Clyvedon Castle

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     Ainda era estranho, Daphne Bridgerton não estar mais sentada na mesa de café da manhã da família e um dos que mais sentia a falta de sua estimada irmã era o primogênito Bridgerton. Anthony sempre foi muito apoiado pela duquesa, afinal após a morte de seu pai e durante as complicações na gravidez de sua mãe, os dois foram os alicerces daquela grande família. Na época, Colin era apenas um jovem imaturo, Benedict era um homem devastado e assustado, Eloise era uma singela menina com medo de perder sua mãe e os três últimos irmãos não tinham ideias concretas sobre os acontecimentos na casa. 

      Para a surpresa de todos, a saudade foi um pouco escondida por uma carta enviada pelo duque de Hastings a lady Violet Bridgerton:

"Excelentíssima Lady Bridgerton,

Com as mais calorosas saudações, dirijo-me a Vossa Senhoria. É com grande honra e prazer que lhe escrevo, na esperança de que esta missiva a encontre em perfeita saúde e prosperidade.Tendo em conta a estima que nutrimos por Vossa Senhoria e vossos ilustres filhos e filhas, é com alegria indescritível que o eu e a duquesa  vos convidamos a passar algumas semanas em nosso castelo. Acreditamos que este convite proporcionará uma oportunidade singular para estreitar os laços familiares, celebrar a união que nos une e partilhar momentos de alegria e convívio. Será uma honra imensa receber Vossa Senhoria, vossos filhos e filhas em nosso castelo, onde os salões ressoam com o eco das eras passadas e os jardins florescem com a beleza que apenas o tempo pode conferir. As semanas que passaremos juntos serão permeadas por festividades, banquetes e entretenimento dignos da realeza, com o intuito de tornar esta estadia verdadeiramente memorável. A nossa corte e serviçais estarão à vossa inteira disposição para garantir que vossas necessidades sejam atendidas com a máxima excelência e cortesia.Por favor, aceite, Excelentíssima Senhora Violet, a expressão da mais alta consideração e estima de minha parte e de Daphne. Estamos ansiosos para a vossa grata presença em nosso castelo e para compartilhar momentos de alegria e convívio familiar. E lamento muito que meu estimado cunhado, Colin, não poderá estar presente devido a sua viagem.Com distinta consideração,Duque de Hastings"


  - Não creio!- Exclamou a senhora Bridgerton- É uma carta de Hastings

- Problemas com nossa irmã, mãe?

- Não, Gregory. O duque e a duquesa nos convidam para passar algumas semanas no castelo de Clyvedon com eles a fim de aproveitarmos um tempo em família! Obviamente iremos aceitar, afinal a agenda de um duque e de uma duquesa é apertadíssima e eles encontrarem tempo para momentos em família é adorável. Anthony, o que acha sobre o convite?

- Faremos o que a senhora desejar, mas acho minimamente estranho um convite tão repentino. Será que foi pedido de Daphne a fim de ter alguma distração em meio a turbulencias no matrimônio?

- Creio que não- a voz cínica de Eloise ecoou enquanto entrava na exuberante e cheia sala de jantar- Pela felicidade inebriante do casal a poucos dias atrás na saída de nosso irmão.

      Lady Violet Bridgerton estava em extase com o convite e preparou todas as malas naquele mesmo dia, afinal não poderiam ir a um castelo com qualquer trapos. Separou roupas chiques, elegantes, porém com um ar de casualidade já que iriam a casa de sua filha. Hyacinth também pulava de animação por finalmente poder ir a um castelo e passar tempo vendo como eram os afazeres de uma duquesa. A mais nova filha Bridgerton torcia por ter um quarto só para ela, grande e com diversas janelas, ah e é claro, que tivesse um grande salão que ela pudesse forçar  Gregory a valsar com a mesma. 

     Na mesma noite, a grande família saiu com seus sete integrantes rumo a longa viagem ao castelo de Clyvedon. Ao adentrarem os portões do majestoso castelo ao crepúsculo vespertino, foram acolhidos com extremo zelo pelo ilustre Duque, que, sem demora, elucidou que Daphne, sua digníssima esposa, encontrava-se a inaugurar uma exposição reverenciando um artista da região, culminando, assim, em seu último dever pelas próximas semanas. Simon convidou a família para entrar, logo apresentando 7 funcionários que pudessem mostrar os quartos de cada um após a longa e cansativa viagem. Em um gesto muito rápido, avisou a dama que acompanharia Violet para que pedisse uma audiência particular com a viscondessa, antes da volta de sua amada. 

       Violet penetrou em um recinto revestido de opulento ouro e nobre madeira, onde um busto esculpido em mármore ornava a entrada. Sobre a escrivaninha de madeira nobre, estava assentado o ilustre duque, com uma bandeja de chá disposta à sua frente. O nobre cavalheiro, levantando-se com a devida cortesia, solicitou, com polidez, que a respeitável sogra tomasse assento, pois buscava conselhos e, lamentavelmente, não contava com a presença materna naquela ocasião. Simon começou a relatar suas inquetações internas:

- Lady Bridgerton, peço sinceras desculpas por lhe incomodar de seu descanso tão merecido a fim de compartilhar minhas inquietações pessoais e matrimoniais com a senhora. Contudo, deve saber que até pouquíssimo tempo atrás eu não desejava procriar por dilemas com meu pai. 

- De fato eu tenho conhecimento sobre isso, porém qual a mudança que ocorreu agora?

- Viver com a sua família. Eu realmente entendendo agora o desejo tão ardente de Daphne por ser mãe, já que teve uma convivência próspera e íntima com a senhora, o seu falecido marido e seus filhos. A proximidade de meus cunhados e a felicidade nítida no semblante de vocês, por mais que hajam dificuldades, são inacreditáveis. Isso, essa convivência, despertou um sentimento de estar dentro de uma família pela primeira vez em meus 29 anos de vida. Mas, eu tenho medo de por ser inexperiente em relações familiares, magoar meus filhos e não ser o que é necessário para Daphne. Daphne merece todo o amor do mundo e merece concretizar o desejo dela da maneira correta e perfeita.

- Vossa Graça...

- Me chame de Simon por favor, senhora.

- Simon, o desejo não é somente da Daphne agora e vocês errarão e acertarão diversas vezes, como eu e Edmund erramos e acertamos. A diferença é só uma você ter coragem, que não é a ausência do medo e sim como você lida com o medo, e escolher amar seus filhos incondicionalmente todos os dias ou você abandonar seus filhos e se deixar tomar pela covardia de assumir seus erros. Vossa Graça seria mais covarde ainda se não tentasse embarcar nessa missão

                                                                O duque de Hastings seria pai.

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