Capítulo 4

82 7 5
                                    

Imagino que tenha ficado mais surpresa com o fato de que realmente houve um pedido de casamento. Não era só um deslize de uma pessoa bêbada. Lembro-me de ele ter me provocado na noite anterior sobre ir com ele para a França, mas que isso deveria ser discutido e planejado. Pegar um carro, procurar endereços. Assinar papéis, pagar, escolher alianças, e repetir nossos votos de maneira coerente o bastante para convencer alguém de que não estávamos completamente bêbados. Fiquei realmente impressionada com essa última parte. Ele concorda novamente, sorrindo:

Dul: E você disse que sim? - Ele inclina a cabeça, e seus lábios soltam cuidadosamente as palavras:

Ucker: É claro que sim.

Dul: Mas você nem tinha certeza de que queria fazer sexo comigo! - Rapidamente ele começa a balançar a cabeça de um lado para o outro.

Ucker: Você está falando sério? Eu queria transar com você desde a primeira vez que te vi, duas noites atrás. Mas nós estávamos bêbados demais ontem. Eu não queria... – ele olha para longe, ao longo do corredor. – Você foi escrever uma carta porque estava preocupada em esquecer o motivo que a fez me pedir em casamento. E você realmente esqueceu – ele levanta as sobrancelhas e espera que eu confirme seu argumento. Eu concordo. – Mas voltamos ao hotel, e você estava tão linda, e você... – ele dá um suspiro. É tão forte que eu imagino conseguir ver o ar saindo de sua boca.

Dul: Você queria aquilo – ele inclina-se em minha direção, me beija lentamente.

Ucker: Eu queria. - Sinto-me irrequieta, desejando saber como parar de olhar para ele. – Nós transamos, sim, Dulce. Transamos por horas e foi o sexo mais intenso da minha vida. E você ainda não se lembra de todos os detalhes. - Posso não conseguir me lembrar de cada toque, mas meu corpo certamente sim. Posso sentir as pontas de seus dedos tatuadas por toda a minha pele. Elas estão nas marcas visíveis e invisíveis também. O eco de seus dedos na minha boca, arrastando-se pelas minhas pernas e por dentro de mim. Mas por mais irresistíveis que essas memórias sejam, não é sobre isso que eu realmente quero conversar.

Eu quero saber do que ele se lembra dos momentos antes do casamento, antes do sexo, quando eu deixei minha vida em seu colo. Transar com um estranho é esquisito para mim, mas não é algo que eu desconheça por completo. O que é grandioso para mim é o fato de eu ter me aberto tanto. Nunca conversei com o Luke sobre aquelas coisas:

Dul: Aparentemente eu falei muitas coisas para você ontem à noite – eu disse, sugando e dando leves mordidas no meu lábio inferior. Ainda me sinto dolorida, e lembro vagamente de seus dentes e língua e dedos beliscando minha boca. Christopher está calado, mas seus olhos se movem pelo meu rosto como se ele estivesse esperando eu chegar ao mesmo entendimento a que ele chegara horas atrás. – Eu te contei sobre Luke? Sobre minha família? - Ele concorda com a cabeça. – E sobre a minha perna?

Ucker: Eu vi sua perna – ele me lembra, baixinho. É claro que ele viu. Ele deve ter visto a cicatriz que vai do meu quadril até o joelho, e as marcas dos pontos acompanhando o longo corte. – É isso que está te incomodando? Eu ter visto a sua perna? Eu ter te tocado? - Christopher sabe que não é isso. O sorriso que ele esboça com seus lábios me diz que ele sabe o meu segredo e está se gabando. Ele lembra de tudo, incluindo sua conquista única: uma Dulce tagarela.

Dul: Foi o gim, provavelmente.

Ucker: Acho que foi por minha causa.

Dul: Eu estava muito bêbada. Acho que esqueci como é ser tímida. - Seus lábios estão tão próximos que consigo sentir a sombra deles em minha mandíbula.

Ucker: Foi por minha causa, Cerise. Você ainda não gaguejou hoje.

Encosto-me na parede atrás de mim, como se precisasse de espaço. Não estou surpresa somente pelo fato de me tornar tão eloquente quando estou com ele. É o peso intoxicante de sua atenção, a vontade que tenho de sentir seus dedos e sua boca sobre mim. É a dor de cabeça que continua, e a realidade de que estou casada. Não importa o que acontecer, eu preciso lidar com isso, e tudo o que eu quero é voltar para a cama.

Rayo RebeldeWhere stories live. Discover now