perguntou:

— Por acaso viu a princesa essa manhã?

— Eu não, senhor.— a camareira estranhou.

— Obrigado.— Louis assentiu.

Ele foi até o quarto de Janna e bateu na porta várias vezes sem resposta. Resolveu pedir à uma das camareiras que entrasse.

— Não tem ninguém, alteza.—Eve informou depois de conferir o quarto todo.

— Onde ela está?— Evangeline se juntou à eles a tempo de ouvir a afirmação da irmã.

Louis se lembrou da última coisa que Janna tinha dito que era sobre ir à biblioteca do Chateau. Sem perca de tempo ele se dirigiu até lá. Ao entrar se deparou com o ambiente silencioso.

Avistou ao longe Janna encolhida em uma poltrona abraçando um livro. O sono dela era tão pesado que ela nem percebeu sua aproximação.

Louis a observou de perto. Os cílios longos e fartos, a curva acentuada do nariz e por fim os lábios corados. Observou até mesmo a respiração tranquila e ritmada. Ela era... Quando percebeu o que sua mente fazia ele deu um passo para trás e limpou a garganta. Com o som estridente e próximo Janna despertou.

Com Amor, Eu Creio.Where stories live. Discover now