Capítulo 47

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- O-o que você está fazendo aqui? - perguntei surpresa, não acreditando ser ele.

Ele se aproximava cada vez mais, e só parou quando estávamos frente a frente. Tão próximos que eu mesmo com a vista embaçada, podia ver aqueles olhos que eu tanta admirava. Ele tocou na minha bochecha com a palma da sua mão, fazendo um leve carinho.

- O que aconteceu com você Ana? - sua voz demonstrava preocupação. Parece que ele não ouviu a minha pergunta, mas mesmo assim eu me perguntei internamente se ele realmente não tinha se machucado com a paulada que eu tinha dando na sua cabeça.

- Hector... - eu tentei dizer algo, mas como tudo estava girando ao meu redor ficava cada vez mais difícil para eu conseguir dizer o que eu queria.

- Não diz nada agora pequena, eu irei te levar de volta para sua casa, para a curandeira poder cuidar dos seus machucados. - e sem dizer mais nada, ele me deu um leve beijo nos meus lábios e me pegou no colo. No início, acabei ficando assustada com o seu ato, mas logo me tranquilizei no seu abraço.

Ele começou a caminhar na direção que eu acho ser a cabana da Sueli. Durante o caminho, eu me forcei a ficar acordada, para que assim, eu continuasse a sentir a boa sensação de estar nos seus braços. No entanto, com a dor de cabeça e o cansaço por causa das fortes emoções com tudo o que tinha acontecido mais cedo, acabou me fazendo cair em um sono profundo.

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Acordei no meio da noite um pouco desajeitada e confusa. Mas logo eu consegui reconhecer que eu estava no meu quarto, porém, a minha mente estava um pouco nublado e não conseguia me lembrar de imediato como eu cheguei até aqui. Por um momento eu acreditei que tudo o que eu passei foi apenas um sonho, mas o forte cheiro de ervas medicinais que estava no quarto acabou me fazendo perceber que aquilo tudo que aconteceu não foi um sonho.

Toquei na minha testa com os meus dedos, e sinto que uma faixa estava enrolado na minha cabeça. Eu não estava com mais nenhuma dor e tive a certeza que o machucado já estava curado. No entanto, eu estava me sentindo um pouco estranha, era como se eu estivesse esquecendo de algo muito importante.

Mas não demorou muito para que eu finalmente conseguisse me lembrar dele e para que as minhas bochechas corassem. Hector. Será que foi ele que me trouxe até aqui? Eu acredito que sim. Mas eu não consigo entender como ele sabia onde eu estava? Será que isso foi apenas uma coincidência? Na verdade, não era grande coisa, eu gostei muito com ele se preocupando comigo e me ajudando.

Talvez, ele seja o único a me transmitir tanta segurança. Eu acho que estou gostando dele cada vez mais. Porém, há algo que ainda me perturbava, no dia do baile as pessoas o tratavam com respeito, onde ele mostrava ser bastante importante para toda a alcateia. Eles também o chamavam de soberano alpha, eu não sei direito o significado disso, mas deve ser que ele é como rei ou superior de todos os lobisomens. E tudo isso estava me deixando insegura. Por que alguém tão importante como ele, protegeria e gostaria de alguém como eu, uma garota comum e sem graça?

Balancei a minha cabeça para poder tirar essas ideias bobas na minha mente. O que eu realmente não consigo esquecer é sobre a descoberta de eu ter uma família. Um pai de verdade. E isso me faz senti medo, medo que tudo pode ser apenas um engano. Como ele poderia ser uma boa pessoa, sendo que poderia ter abandonado a sua própria filha?

Na minha mente, havia tantas dúvidas, eu não sabia mais o que eu deveria fazer. Sem respostas, levantei lentamente da cama e fui na direção do banheiro. Lá dentro comecei a retirar a faixa que estava na minha cabeça, no final não havia nem sequer uma cicatriz. Eu fiz a minha higiene e tomei um banho bem demorado. Depois disso eu saí de lá e fui para o guarda-roupa e peguei a primeira roupa que eu vi e me vesti. Após pentear o meu cabelo eu fui ate a janela do quarto e fiquei vendo o céu clarear pelos com os primeiros raios de sol.

Minha LobaWhere stories live. Discover now