Capítulo 20.

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O ar dentro da casa de hospede sufocava Antonella, ela tinha se acostumado a viver em um campo solitário, seus pais não tem outros filhos apesar das tentativas. Sua mãe teve um bebê que acabou por morrer pouco tempo depois de seu nascimento, ela cuida de outras crianças mas não é o mesmo.

Enquanto observava as flores do jardim do palácio ela sentiu saudade de casa, de seus pais e seus amigos. Talvez ela não devesse ter vindo, seu pai já negociava um casamento para ela, poderia ter ficado lá, casado e ter tido filhos para alegrar sua mãe que tanto desejava um bebê.

Sua época na escola havia falado mais alto, ela devia cumprir o seu dever de se inscrever mas não pensou que seria selecionada. Também se lembrou do sonho com sua amiga, ela sim desejava se casar e ter uma família, talvez por que soubesse que não conseguiria.

O vento batia nos  cabelos de Antonella fazendo com eles dançassem suavemente, ela olha as pétalas finas da flor vermelha que estava a sua frente.

— São bonitas, não é mesmo? — Nicolas comentou olhando para flores.

Antonella lentamente levanta seus olhos, era Nicolas. O rei Nicolas que ela viu de tão longe sempre agora do seu lado falando das flores, ela o encarou, ele tinha uma postura incrível. Quando foi puxada de volta a realidade ela se sentiu afobada.

— Majestade — Antonela se curvou nervosamente e quase caiu.

— Fique calma. — Nicolas disse sorriu, ele tinha uma gentileza em sua voz.

— É a primeira vez que vejo o rei de tão perto.

Era estranho mas Antonella tinha muita gratidão por Nicolas e Amélia apesar deles não sabem.

— Sou uma pessoa comum — Antonela começa a rir e Nicolas a olha perdida — Disse algo engraçado?

— Uma vez eu discuti com um garoto e ele me perguntou se o rei era um ET. Desde que vim para a corte ando me lembrando muito da minha vida antiga, deve ser o cheiro. Onde eu moro não tem esse cheiro.

— Que cheiro? —  Nicolas achou um comentário estranho.

— O cheiro do campo de flores, onde eu moro tem cheiro de mar e aqui tem cheiro de flores. —  Antonella responde respirando profundamente. 

— Eu nunca pensei nisso, sobre o cheiro. 

— Fui abandonada quando jovem na beira da estrada, uma criada cuidava de mim e eu frequentava a escola de plebeus.

— Faz tempo? — Nicolas perguntou 

— Há uns 10 anos.

— Achei que sua família tinha posses na província sete.

— Meu pai, ele se casou com essa criada e me adotou como filha. Eu frequentava a escola da rainha onde Henrique dava aula.

— Entendo, tem boas lembranças de lá?

— Eu ia por causa da minha melhor amiga, a filha da casa que eu era criada junto com a minha mãe. E tinha sopa sempre — Ela sorriu — aprendi a ler e sobre as leis do país e o meu dever como súdita leal.

— Se inscreveu nesta escolha por lealdade ao país?

— Pode se dizer que sim, o rapaz quem lembro uma vez me perguntou se rei era um Et, disse que o rei deveria se casar com quem quiser e eu respondi que era dever dele. Quando soube da escolha para futura rainha pensei que o príncipe estaria cumprindo apenas um dever e vendo como ele é distante de todos talvez esteja fazendo isso por obrigada. —  Antonella notou que Eric não ligava tanto para as donzelas da competição nem nada do estilo —  Queria fazer minha parte, não sabia que poderia ser selecionada.

Por alguns instantes Nicolas absorveu tudo que a garota havia falado, pelo visto a moça era uma boa observadora. Talvez fosse por isso que ela era a favorita de Liz.

— Posso lhe fazer uma pergunta? 

—  Sim Majestade.

—  Quem é esse garoto que chamou o rei de ET. Isso é considerado heresia. 

Antonella se deu conta que quem estava ao lado dela era o rei e ela havia repetido as palavras insubordinadas naquele insuportável. 

— Ele estava tentando argumentar, ele era um rapaz metido e petulante. Nem ia todos os dias mais se sentia mais inteligente que todos, sempre tive vontade de bater na cara idiota dele — Nicolas começou a rir, pelo visto ela não havia sido instruída como as outras para se tornar rainha. Era apenas o destino. — desculpa, Majestade, eu não iria bater no menino, apesar dele ser maior que eu e eu dar conta de socar a cara daquele chato do Pedro — Antonella Bufa com ódio.

Quando ela se deu conta que falou para o rei que iria bater alguém a moça esfregou as mãos nervosamente no vestido, ela não estava entre seus amigos da feira estava metendo os pés pelas mãos isso sim.

— Você é a moça do lagoa? — Nicolas pergunta sabendo a resposta. Ela poderia mentir.

— Como você sabe? — As pupilas de Antonela se dilatam, ela se curvou como um pedido de desculpa — Majestade eu não tinha intenção de derrubar o príncipe Eric na água, foi um acidente e eu não bati nele de propósito.

— Bateu no príncipe?

— Não é que... — As palavras fugiram da boca de Antonela. Como ela ia explicar que ele quase a afogou e por isso ela havia dado uns tapas nele contra seu ombro. Não iria bater em alguém da família real, foi o instinto de sobrevivência. 

Os olhos profundo do Rei a observava, eram tão azuis quanto de seu filho. Antonella queria que o chão se abrisse pra que ela pudesse fugir. Uma voz ao fundo acabou fazendo a jovem pensar que sua sauvação havia chegado e ela não apanharia por heresia.

— Aí está você — Amélia disse para Nicolas — Olá Antonela — Amélia sorri para menina.

— Majestade — Antonela se curva a Amélia.

— Vocês se conhecem? — Nicolas pergunta.

— Sim, conversamos uma vez. Ela frequentou a escola de plebeus na época que as minhas dores de cabeça começaram — Amélia sorri para Nicolas, a troca de olhares era suficiente para confirmar a informação que Nicolas tentava tirar discretamente da moça — e a jovem seguiu Eric pensando que ele era um moço chamado Pedro.

— Aquele que você queria socar a cara? — Nicolas perguntou em um tom sério. — Por isso acabou batendo no príncipe.

Amélia arqueou a sobrancelha tentando entender do que se tratava aquela conversa, como essa moça tão pequena havia batido em seu filho? Ela teria subido no ombro de alguém?

— Majestade, não queria exatamente. Eu ando treinando meus modos, mas quando eu fico nervosa eu começo a falar sem parar e isso deixa todos à minha volta agoniados.

— Leva um tempo para se aprender a etiqueta real — Nicolas sorriu — Amélia demorou anos.

— Nicolas — ela repreende seu marido.

— O primeiro dia que você estava aqui você fugiu pela janela. — A voz de Nicolas tinha um tom nostalgico, ele se lembrou daquela cena perfeitamente, sua bela esposa uma jovem assustada em meio a estranhos.

— Eu estava me sentindo sufocada pela corte — Amélia responde, Nicolas colocou seu braço em volta do ombro de Amélia e ambos sorriram um pro outro.

Antonela observa o rei e a rainha conversarem, eles parecem ter o casamento perfeito e estarem apaixonados um por outro a ponto de brigarem. A jovem é despertada pelo grito de sua serva, Maria que estava lhe dando cobertura pela sua fuga.

— Preciso ir, licença — ela se curva e sai correndo.

— Eu gosto dela — Amélia observa a jovem correndo.

— Eu gostei dela também, se a escolha fosse nossa nora — Nicolas sorri.— Acho que Eric não gostaria, como ela bateu nele.

— Eu também gostaria de saber. —  Amélia comentou tentando entender a situação.  — Acho que ela domaria bem o Eric, ela é esperta.

— Nosso filho precisa ser domado, Amélia?

— Eu domei o rei, então — Amélia abraça Nicolas e eles sorriem um para o outro.

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