Capítulo 28 - O novo acordo

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Hunter saiu do elevador e passou o cartão magnético na porta. Entrou na suíte double e se perguntou com quem Aurora estaria dividindo o quarto. Não teve muito tempo de pensar, porque ouviu uma porta ser aberta e Aurora sair de lá, um tanto desalinhada.

— Você demorou, está perdendo o ritmo... Eita... Posso ajudar? — ela perguntou endireitando a postura.

— Surpresa em me ver? — Hunter perguntou com um meio sorriso de deboche.

— O que você está fazendo aqui?

— Duas coisas. Vim ver o que está fazendo e a segunda, claro, terminar nossa conversa.

— Desculpa, mas não acho que seja apropriado. Podemos conversar depois? Estou... ocupada.

Hunter percebeu que Aurora estava no mínimo estranha. Parecia mais abatida e sua voz mais suave.

— Já tomou café da manhã? — ele perguntou enquanto a analisava. — Podemos conversar enquanto comemos.

Aurora ficou vermelha, mas assentiu.

— Tudo bem, me dê apenas cinco minutos.

Ela entrou no quarto e fechou a porta. Hunter estranhou a timidez, seria porque ela queria reatar o noivado ou por que estava escondendo algo? Segundo suas fontes, o quarto estava no nome de Megan Smith e apenas Aurora foi vista entrando então ela estava apenas com a irmã. Não havia nada a esconder, certo?

Ainda assim ele sentiu que havia algo muito estranho no ar. Quando Aurora finalmente saiu do quarto, com o cabelo preso em um rabo de cavalo e roupas informais, Hunter se perguntou o que raios estava acontecendo, mas não falou nada.

Quando chegaram no restaurante do hotel, ele pediu um café da manhã completo.

— Não deve tomar suco de abacaxi, vai te fazer mal — Aurora falou quando o viu servir um copo do suco.

— Estou surpreso de que se preocupe com minha saúde, Aurora, mas o suco não é para mim — ele colocou o copo na frente dela.

— Oh, eu também não posso tomar, é muito ácido — ela reclamou.

Hunter não se importou. Serviu dois copos de leite e pegou um pão para passar geleia.

— Então, o que faz aqui? — ele perguntou casualmente. — Pensei que estivesse a casa do seu pai.

— Eu... tinha um negócio a resolver — Aurora respondeu em tom mais baixo do que o normal.

Aquela reação era no mínimo estranha para Hunter. Desde quando Aurora baixava o tom de voz e não o encarava como inimigo? Seria essa atitude por causa do acordo?

Pensando nisso, passou geleia no pão e colocou uma fatia no prato de Aurora que encarou o alimento como se fosse o inimigo.

— Não vai comer? — ele perguntou, arqueando a sobrancelha.

— Estou um pouco enjoada. Comi sushi ontem e não acordei muito bem... Alguma coisa errada?

— Não sei. Você está estranha, parece nervosa. Há algo errado?

Aurora desviou o olhar e não respondeu.

— Aurora. — Hunter chamou novamente quando a viu ficar um pouco pálida. — Você está bem?

— Eu já volto!

Aurora saiu correndo em direção ao banheiro. Hunter a observou confuso. O que diabos estava acontecendo? Ele ponderou ir atrás dela, mas decidiu esperar. Não muito tempo depois ela retornou com a pele mais corada que antes.

— Tudo bem? — ele perguntou arqueando a sobrancelha.

— Foi só a lagosta — Aurora reclamou. Não se preocupe.

Hunter se perguntou se ela havia comido lagosta e sushi na mesma noite, no entanto, a observou comer a fatia de pão com geleia e beber o suco, e estranhou.

— Aurora, você está bem?

— Na verdade, não muito, mas vou melhorar. E você, o que faz mesmo aqui?

— Vim para conversarmos sobre... você sabe.

Hunter bebeu um gole de café enquanto observava Aurora com desconfiança.

— Você leu o contrato? — Aurora perguntou. — Consegue entender por que não posso abrir mão do nosso casamento e de um filho seu?

— Fala como se ficar comigo fosse a pior coisa que te aconteceu.

— Você está enganado. Eu me apaixonar foi a pior coisa que aconteceu.

Hunter a observou por alguns segundos. Aquela, sim, era a Aurora que ele conhecia e a que ele aprendeu a gostar.

— Eu te entendo, Aurora, mas não posso me casar com você.

— É por causa do motivo da sua viagem, não é? — Aurora olhou em seus olhos e viu o brilho neles. — Está apaixonado por alguém, é isso?

— Eu não sei dizer — Hunter foi sincero.

— Eu não me importo — Aurora respondeu. São apenas dois anos, peça a ela para esperar, diga que não teremos nada, faça o que quiser, mas você precisa se casar comigo.

— Não quero viver num casamento sem amor.

Aurora paralisou. O que ela poderia fazer diante de tal declaração?

— E se eu te amasse o suficiente por nós dois? Se eu fosse a esposa perfeita, dentro e fora de casa? Consideraria?

— Ainda estaria considerando me deixar ao fim de dois anos — Hunter respondeu, sério. — Nesse caso seu amor seria um fingimento.

— Eu assino um acordo no qual só você pode pedir o divórcio. É isso o que quer?

— Você infernizaria nosso lar e a saúde mental do nosso filho para conseguir que eu pedisse o divórcio.

Aurora estava perdendo as esperanças. Não sabia mais o que dizer para convencê-lo. Ela fechou os olhos e sentiu uma lágrima rolar pelo seu rosto.

— Aurora.

— Peça! — ela disse, desesperada. — O que você quiser, eu lhe darei, Hunter. Apenas peça e será seu se reatar o nosso noivado.

Hunter ficou sem reação. Aurora estava se sacrificando pela irmã? Ele não tinha interesse em Meg, mesmo que o contrato de seu pai dissesse que tinha que casar com ela.

— Você não me ama, Aurora. Como poderia deitar ao meu lado todas as noites enquanto pensa que eu sou o homem que destruiu todos os seus sonhos? — ele perguntou gentilmente enquanto enxugava as lágrimas dela.

— Eu posso aprender seus gostos, suas preferências...

— Mesmo? Não enjoará de mim? O que vai fazer quando eu chegar em casa estressado depois de um dia exaustivo no trabalho e querer sexo? — Ele se aproximou do ouvido dela. — Gostaria de saber como eu gosto do sexo, Aurora?

Aurora tremeu sob a aproximação dele, seu corpo pedindo repentinamente para recuar.

— Eu posso apre-en-der — ela gaguejou enquanto se forçava a ficar parada.

Hunter então se afastou, observando-a, decepcionado.

— Muito bem. Se você quer aprender, estou disposto a te ensinar — ele acenou para o garçom e pediu a conta. — Eu a acompanho até o quarto.

Aurora ficou momentaneamente pálida. Não esperava que ele fosse querer sexo imediatamente. Ela precisava urgentemente tirar Hunter do hotel e não deixá-lo encontrar Meg.

— Vou apenas te acompanhar, Aurora. Não vou sequer entrar, ok? — ele disse, chateado. — Não precisa ficar com medo. Não se preocupe, aliás, provavelmente só nos veremos no dia do nosso casamento. Até lá, considere-se livre para fazer o que quiser, é meu presente de despedida de solteiro para você.

Aurora não esperava por essa explosão dele. Ficou vermelha de raiva e vergonha, mas obrigou-se a ficar calada até a hora de entrar no quarto, onde ele apenas acenou para ela entrar e saiu sem se despedir.

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