XXIII. A mentira mortífera

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#ÉPascal

Meus olhos estão fechados. Eles se fecharam devido ao contato intenso de Jungkook nos meus lábios.

Não sei há quanto tempo entramos, mas sei que a porta da casa dele se fechou. Fui o alvo dele quando as investidas, outrora na minha nuca, se direcionaram até os meus lábios. Ele me beija com devoção, segurando os meus fios. Experimento me abrasar em chamas quando suas mãos descem, descem e descem.

Elas chegam em minha pelve, e o tatuado circula meu quadril, impulsionando-a para frente. E, sentindo o volume que ele carrega nas calças, largo o beijo fervoroso para arfar.

Quero.

Eu quero tanto.

A língua voluptuosa lambe minha clavícula, preparando o local para, enfim, morder-me. Por instantes, esqueci-me do piercing que ele tem no lábio inferior. É um aço pontiagudo, que não machuca, nem incomoda. Só atiça mais o meu imenso querer. Atiça ao ponto de minhas unhas fincarem-se no couro cabeludo dele, o trazendo de volta para mim. Para me beijar, outra vez, mas desajeitado. Nossos pés se emaranham-se, como se estivessem em um ninho. Chego a pensar que irei cair, mas Jei se apronta para me pegar. Desejo que ele me pegue a noite toda assim.

Subindo as escadas comigo, ele sequer vacila, não vacila mesmo. Nem quando me movo para sentir o volume dele. E é enorme.

Eu já vi no lago, e presumo que não serei capaz de me mover amanhã.

Desaprovando o meu pensamento, Jungkook desencosta nossos lábios. O gosto ferroso faz-se presente no meu paladar, pois me mordeu quando estávamos lá embaixo.

Os olhos dele não permanecem do mesmo jeito, é diferente. Eles são diferentes. Não pelas íris que chamuscam num tom rúbeo, mas pelo jeito que expressa seu desejo. Ele o guardou por muito tempo, afinal.

Nunca o vi assim. Não quando senta-se comigo na poltrona do canto de seu quarto. A mesma que dedicava parte de seu precioso tempo para fumar, ler os livros de psicanálise e, fitar-me.

Jungkook emoldura uma face perversa, digna de algum malefício que planeja para mim. Malefício esse que adorarei conhecer, e, também, irei gostar.

Estou sentado, de frente para ele, com as coxas separadas, podendo tocar inesperadamente nossos volumes por cima do pano. Não há nenhum atrito causado. Não porque as mãos tatuadas tocam meus joelhos, e antes que faça algo, percorre os lumes por mim. É como o olhar de um superior.

Com quês de arrogância, prepotência e luxúria. Ele sabe que gosto disso.

— Mostre-me ser digno — arrasta a voz grossa sobre o meu corpo, batendo os os sapatos de couro no chão.

Ele quer que eu me ajoelhe.

E eu aceito a ordem, deslizando para baixo, mantendo-me sentado nos joelhos. Não ouso o tocar.

Não até vê-lo dar tapinhas nas próprias coxas para que eu me aproxime e o ouça atentamente.

— Não vai poder usar as mãos até que eu decida — dita a ordem, e eu confirmo, mordendo o lábio inferior. — Entendeu?

A ênfase só faz com que meu âmago se destrua sozinho. Com certeza, ele se destrói mais ao passo que Jei enverga-se para retirar minha jaqueta e, depois, a regata curta que uso.

Retomando sua pose inicial, ele estica-se para alcançar o armarinho de canto, retirando de lá um de seus vícios e um isqueiro metálico e bordado. Jungkook acende o Camel, o pondo na boca, e após uma tragada profunda, volta a concentração em mim.

Nova Salém | pjm + jjkOnde as histórias ganham vida. Descobre agora