2 Più un giorno all'inferno

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Bem, bem. Nem me havia apresentado. O meu nome? Abebi. Abebi Rayla é o meu nome. Mas que raio de nome é esse? Bem, eu nem gostava dele também. Mas acabei me habituando com ele. Mas por quê esse nome? Bem, segundo minha mãe foi meu avô quem escolheu. Disse que se ela tivesse um filho um dia, se fosse menina a nomearia como Abebi. Nome da minnha falecida avó, mulher do mesmo. 

Bem, eu gosto do porquê do nome, só não do significado. 'Alguém que se afasta'? Façam-me o favor.

 Poderiam ter me dado nome de Aruna, pois é o segundo nome da minha mãe, mas o bilhete de identidade já tá feito né. Tenho 17 anos, quase 18. Faltam exatamente 9 dias para o meu aniversário e eu estou super ansiosa para sentir a sensação da "vida adulta"

Helena-cadê a mochila?-pergunta entrando na sala fazendo ecoar o som do seu salto

Abebi-tá no quarto-digo endireitando o turbante na minha cabeça

Helena-queres que eu grite para ela descer ou preferes ir bustar?-pergunta sarcástica

Abebi-é melhor vir de vôo mesmo-retribuo o sarcasmo

Helea-você já não tem medo né?-perguntou

Ela que começou, a culpa nem é minha

Helena-e já agora, vais descalça para escola?-pergunta mais uma vez sarcastica

Estou seriamente pensando em devolver o sarcasmo, mas é melhor não

Abebi-não, vou subir para pegar a mochila e aproveito calçar-digo e vou até meu quarto

Helena-apreça-te. Já são 12:24-diz


Pego minha mochila na cama colocando nas escostas e pego um ténis e começo a calçar e me deparo com uma pulseira que me havia sido ofertada pelo merdinha do meu ex namorado. Aquele cão...enfim. Soterro ela num baú que eu tinha no quarto. Não tô pra começar a ter esses gatilhos a essa hora do dia.

Helena-vamos?-pergunta me vendo descendo as escadas

Abebi-andiamo-respondo em italiano

Saimos fechando a casa e entramos no carro pegando estrada

Helena-hoje eu vou chegar tarde, talvez só volte de madrugada-anuncia

Abebi-tá bem-respondo

Minha mãe sempre foi muito ocupada, porém sempre presente na minha vida

Bem, eu sou filha única. Embora muita gente diga que isso não é bom, eu nunca vi o lado ruim de ser só uma e sem companhia. Meus pais se separaram quando eu tinha 12 anos,  mas não tenho raiva ou mágoa deles. Fui afetada por causa das brigas costantes que eles tinham e tudo isso da separação, mas passados 6 anos aprendi a conviver com isso

Helena-chegamos-diz parando seu carro na frente do enorme portão verde da minha escola

Abebi-yeiiii! Mais um dia na escolaaa-finjo alegria 

Helena-nem começa, anda, desce do meu carro, vai pra escola-diz quase  me chutando do carro

Abebi-eeeeu em-digo-tô indo mehmo-digo

Helena-chau-diz dando recta guarda com o carro

Abebi-NÃO, NÃO, NÃO! PERA AÍ-grito num tom desesperador

Helena-o que foi?-pergunta

Abebi-você vai me deixar passar fome?-pergunto dramática

Helena-você tem dinheiro. Só que prefere gastar o meu-diz

Abebi-dá um pouco aí pra mim, aquele é para a passagem pra Itália

Helena-nós já conversamos sobre essa tua ideia maluca de querer ir pra Europa de repente-diz pegando a carteira e eu dou um sorriso

Não sei o que ela tem contra a minha ida a Itália, enfim

Helena-aqui-diz me entregando uma nota verdinha de dois mil kwanzas-se gastar tudo hoje amanhã não dou mais

Abebi-obrigada-dou um largo sorriso e ela avança com o carro.

Meu sorriso some quando eu me deparo com o enorme portão verde que estava atrás de mim e eu lembro que estou na escola. Só mais seis meses e isso acaba

Mais um dia no inferno...

Vou andando até ao refeitório pois quando chego a esse infernozinho disfarçado de escola a primeira coisa que faço é comer. Conecto meus airpods com meu celular e a próxima música da minha playlist era zitti e buoni. Não demoro muito para deixa tocar e assim vou andando até ao refeitório

Chegando lá meus olhos são dirigidos à vitrine dos bolos  e logo Raúl aparece.

Raul é o moço que trabalha aqui no refeitório da escola. Retiro os meus fones vendo a boca dele se movendo

Raul-ooooolhaaaa, se não é a Rayla-diz secando as mãos num pano

Abebi-tem bola de berlim?-corto a onda de alegria dele. Já que está sempre sorridente

Raul-nossa, pra quê isso?-pergunta verificando o que tinha na vitrine

Abebi-ho famme, dammi di mangiare(tenho fome, me dá de comer)-digo em italiano

Raul-sempre com esse seu italiano? Por que você não se muda de vez pra lá?-pergunta me entregando o que pedi

Abebi-falando em "morar"-digo fazendo aspas com os dedos-o quê que você tá fazendo ou veio fazer nesse país de merda?-pergunto-até onde eu sei, você tem dupla nacionalidade e nehuma das suas origens é angolana. Então, porquê aqui?-pergunto

Raul-eu só precisava sair do Brasil por um tempo-diz

Abebi-mas você poderia muito bem ter ido viver na Coréia moleque-digo não entendendo

Raul-moleque? Eu sou dois anos mais velho que você!-grita

Abebi-그리고?(e daí?)-pergunto em coreano

Raul-야!(ei)-grita-나가!(sai)-diz me escurraçando do refeitório

Quando ele dá a volta do balcão pra vir ter comigo eu meto o pé e saio correndo






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