Volteeeeeei!
- Só uma dúvida, de que lado a gente veio? - Continuo andando de costas e olho para todos os lados tentando encontrar algo que me lembre o exato caminho que entramos aqui.- Merda! - Domenico pragueja e tenho quase certeza que estamos perdidos. - Primeiro a gente se livra desse bicho, depois a gente da um jeito de voltar. Não estamos tão longe assim.
- A gente já está bem longe dela. Podemos começar a procurar a saída. Não acha?
- Tudo bem. Não faça movimentos bruscos. Vamos sair por ali.- Aponta a lateral e quando vou me afastando, piso em falso. Sinto um galho quebrar embaixo de mim e caio quando sinto a dor no tornozelo.
- Melissa! - Domenico se assusta e corre para perto de mim. A essa altura, todo o silêncio e cuidado que tivemos para afastar a cobra, já foi por água abaixo.- Eu acho que torci...- Faço cara de dor quando tento mexer o pé e Domenico se abaixa, examinando o tornozelo.
- Dói? - Pergunta quando aperta e eu seguro seu braço, impedindo de continuar.
- Merda! Está quase escuro. Consegue levantar? A gente tem que sair daqui o mais rápido possível. - Ele fica de pé e me oferece a mão para me ajudar. Pego sua mão e num impulso me levanto do chão, mas quando apoio o pé, a dor me atinge e choramingo em um impulso o abraçando.- Dói, Domenico.
- Calma, calma. Vai ficar tudo bem. - Ele acaricia meus cabelos e tenta me acalmar. Diferente do rabugento que vinha sendo ultimamente.
- A gente vai naquela direção. Se não conseguir, tudo bem. Não precisa forçar.- Tem certeza que é lá? - Pergunto.
- Não. - Ele dá uma gargalhada gostosa e sorrio ao ouvir sua risada, pela primeira vez. Até então tinham sido apenas sorrisos simples. E ele é ainda mais lindo assim. Ainda abraçada a ele, sinto seu peito vibrar com a risada e o aperto mais forte.
Domenico me trás uma confiança que só sinto com ele e isso me causa medo. É uma pena que ele aja como um rabugento as vezes e isso sempre acabe afastando a gente.
Tento caminhar um pouco e ainda forço o máximo que posso, mas meu tornozelo dói demais e percebendo minha cara de dor, é Domenico quem para.
- Vamos sentar aqui um pouco.
- Domenico...
- Tudo bem. Já escureceu. A gente não vai conseguir sair daqui hoje, a não ser que alguém venha buscar a gente. Você torceu o tornozelo e quanto mais forçar vai ser pior. Vamos descansar um pouco. Minha perna também dói. Senta aqui.- Aponta para o seu lado onde ele está sentado, encostado em uma árvore.
E mais uma vez lá vou eu sendo o idiota da história. A culpa toda é do maldito Gabriel. É sempre ele que estraga tudo. Se ele não estivesse com Melissa, eu não teria entrado na mata e Melissa não teria me seguido. Assim, não teríamos nos perdido e nem ela machucado o pé. Maldito seja!
Observo ela cochilando com a cabeça encostada na árvore e abraçada a si. Deve estar com frio. Então meio desajeitado por causa do braço enfaixado, tiro a camisa social que vesti por cima de uma regata que estava e cubro Melissa que se aninha em meu peito. Aproveito do contato e abraço ela junto ao meu corpo, deixando ela mais confortável. E enquanto ela dorme, fico pensando na vida. Será mesmo que eu sou tão imbecil assim? Eu não era assim. Tudo isso começou a sair do controle depois que Melissa é aquele gato entraram na minha vida.
∞
Observo a mulher bocejar e ainda ao meu lado observa tudo ao redor.
- Não foi um terrível pesadelo?- Pergunta me olhando.
- Não. Foi apenas o imbecil aqui que te trouxe, para a gente se perder nesse lugar. Desculpa de novo. Na verdade, acho que minhas desculpas nem estão fazendo tanto efeito assim. Eu sempre faço merda atrás de merda.
- Isso é verdade.- Ela afirma e eu torço o nariz concordando. Mas sorrio com sua sinceridade.
- Vamos ter que esperar amanhecer. Não sei se vão vir atrás de nós.
- Eu pedi para o Gabriel avisar que voltaríamos logo. Talvez eles entendam que estamos demorando e venham nos procurar.- Torço o nariz quando ela fala o nome do infeliz. Ele está me perseguindo. Só pode ser.
- Se eles vierem agora, nesse escuro, vão se perder também. Sem contar que é perigoso.
- O que você veio fazer aqui? - Pergunta e eu respiro fundo.
- Fugir. O que eu faço melhor depois que você apareceu em minha vida?
- Tudo isso por minha causa?
- Não. Por você, estaríamos admirando o mar. Isso aqui foi pelo que eu estou sentindo.
- E o que é?
- Raiva.
- De que?
- Daquele cara. - Assumo.
- Odeio que ele fique assim, pertinho de você. - Toco seu rosto.
- Que ele te admire. Deseje. Toque.- Domenico...
- Eu sei. Temos um contrato. Mas você não tem ideia do quanto foi bom durante os dias em que tive você só para mim. O quanto foi bom te beijar sem medo de ser feliz. Te escutar ao fim do dia sobre a faculdade e os sonhos. Até o gato. Eu estava gostando de bancar o babá dele. - Ela sorri e segura minha mão junto ao seu rosto. Aproveitando o carinho.
- Você pediu que eu me apegasse ao contrato. Seria única coisa que teríamos.
- E hoje eu peço que esqueça. Esqueça o contrato, o acordo. Esqueça tudo. Seja minha, apenas minha. Eu quero você e você me quer. É simples.
- Eu não posso.
- Você quer. Você pode. O que te impede? Te afasta?
- Meu passado. É muito mais obscuro do que você pode imaginar. Eu desejo você, mas o medo que o passado aconteça de novo me assola.
- Não vai. Eu prometo que o que quer que tenha acontecido, eu não vou deixar acontecer de novo.
- Está aqui, Domenico. - Toca a cabeça.- Você não pode mudar o que ficou na minha memória.
- Então criamos outras. Criamos outras, juntos. E boas dessa vez.
- Não é assim que funciona. Não é tão fácil.
- Então me deixe tentar. Nos deixe tentar.
- O que você quer comigo, Domenico?- Pergunta quando se afasta.
- Tudo. Eu quero tudo. Se você me pedir essa ilha, sou capaz de tomá-la de Heitor e entregar em suas mãos. Eu estou enlouquecendo com a ideia de te perder. E olha que eu nem te tenho.
- Por que eu?- Ela pergunta séria.
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Domenico - Minha salvação.
RomanceDomenico Moretti é o filho mais velho de uma grande família italiana que há muito se fixou na América. Donos de uma grande empresa e distribuidora de vinho, o primogênito é cotado como o futuro CEO da companhia da família que é presidida pelo pai. ...