| Acampamento |

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Hoje era dia de caça no reino, essa era a atividade preferida do Rei Arthur. E é claro, ele sempre arrastava o Merlin para ir com ele. Era quase uma lei, o feiticeiro precisava de sempre acompanhar o loiro para caçar. Na verdade, para todo lado.

Arthur andava no seu cavalo com Merlin no cavalo ao lado. À frente e atrás estavam os cavaleiros mais próximos do loiro, que acompanhavam e protegiam o Rei.

- Sire. - Gwaine, um dos cavaleiros e amigo próximo de Arthur chamou a sua atenção. - Sabe qual a diferença entre um cavalo e um palhaço? - Perguntou se segurando para não rir ao pensar na própria piada. Arthur revirou os olhos, tinha sempre de escutar as piadas sem graça do amigo.

- Não sei e também não quero saber. - Fala no seu tom impaciente de sempre, apenas querendo um pouco de paz daquelas piadas.

- Vou falar na mesma. - O cavaleiro proferiu e dá de ombros, logo sorrindo e continuando. - A diferença entre os dois é que o cavalo gosta de palha crua e o palhaço gosta de palhaçada.

Percival deu uma curta risada nasalada ao escutar a piada de seu amigo. Merlin sorria se divertindo ao ver a expressão de Arthur.

- Quando eu penso que não pode piorar, piora. - O loiro resmunga, achando aquela piada extremamente sem graça.

- Pode admitir, eu sei que adora as minhas piadas. - Gwaine provocou com um sorriso, ele adorava provocar as pessoas ao seu redor, especialmente se fosse um certo Pendragon.

Arthur optou por ficar em silêncio sabendo que assim o Gwaine iria ignorá-lo e mudaria de assunto, passando a irritar outra pessoa, que seria o coitado do Percival.

[...]

Já tinha anoitecido e a caçada se prolongou mais do que o esperado, por isso decidiram fazer um acampamento apenas para passar a noite. Era mais seguro do que se aventurarem pela floresta durante essas horas.

Enquanto os cavaleiros montavam as tendas e o rei ajudava, Merlin cozinhava a comida para todos.

Após um tempo todos estavam sentados ao redor da fogueira que Leon fizera enquanto se deliciavam com a comida do feiticeiro. Surpreendentemente aceitável, pensou Arthur.

Todos estavam em silêncio enquanto comiam, à exceção do Gwaine, que não ficava calado por um único segundo que fosse. Sempre contando alguma piada sem graça ou contando alguma história, mesmo sendo verdadeira ou não.

Merlin foi o primeiro a terminar e se juntou ao Gwaine, às vezes falando algo do assunto ou apenas escutando o mesmo, enquanto a maioria estava ocupada conversando entre si e nem ligando para os outros dois.

Aos poucos os cavaleiros foram indo para as suas respetivas tendas para se deitarem e poderem descansar para o dia seguinte. Apenas três pessoas ainda não haviam se deitado. Merlin e Gwaine, que continuavam ao redor da fogueira conversando e o Rei, que observava os dois de longe.

Arthur tinha uma expressão indecifrável, era raiva? Não, não podia ser, não havia motivo para raiva. Talvez ele apenas estivesse cansado, mas ao mesmo tempo quisesse ter a certeza que os seus amigos estavam em segurança. Talvez, mas só talvez fosse...ciúmes? Mas por que ele estaria com ciúmes? Não faz sentido, pelo menos não na cabeça do loiro.

Algo fez a expressão do Rei ficar mais séria. Parecia que ele era capaz de matar alguém só com aquele olhar. Ele viu o seu cavaleiro tocando no seu servo. Estavam muito perto. Perto de mais.

É óbvio que o loiro não estava com ciúmes e nem nada parecido, não tinha o porquê ficar assim, ele apenas...queria a segurança do mais novo.

O rei se aproximou dos dois amigos que estavam sentados conversando. Arthur fingiu uma tosse seca para chamar a atenção de ambos.

- Deveriam parar de conversinhas e ir dormir, hoje foi um dia longo e o descanso é necessário para todos. - O loiro falou sério, até mais sério do que o costume.

- Já estávamos indo dormir, sire. - Gwaine fala enquanto se levanta, logo um sorriso aparece em seu rosto. - Estava pensando em mais uma piada para você. Boa noite. - Se afasta sorrindo enquanto ia para a sua tenda.

Merlin ia para a sua tenda também, mas o Rei ficou na sua frente, o impedindo de continuar.

- Tem passado muito tempo com Gwaine. - Até tempo demais, Arthur pensou.

- Ele é meu amigo, Sire, é completamente normal eu passar tempo com os meus amigos. - Proferiu enquanto olhava o mais velho, um sorriso de canto se formou nos seus lábios. - Por acaso, isso é algum tipo de ciúmes?

- O quê!? Claro que não! Por que eu teria ciúmes logo de você? Já mencionei que nem me importaria se você sumisse. - Disse rápido, como se estivesse nervoso, tentando ao máximo explicar que tudo aquilo era doideira e que não aconteceria. Nunca.

- Claro que sim. - O feiticeiro respondeu com um tom irônico, sabendo que o que o rei dizia era tudo mentira. - Se não tem mais nada a dizer, tenha uma boa noite, Sire.

Merlin começa a se afastar, mas antes que ele pudesse se afastar o suficiente, Arthur segura em seu braço e o puxa para mais perto.

- Não quero que fique assim perto dele. - Seu tom de voz era sério e a expressão no seu rosto não era diferente. Não era uma surpresa para ninguém que ele era ciumento. Muito ciumento.

- Posso saber o por quê? - Havia um tom de provocação na sua voz.

- Porque eu estou mandando. E você tem que me obedecer, eu sou o seu Rei. - Seu tom de voz ficava mais sério.

- Mas não vejo nenhuma necessidade de me afastar do meu amigo. - O mais novo deu de ombros e iria se afastar de novo, mas o loiro foi mais rápido e o puxou para perto de novo, muito perto.

- Mas eu vejo! Você é meu, Merlin. Apenas meu. - Merlin ficou surpreso com aquela resposta. Os dois tinham um relacionamento escondido e o moreno não pensou que Arthur iria falar assim da boca para fora, sendo que qualquer um dos cavaleiros poderia ouvir.

- Não sou um objeto para lhe pertencer, Sire. - Merlin realmente gostava de provocar o Rei, gostava de o ver assim irritado.

- Mas pode ter a certeza que é meu. E pode ter a certeza que eu sou capaz de fazer de tudo se alguém sequer ousar olhar para você. - Seu tom continuava sério, Merlin adorava esse comportamento ciumento.

- Me prove que eu sou seu então. - Provocou com um sorriso.

Arthur não falou nem mais uma única palavra. Segurou o braço do seu servo e o puxou consigo até a sua tenda, para sorte de ambos, o Rei não partilhava a tenda com mais ninguém.

Tinham a privacidade toda que quisessem. Digamos que a noite para esses dois foi bem agitada. Digamos também que não houve tempo para descanso.

Imagines - MerthurWhere stories live. Discover now