Desculpa, Inoue.

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Entre as silenciosas casas de Karakura, uma se destacava pelo barulho dos gritos.

- Ká, vem aqui agora! - Uma voz masculina reclamava, era Ichigo que vestia um terno, indicando que havia chegado do trabalho.

Ele chamou mais algumas vezes, até que o garoto saiu de seu quarto.

- O que foi? - O garoto desceu as escadas vestindo um pijama e com o cabelo todo bagunçado.

Ichigo estava tão irritado que mal o deixou terminar a descida e já começou a reclamar.

- Recebi outra reclamação do Renji... - Falou indicando algo corriqueiro. - Posso saber porque você não foi para a Sociedade das Almas hoje?

O menino tentou fingir uma cara de surpreso. - Hoje é quinta?

Aquilo irritou ainda mais Ichigo, a essa altura ele já estava com os nervos a flor da pele. Seu rosto estava vermelho e até o modo que ele tirava sua gravata era desengonçado.

- Até quando você vai levar as coisas na brincadeira, já é quase um adulto, você precisa treinar para controlar seus poderes logo! - Ele tirou o blazer, ficando apenas de blusa social e calça.

- Nem foi por isso que eu deixei de ir, mas por quê eu preciso ir toda semana para aquele lugar irritante? - O menino escolheu retrucar.

- Porque é seu dever!

- Eu não escolhi isso, eu não quero sair por aí matando essas coisas estranhas, ou tendo que ver almas deprimidas andando pelas ruas...

Era uma visão justa, mas Kurosaki tinha dificuldade em entender aquilo, afinal ele nunca gastou tempo com reflexões sobre ser um ceifeiro de almas. Foi nesse momento que perdeu a paciência e puxou a orelha de seu filho.

- Escuta aqui seu merdinha, você vai aprender a controlar seu corpo para, pelo menos, não sair fazendo idiotice por aí, entendeu? - Disse enquanto puxava com mais e mais força.

O menino nem reagia muito, afinal já estava acostumado com aquele tipo de tratamento, só que o inesperado aconteceu.

Uma barreira laranja surgiu entre os dois, jogando cada um para um lado da sala. Quando olharam para a porta da sala conseguiram ver Inoue, que tirava seus sapatos e ostentava um semblante cansado.

- Mãe...

- Inoue...

Os dois disseram quase juntos. O menino logo foi receber sua mãe, enquanto Kurosaki deixou a discussão de canto e foi para a cozinha.

- Qual o motivo da briga dessa vez? - Orihime dava sua bolsa para seu filho enquanto olhava Ichigo deixar o ambiente.

- É só meu pai... - Suspirou. - ... irritado como sempre, ele nunca tenta entender o lado das outras pessoas.

Ichigo estava ouvindo a conversa do outro lado da parede, ainda irritado, mas curioso.

- E você se sente melhor da febre, meu amor? - Inoue perguntou do modo mais carinhoso possível.

- Quase cem por cento. Eu dormi a tarde toda para me recuperar logo... - O menino parecia animado com a chegada dela.

Aquele diálogo fez Kurosaki se sentir muito mal para o resto da noite, ele ficou pensativo sobre a forma como vinha tratando os dois nos poucos momentos que estava em casa. Não era a primeira vez que sua esposa usava uma barreira para impedir as discussões entre ele e Kasui.

As palavras de Kasui pesavam na sua mente, mas resolveu deixar de lado e se concentrar nas obrigações da casa. Dessa forma a noite logo chegou ao fim e Ichigo se viu deitado pronto para dormir. Logo a frente da cama, sua esposa colocava o pijama para dormir. O silêncio constrangedor foi cortado pela voz firme de Orihime.

Meu verdadeiro euWhere stories live. Discover now