Capítulo 7

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Eu me contraio. O que nós fizemos foi tão precipitado. Tão estúpido. Ele não somente está casado, como brevemente estará divorciado. Por que será que ele não fez questão de esconder nosso contratempo em Vegas em seu local de trabalho? Será que ele é cuidadoso com tudo?

Dul: Eu não preciso que você mude seu esquema de trabalho enquanto estou aqui. - Ele balança a cabeça de um lado para o outro.

Ucker: Eu só preciso trabalhar neste final de semana. Vai dar tudo certo. Ela vai superar o medo. Acho que ela estava acostumada com o fato de eu estar no escritório sempre que ela queria. - Eu aposto que sim. Franzo minha testa mais profundamente enquanto o observo, e de repente já não estou mais tão doente para sentir uma pequena corrente de ciúme deslizando em meu sangue. Com a luz do sol vinda do teto, iluminando os ângulos agudos de sua mandíbula e suas maçãs do rosto, surpreendo-me de novo com o fato de seu rosto ser tão maravilhoso. Ele continua: – Estou quase resolvendo um caso enorme, e então terei mais flexibilidade no horário. Desculpe-me se não estarei aqui durante todo seu primeiro final de semana. - Deus, isso é tão, tão esquisito. Despeço-me dele, incapaz de dizer alguma coisa além de "Por favor, não se preocupe". Ele tem praticamente só me servido desde que cheguei, e sinto a vergonha e a culpa se juntarem em uma mistura azeda em meu estômago. Pelo que eu saiba, ele já viu o bastante do meu pior para desanimar completamente em relação a esse nosso jogo. Não me surpreenderia se após minha recuperação total ele sugira alguns hotéis que sejam do meu gosto para que eu durma até o final de minha estadia. Que começo horrível para o nosso... o que quer que isso seja.

Já que eventualmente as oportunidades podem se tornar limitadas, quando ele caminha pelo quarto o observo de cima a baixo. Ele é tão alto, magro mas definido. Ternos foram criados exatamente para seu tipo de corpo. Seus cabelos castanho estão bem penteados para longe de seu rosto, e a marca de sol em seu pescoço desaparece abaixo do colarinho de sua camisa. Ele não se parece mais com o rapaz casual e brincalhão que conheci em Vegas.

Ele parece um jovem e baita advogado, e eminentemente mais "transável". Como é possível? Apoio-me em um cotovelo, desejando ter uma lembrança mais vívida de como me senti ao deslizar minha língua por sua nuca e pescoço. Quero me lembrar dele indo à loucura, desesperado, desengonçado e suado, para desfrutar da ideia de saber que a mulher que ele verá hoje somente conhece seu lado mais arrumado e vestido. Sua calça é azul-marinho e sua camisa é branca. Ele fica em pé em frente a um espelho estreito, amarrando uma linda gravata de seda azul e verde:

Ucker: Coma algo hoje, hein? – ele diz, enquanto alisa a camisa e pega um blazer azul pendurado em um cabide no canto do quarto.

Pela primeira vez, sinto-me aquela mulher que fica de joelhos e o traz de volta para a cama, fingindo que sua gravata precisa ser ajustada, como uma desculpa para puxá-lo para baixo dos cobertores. Infelizmente, estou muito fraca para esse plano de sedução. Minhas pernas estão trêmulas quando saio da cama. Não estou muito sexy. Nem um pouco. E antes de ir tomar banho, antes mesmo de me colocar em frente a um espelho e definitivamente de tentar seduzir esse marido/estranho/gostoso com quem gostaria de ficar nua novamente, eu realmente preciso comer alguma coisa. Sinto cheiro de pão, frutas e o doce néctar dos deuses. Não tomo café da manhã há dias. Christopher vem em minha direção de novo e seus olhos passeiam por todo meu rosto e depois meu corpo inteiro, que agora se esconde com uma das camisetas dele até o meio das coxas. Esqueci de colocar pijamas em minha mala, aparentemente. Ele confirma minha suspeita de que estou parecendo morta, quando diz:

Ucker: Há comida na cozinha. - Faço que sim com a cabeça e seguro as lapelas de seu blazer, precisando que fique só mais um pouco. Não conheço ninguém além de Christopher, e mal tive tempo para processar minha decisão de pegar aquele vôo quatro dias atrás. Sou atingida por uma mistura de confusão e pânico.

Rayo RebeldeWhere stories live. Discover now