34 | Again?

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A porta de metal pesada rangeu ao ser aberta, e uma sensação de antecipação percorreu meu corpo enquanto eu adentrava o arsenal de armas. O corredor escuro se estendia à minha frente, iluminado por luzes fracas que lançavam sombras dançantes nas paredes de concreto.

O cheiro familiar de metal e óleo invadiu minhas narinas assim que entrei, misturado com o leve aroma de pólvora. As fileiras de armas alinhadas ao longo das paredes me deixaram impressionado, desde rifles imponentes até pistolas compactas, cada uma pronta para o seu propósito.

Com passos cautelosos, avancei pelo corredor, observando os armeiros trabalhando diligentemente em suas mesas. O som ritmado de martelos batendo e peças sendo montadas ecoava ao meu redor, criando uma atmosfera de efervescência.

À medida que me aprofundava no arsenal, passei por áreas designadas para armas de maior porte, como metralhadoras e lançadores de granadas. Cada canto era vigiado por câmeras silenciosas, um lembrete constante da importância da segurança.

Finalmente, cheguei à sala de controle, onde os funcionários monitoravam meticulosamente todas as atividades do arsenal. Consciente da rigorosa segurança, preparei-me para passar pelo controle antes de sair, com a certeza de que cada arma permaneceria onde deveria, até ser necessária.

No meio da neblina gélida, envolto em meu casaco pesado, dou uma tragada profunda no cigarro, observando o vapor se misturar com a névoa ao redor. O frio cortante parece penetrar até os ossos, mas estou perdida em meus próprios pensamentos, alheio ao desconforto físico.

O aroma do tabaco se mescla com o ar úmido, criando uma atmosfera quase surreal ao meu redor. Enquanto observo as árvores fantasmagóricas emergindo da névoa, mergulho em uma reflexão profunda, perdido em minhas próprias divagações.

Apesar do isolamento e do frio implacável, encontro conforto na solidão deste momento, absorvendo a serenidade e a beleza enigmática da paisagem nebulosa ao meu redor.

Observo distante, Rosé aproximar-se, acompanhada de nossos irmãos e diversos capangas. Um suspiro escapa, então lanço o cigarro para longe. — Está tudo pronto?

— Os capangas já tem um relatório da rotina dele, e todo um detalhamento sobre o dia em questão. O arsenal está pronto? — assenti com a cabeça. — Como está a Jennie?

— Sinceramente? Tranquila, e isso me preocupe em um grau imenso. Eu tenho frieza suficiente para fazer isso, mas, é tão ruim a sensação, entende? — eu balanço a cabeça.

— Você amoleceu tanto por conta dessa mulher. Mas ao mesmo tempo, você amadureceu, e abriu a mente. É o certo a se fazer, não há outra opção. — Roseanne me consola. Um suspiro pesado escapa.

— Eu só não quero se um monstro para ela. — balanço a cabeça novamente.

— Ela te ama, Lalisa, não tem como você ser um monstro para ela. — ela acerta um soco em meu ombro, me distraindo por um pequeno instante.

— Quando essa merda acabar, você vai liderar essa porra. Eu vou pegar a Jennie, vou pegar a minha filha e vou embora dessa merda, dessa caos, desse inferno. Nada vai me impedir, eu estou decidida.

[...]

Jennie Ruby Jane Kim P.o.v

Eu estava sentada na beira da cama, segurando o teste de gravidez entre as mãos trêmulas. O quarto estava silencioso, iluminado apenas pela luz fraca do abajur ao lado da cama. Eu olhava fixamente para o pequeno visor, onde duas linhas poderiam mudar toda a minha vida.

Meu coração batia tão forte que parecia ecoar no quarto, quase sufocando-me com a ansiedade. Eu podia sentir o peso da incerteza e a pressão do momento. Cada segundo que passava parecia uma eternidade, e minha mente estava em turbilhão.

Pensamentos conflitantes se atropelavam em minha mente. Eu tentava me agarrar à esperança de um resultado negativo, mas o medo do desconhecido me assombrava. Eu pensava nos planos que tinha, nas mudanças que isso traria para minha vida, nos desafios que enfrentaria.

Finalmente, as duas linhas apareceram no visor, distintas e inconfundíveis. Senti um misto de emoções. Havia um toque de medo, mas também uma ponta de esperança e até mesmo um pouco de alegria misturada com a surpresa. O que isso significaria para mim? O que eu faria agora? As perguntas inundavam minha mente, mas, por enquanto, eu apenas sentei ali, processando a nova realidade que se desenrolava diante de mim.

Levantei-me devagar, deixando o teste de gravidez de lado. Minhas pernas tremiam enquanto eu caminhava até a janela, precisando de ar fresco para clarear meus pensamentos. Olhei para fora, para o dia já amanhecendo, tentando encontrar alguma tranquilidade no silêncio lá fora.

As possibilidades pareciam infinitas, e ao mesmo tempo, tão limitadas. Eu sabia que teria que enfrentar essa nova realidade, outra vez, tomar decisões que mudariam o curso da minha vida, outra vez. Mas, por enquanto, só precisava processar tudo.

Voltei para a cama e peguei o teste novamente, olhando para as duas linhas que agora pareciam tão definitivas. Uma sensação de calma começou a tomar conta de mim. Eu não estava sozinha nisso. Havia Lalisa, que me amava, que estariam ao meu lado, não importasse o que acontecesse a seguir.

Com um suspiro, sentei-me na cama. Tudo estava acontecendo novamente. Outra gravidez. Outra possibilidade. Outro risco. Era como um turbilhão de sentimentos, todos me atingindo de uma vez só.

Eu não poderia estar grávida outra vez. Não poderia ao menos pensar em ter um filho em meio a essa confusão. Eu simplesmente não poderia.

Me afundo no travesseiro, percebendo a gravidade da situação. Eu estava grávida. Grávida da mulher que mataria meu pai a qualquer momento. Mãe de um filho que eu nem sequer deseja ter nesse momento. Uma família completamente desconstruída.

Meu celular vibra. Observo a tela ascender, analiso aquele número desconhecido, então atendo imediatamente, apesar de estar receosa.

Mademoiselle — eu sorri, apesar de estar apreensiva não poderia conter o sorriso ao ouvir aquela voz. não precisa falar nada, eu sei que tudo o que está acontecendo é horrível, e que provavelmente você está assustada, mas por favor, jamais se assuste comigo, essa não é a minha intenção. — sinto o nó em minha garganta. Era tão angustiante. — Eu quero que você saiba que quando isso acabar, nós vamos estar, sei , no México — eu ri por um momento, apesar de sentir as lágrimas escorrerem. — eu, você e a Ivy, vamos construir a nossa família, meu amor, longe de todo esse caos. Eu prometo para você, que tudo o que está acontecendo vai valer a pena, porque em breve será eu, você e a nossa família. Eu amo você, mademoiselle, e eu espero que você nunca se esqueça disso.

Continua....

My Sweet MobsterWhere stories live. Discover now