algo estava errado, eu tinha certeza disso

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na próxima semana, quem acordou mal fui eu.

eu não sentia nada por causa do junhui. ele estava bem. eu quem não estava. eu não consegui levantar da cama e mamãe e papai quase deixaram de ir para o trabalho para ficar comigo, mas eu não deixei.

eu não fui para a escola e também não peguei no celular. vovó e vovô me ligaram, mas eu não atendi. eu poderia me desculpar mais tarde.

honestamente, eu não fazia ideia do que eu estava sentindo.

talvez eu só estivesse sobrecarregado, e o fato de ter mudado para um país que eu mal falo o idioma somou com a preocupação que o jun me causava. então, eu só sentia como se fosse tudo muito.

de novo, tudo isso era porque eu não sabia lidar com as emoções. talvez eu estivesse sentindo algo que, para qualquer outra pessoa, fosse ser pequeno e insignificante, mas para mim não era.

eu consegui sair da cama pela primeira vez quando era por volta de quatro da tarde.

eu caminhei até a ponte que sempre me encontrava com jun. dessa vez, eu não queria o encontrar. de alguma forma, aquele lugar me trazia certa tranquilidade.

cerca de dez minutos depois, começou a chover. e então, eu estava encharcado. eu não liguei. eu estava triste e cansado.

eu apoiei meus braços no pequeno muro que tinha na ponte e encostei minha cabeça em meus braços. eu não sei quanto tempo se passou, mas em algum momento, eu recebi um tapa - desnecessariamente forte - no meu braço, e então a chuva não estava mais caindo em mim.

— seu idiota, você vai ficar doente.

seu tom soava bravo, mesmo que ele tivesse um sorriso. ele segurava o guarda-chuva em cima de nossas cabeças, e eu acho que fiquei parado por muito tempo, porque ele segurou o meu braço e começou a me puxar para sei lá onde.

caminhamos por alguns minutos. honestamente, eu me sentia como se tivesse disassociado, como se minha alma estivesse fora do meu corpo e eu estivesse apenas assistindo enquanto deixava o jun me puxar. quando voltei a realidade, jun estava praticamente me empurrando para sentar em uma cadeira de um restaurante. eu quis levantar e ir embora. eu estava encharcado e me senti mal pelos funcionários que limpariam ali depois.

— quer falar sobre como o único dia que eu não acordo sentindo como se fosse morrer, eu acordo sentindo que minha alma gêmea vai morrer?

— é a primeira vez que você de fato fala que eu sou sua alma gêmea. - eu ignorei o resto do que ele falou, como ele sempre fazia comigo. isso fez ele dar um daqueles sorrisos irônicos dele. - eu quero sair daqui. eu estou com pena de quem vai limpar aqui depois.

— eles são pagos para isso.

— e nem por isso temos que dificultar o trabalho deles.

o junhui revirou os olhos como se eu tivesse falado algo muito tosco. então, se levantou e saiu da loja. eu fiquei muito confuso, mas dez minutos depois ele jogou uma toalha recém comprada em mim.

— se seca ai, ô cachorrinho molhado.

— você poderia ser mais carinhoso quando fosse cuidar se alguém. bater no braço da pessoa, chamar ela de idiota, jogar uma toalha nela e depois chamar de "cachorrinho molhado" não me parece a melhor maneira de mostrar proteção. - ele deu de ombros e estalou a língua no céu da boca.

— eu não estou tentando cuidar de você.

— claro.

uma garçonete apareceu depois disso. eu usei o pouco que sabia de coreano para pedir desculpas por molhar a loja, e o junhui me ignorou e falou algo que eu não pude entender sequer uma palavra.

— você parece feliz hoje. - eu comentei.

— e você não.

bem, ele estava certo.

eu estava gostando de o ver parecendo bem - pela primeira vez. mas algo dentro de mim doía, e a esse ponto, eu não sabia mais se vinha de mim ou dele. talvez fossem os dois. se ele também estava sentindo aquilo, ele sabia disfarçar muito bem.

— você não está escondendo. - eu me referi a marca. junhui tirou seu casaco depois de entrar na loja, e eu pude ver sua marca pela segunda vez. eu usava apenas uma camiseta de manga curta, e fiquei preocupado que alguém pudesse ver.

— nem você.

— você não estava com medo de seu pai descobrir?

— meu medo é mais por você do que por mim.

o assunto morreu ali, e eu não quis saber o que ele quis dizer com aquilo.

alguns minutos depois, a atendente apareceu novamente com duas bebidas quentes e dois doces. passamos mais um bom tempo ali, e na volta, junhui me deixou em casa porque ainda chovia.

mesmo que tivesse sido um dia bom, eu simplesmente não conseguia me sentir bem.

as eleições estavam chegando, e o jun estava muito quieto. eu não sabia o que ele estava pensando, e ele não me contava. lentamente, isso estava me enlouquecendo. eu estava preocupado com ele, e só queria saber como ele realmente estava. eu queria saber por que eu estava sentindo como estava me sentindo, mas quando eu perguntava, o jun só dava um daqueles sorrisos que eu não sabia descrever se era alegria ou tristeza.

eu não consegui dormir naquela noite porque eu não conseguia parar de sentir que algo estava errado.

flor esqueleto; junhaoWhere stories live. Discover now