As cinzas

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Olhos cansados e pesados, porém sem sono.
A mente mentindo um pouco de forças para continuar em pé.
Sono nunca foi meu empecilho, nunca me desgraçou tão profundamente.
Não se eu tiver umas gargalhadas de noite.
Chorar me dá sono.

Tendo a lembrar de que toda a vez que chego em casa,
tiro minha camisa e me jogo na cama mais alta,
algo me observa.
Um jarro, bonito, sempre lustrado e sem pó, diferente do resto da casa.
Lá guardo com muito carinho minhas cinzas.

Meu peito aperta um pouco em usar coisas assim como fuga.
Estou fazendo minha mente pensar mais em mais coisa para não sentir sono.
Meu trunfo é deitar com a cabeça e o coração esgotado toda noite.
Ter sonhos maravilhosamente embaralhados.
A mente funciona melhor com minhas drogas me criando realidades.

Levanto da cama e abro o jarro,
amargurado de ter que mais uma noite apelar a isso.
Sinto aquele pó descendo pelo meu aparelho respiratório,
o efeito chegando como um orgástico refrão da mais profana sinfonia.
As pupilas dilatam com um grande sorriso que desviam as lágrimas.
Quatro anos viciado nas minhas cinzas, misturadas, me poluindo.
E eu chorando e sorrindo para isso.

As CinzasWhere stories live. Discover now