Menino

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Havia um programa escrito,
nas memórias de um menino.
Um menino sem razão.

Tinha nele seus escritos trêmulos,
os mandados, os lamentos.
Suas juras de paixão.

Esse menino era inquieto,
tão ferido, tão indiscreto.
Já não mantinha seus gritos.

Refugiados nos quartos negros,
em pé, sentado ou de joelhos.
Tentando dar paz ao medo.

Quando ficou deveras mudo,
ouvindo cada passo fundo,
ouviu a voz de outro alguém.

Logo após chegar em casa,
com seu poema em uma bancada.
Decidiu se desmerecer.

Anda ainda se machucando,
nos cacos, que aos montantes,
cavocam suas feridas.

Feridas criadas pelo eu lírico,
que quebrou pessoas como vidro,
pisando sempre em novas vidas.

As CinzasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora