28 | True love

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Sinto o aroma estéril e ligeiramente metálico do hospital invadir minhas narinas ao entrar no quarto. A luz fluorescente paira suavemente sobre Jennie deitada na cama, destacando a palidez de sua pele. O zumbido constante dos equipamentos médicos cria uma trilha sonora monótona para a cena.

Observo cada detalhe do seu rosto, os vincos de preocupação e os traços marcados. Seus olhos, antes cheios de vivacidade, agora refletem uma serenidade misturada com a sombra da incerteza. As mãos descansam sobre o lençol hospitalar, revelando veias frágeis e cicatrizes que contam histórias daquele dia perturbador.

O som regular da respiração, acompanhado pelo suave bip dos monitores cardíacos, cria uma melodia peculiar. A cama, coberta por lençóis imaculadamente brancos, parece um refúgio temporário diante da fragilidade da existência.

Minha mente oscila entre lembranças de momentos compartilhados e a desconcertante realidade presente. Em um misto de esperança e apreensão, permaneço ali, testemunha silenciosa da luta travada de todos os momentos. Jennie ainda despertava, recuperando os sentidos.

Meus olhos se fixam nela diante de mim, e a maravilha se insinua em cada detalhe que capturo. Apesar da pele pálida, e os lábios quse sem cor, Jennie ainda era a mesma mulher bonita que eu via todos os dias. Seus cabelos caem em suaves ondas, uma moldura perfeita para o rosto que admiro. Cada expressão, cada gesto, é um capítulo intrigante que leio com olhos famintos por descobertas.

Nesse instante, as palavras parecem insuficientes; é um diálogo silencioso entre olhares e sensações. Minha postura denota uma entrega ao encanto do momento, como se o tempo estivesse suspenso e apenas a beleza de Jennie ocupasse o cenário.

Cada suspiro é uma nota na sinfonia da admiração, e a atmosfera ao redor é impregnada de respeito e fascínio. É um momento único, onde Jennie se torna o epicentro de todo o meu universo.

- Bonjour, mademoiselle. - falo animada, recebendo um sorriso espetacular. Agora nos olhávamos com nitidez. Honestamente, eu senti falta de olhá-la por tanto tempo. O dia já havia amanhecido. Jennie dormiu durante a noite toda sem acordar um sequer minuto. E eu a observei a todo instante.

- Já amanheceu? - assenti com a cabeça.

- Você dormiu como uma bela adormecida. - falo. - Já estava chamando os sete anões para eu poder lhe beijar. - ela ri, balançando a cabeça. - Como você está?

- Melhor do que ontem. - concordei. Me levanto, caminhando até ela. Apoio uma das mãos no colchão, e a outra em sua barriga. Jennie funga.

- O médico disse que achava que era um menino. - eu sorri, tentando conter meus olhos marejados. - Desculpe por não estar presente quando você precisou. - ela balança a cabeça. - Me desculpe por sumir sem avisar. Me desculpe por apenas enviar uma merda de carta. Me desculpe por não estar aqui. Eu tive muitos problemas, mon amour.

- Mon chéri, eu ainda quero que você me explique tudo o que aconteceu, mas nesse momento, eu só quero que você fique comigo. - eu assenti. Deslizo a mão por seu rosto delicadamente, enrolando os cabelos em meus dedos. Sorri, deixando as lágrimas escaparem. - Você vulnerável é surpreendente para mim.

- Eu amo você. - falo, secando as lágrimas rapidamente. Ambas sorrimos. - Obrigado por me esperar.

- Vê se não faz mais isso, cabeça dura. - assenti. Me aproximo devagar, beijando sua testa levemente. - Eu amo você. - sorri de canto.

Sinto um nó apertado se formando no meu peito, pesado e sufocante. Cada pensamento é permeado por uma sombra escura de arrependimento. Os olhos baixam involuntariamente, incapazes de suportar o peso do que fiz. Cada batida do coração parece ecoar o eco persistente da culpa, uma trilha sonora melancólica para minhas próprias falhas.

My Sweet MobsterWhere stories live. Discover now