42 - ... cair.

1K 134 146
                                    

Pro tanto que eu te queria o perto nunca bastava
E essa proximidade não dava
Tiê - A noite

Mikey estava parado no alto do templo Musashi enquanto observava Draken passar os últimos acontecimentos para todos eles. Assim que Draken terminou, ele abriu o momento para que os membros falassem, dando suas opiniões, perguntas ou sugestões.

— Com licença, senhor! — Um dos garotos da segunda divisão pediu a palavra, dando um passo à frente e se curvando.

Draken trocou um olhar rápido com Mitsuya e Mikey. Assim que recebeu a confirmação dos dois, permitiu que o membro da segunda divisão falasse.

Ele ergueu o tronco e manteve as duas mãos para trás. Apesar da expressão firme, o garoto suava e engolia em seco repetidas vezes, como se as palavras estivessem presas em sua garganta.

— Diga logo — Draken ordenou, severamente.

Ele moveu os olhos nervosamente, vagando entre a expressão severa de Draken e o rosto vazio de Mikey.

— A garota que ganhou a corrida — ele perguntou, com os olhos tremendo quando Mikey se concentrou nele — Ela faz parte da Toman?

Aquilo fez Mikey erguer as sobrancelhas. Ele entendia o porquê da dúvida, mas não entendia o nervosismo.

Ele sentiu que não gostaria da resposta.

— Por que você quer saber isso? — Draken perguntou, cerrando os olhos. Mikey sabia que provavelmente precisaria interferir em breve, Draken costumava ter um pavio curto demais quando o assunto era Kiyomi.

O garoto pareceu sentir a tensão na voz de Draken, já que engoliu em seco antes de dizer:

— Nós ouvimos algumas histórias — ele disse, vagando os olhos entre Draken e Mikey — de que ela era uma rata.

Ali estava. Rata. Os boatos já estavam grandes o suficiente para que alguém tivesse coragem de perguntar diretamente a eles.

— Vocês ouviram mais alguma coisa? — Draken perguntou, enquanto travava a mandíbula.

O homem novamente engoliu em seco, enquanto seus olhos se arregalavam levemente. O tom de Draken não era convidativo, mas ele parecia não ser alguém que tinha amor a própria vida, já que ele respirou fundo e disse:

— Eles dizem que o Mikey ainda não cuidou dessa situação porque ficou tolerante com uma rata porque ela é gostosa.

Realmente, ele não tinha o mínimo amor à própria vida.

Mesmo longe, Mikey pode ouvir o rosnado de Baji e Kazutora, como se eles próprios tivessem sido ofendidos. Draken tinha a expressão fechada e a veia em sua testa havia saltado de uma forma que Mikey viu poucas vezes acontecer. A raiva dele era palpável, mas mesmo assim não se comparava a Mikey.

O Comandante da Toman tinha sobre si uma camada de frieza, como se uma nuvem de ódio e raiva tivessem possuído seu corpo e nublado qualquer uma de suas atitudes. Quem ele pensava que era para falar de Kiyomi daquela forma?

Antes que qualquer um dissesse algo, Mikey caminhou, descendo as escadas do templo musashi lentamente. Todos o encaravam com olhos focados e corpos congelados, como se a tensão possuísse o corpo de cada um deles ali. O único som ouvido era o das pesadas botas de motoqueiro de Mikey contra o chão frio do templo.

Assim que parou na frente do garoto da segunda divisão, este encarava o chão enquanto respirava descompassadamente.

— Desde quando vocês ouvem boatos? — Mikey rosnou, sabendo que cada canto daquele templo podia ouvir a sua voz — Olhe para mim.

Pirulito de CerejaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora