26 - Nós sempre vamos te achar

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Talvez você pense que pode se esconder
Mas eu consigo sentir seu cheiro de longe
Maroon 5 - Animals

Kiyomi estava parada, como se estivesse congelada ali. Oshiro continuava a encarando com seus olhos pretos, mas a raiva em seu corpo era palpável, capaz de gelar os ossos dela.

Não era como nas inúmeras brigas, ou então no clube de apostas, aquele era Oshiro em sua forma mais profunda, em seu ódio mais latente, na raiva e desprezo que só apareciam quando Hidetaka ou Ito o deixavam sozinho. Entretanto, Kiyomi estava muito acostumada a lidar com aquela versão.

— É difícil te reconhecer sem estar com o nariz sangrando — ela disse corajosamente, enquanto tentava regular sua mão que tremia.

Se Oshiro estava ali, naquele estado, provavelmente Ito não estava por perto, mas Hidetaka sim. Porém, ela tinha certeza que Ito sabia onde ela estava, Ito tinha plena noção de onde encontrar Kiyomi se quisesse.

Aquilo não era nada bom.

— Ah, já que você tocou no assunto, sua puta, meu nariz está ótimo — ele disse soltando um riso. Não tinha nenhum copo ou garrafa ali com ele.

— Jura? — ela perguntou tombando a cabeça para o lado, tentando disfarçar seu nervosismo. — Pra mim ele tá meio torto, devia ir no médico ver isso!

Os olhos de Oshiro escureceram mais. Kiyomi sabia que ele estava prestes a explodir, como sempre acontecia quando ela estava por perto, aquilo se transformaria em uma briga e Kiyomi podia estar na desvantagem.

Olhando rapidamente em volta do bar, ela viu alguns poucos membros da primeira e da segunda divisão da Night Dust espalhados pelo bar, que estava lotado. Ali haviam inocentes, a Toman e a Night Dust, para aquele lugar virar uma grande briga não ia precisar de muita coisa.

Ela sabia que os garotos e Senju conseguiriam se virar, eles eram lutadores muito melhores do que a gangue de Ito. Porém, Oshiro provavelmente era quem coordenava aquilo, já que Kiyomi não conseguia localizar Hidetaka ou Ito, mesmo sabendo que provavelmente o Achikita estava por ali. Oshiro era um idiota musculoso, mas ela apostava que pelo menos dois dos garotos da primeira divisão estavam armados.

— Você tá bem engraçadinha — ele respondeu, soltando uma risada fria e cruel — Não vai pensando que só porque você tem esses seus amiguinhos, você tem alguma chance.

Se Oshiro prevalecesse naquela discussão, Kiyomi sabia que não teria volta, ele a dominaria. Abaixar a guarda perto dele era uma idiotice, então ela usaria seu método de defesa favorito.

— Oshiro, lindinho — Kiyomi disse de forma debochada — Isso tudo é inveja porque esse era o sonho de vocês?

Ele cerrou os olhos, respirando fundo. Oshiro já havia perdido a paciência na primeira frase, mas ele tentava se conter. Aquela era a prova definitiva de que Hidetaka estava por perto.

— Você é realmente uma vagabunda — ele rosnou, cerrando o punho — Há quanto tempo você guarda esse segredinho? Deve ter sido muito divertido nos ver fazendo planos e depois rindo nas nossas costas, não é, sua vaca?!

Kiyomi sorriu de forma cínica, apoiando o cotovelo no balcão e colocando o rosto sobre a mão, deitado de forma que conseguisse o encontrar.

— Desde que eu nasci sabe. Sangue é uma parada que a gente não consegue ignorar — ela respondeu rindo — E sim, foi muito divertido esconder isso de vocês por tantos anos.

Oshiro se levantou e deu um passo na direção de Kiyomi. Pelo canto do olho, ela observou a mesa onde os meninos estavam, porém eles estavam concentrados demais em sua própria conversa para perceber o que ocorria ali. Ela agradeceu.

Pirulito de CerejaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora