Hunter saiu do elevador e passou o cartão magnético na porta. Entrou na suíte double e se perguntou com quem Aurora estaria dividindo o quarto. Não teve muito tempo de pensar, porque ouviu uma porta ser aberta e Aurora sair de lá, um tanto desalinhada.
— Você demorou, está perdendo o ritmo... Eita... Posso ajudar? — ela perguntou endireitando a postura.
— Surpresa em me ver? — Hunter perguntou com um meio sorriso de deboche.
— O que você está fazendo aqui?
— Duas coisas. Vim ver o que está fazendo e a segunda, claro, terminar nossa conversa.
— Desculpa, mas não acho que seja apropriado. Podemos conversar depois? Estou... ocupada.
Hunter percebeu que Aurora estava no mínimo estranha. Parecia mais abatida e sua voz mais suave.
— Já tomou café da manhã? — ele perguntou enquanto a analisava. — Podemos conversar enquanto comemos.
Aurora ficou vermelha, mas assentiu.
— Tudo bem, me dê apenas cinco minutos.
Ela entrou no quarto e fechou a porta. Hunter estranhou a timidez, seria porque ela queria reatar o noivado ou por que estava escondendo algo? Segundo suas fontes, o quarto estava no nome de Megan Smith e apenas Aurora foi vista entrando então ela estava apenas com a irmã. Não havia nada a esconder, certo?
Ainda assim ele sentiu que havia algo muito estranho no ar. Quando Aurora finalmente saiu do quarto, com o cabelo preso em um rabo de cavalo e roupas informais, Hunter se perguntou o que raios estava acontecendo, mas não falou nada.
Quando chegaram no restaurante do hotel, ele pediu um café da manhã completo.
— Não deve tomar suco de abacaxi, vai te fazer mal — Aurora falou quando o viu servir um copo do suco.
— Estou surpreso de que se preocupe com minha saúde, Aurora, mas o suco não é para mim — ele colocou o copo na frente dela.
— Oh, eu também não posso tomar, é muito ácido — ela reclamou.
Hunter não se importou. Serviu dois copos de leite e pegou um pão para passar geleia.
— Então, o que faz aqui? — ele perguntou casualmente. — Pensei que estivesse a casa do seu pai.
— Eu... tinha um negócio a resolver — Aurora respondeu em tom mais baixo do que o normal.
Aquela reação era no mínimo estranha para Hunter. Desde quando Aurora baixava o tom de voz e não o encarava como inimigo? Seria essa atitude por causa do acordo?
Pensando nisso, passou geleia no pão e colocou uma fatia no prato de Aurora que encarou o alimento como se fosse o inimigo.
— Não vai comer? — ele perguntou, arqueando a sobrancelha.
— Estou um pouco enjoada. Comi sushi ontem e não acordei muito bem... Alguma coisa errada?
— Não sei. Você está estranha, parece nervosa. Há algo errado?
Aurora desviou o olhar e não respondeu.
— Aurora. — Hunter chamou novamente quando a viu ficar um pouco pálida. — Você está bem?
— Eu já volto!
Aurora saiu correndo em direção ao banheiro. Hunter a observou confuso. O que diabos estava acontecendo? Ele ponderou ir atrás dela, mas decidiu esperar. Não muito tempo depois ela retornou com a pele mais corada que antes.
— Tudo bem? — ele perguntou arqueando a sobrancelha.
— Foi só a lagosta — Aurora reclamou. Não se preocupe.
Hunter se perguntou se ela havia comido lagosta e sushi na mesma noite, no entanto, a observou comer a fatia de pão com geleia e beber o suco, e estranhou.
— Aurora, você está bem?
— Na verdade, não muito, mas vou melhorar. E você, o que faz mesmo aqui?
— Vim para conversarmos sobre... você sabe.
Hunter bebeu um gole de café enquanto observava Aurora com desconfiança.
— Você leu o contrato? — Aurora perguntou. — Consegue entender por que não posso abrir mão do nosso casamento e de um filho seu?
— Fala como se ficar comigo fosse a pior coisa que te aconteceu.
— Você está enganado. Eu me apaixonar foi a pior coisa que aconteceu.
Hunter a observou por alguns segundos. Aquela, sim, era a Aurora que ele conhecia e a que ele aprendeu a gostar.
— Eu te entendo, Aurora, mas não posso me casar com você.
— É por causa do motivo da sua viagem, não é? — Aurora olhou em seus olhos e viu o brilho neles. — Está apaixonado por alguém, é isso?
— Eu não sei dizer — Hunter foi sincero.
— Eu não me importo — Aurora respondeu. São apenas dois anos, peça a ela para esperar, diga que não teremos nada, faça o que quiser, mas você precisa se casar comigo.
— Não quero viver num casamento sem amor.
Aurora paralisou. O que ela poderia fazer diante de tal declaração?
— E se eu te amasse o suficiente por nós dois? Se eu fosse a esposa perfeita, dentro e fora de casa? Consideraria?
— Ainda estaria considerando me deixar ao fim de dois anos — Hunter respondeu, sério. — Nesse caso seu amor seria um fingimento.
— Eu assino um acordo no qual só você pode pedir o divórcio. É isso o que quer?
— Você infernizaria nosso lar e a saúde mental do nosso filho para conseguir que eu pedisse o divórcio.
Aurora estava perdendo as esperanças. Não sabia mais o que dizer para convencê-lo. Ela fechou os olhos e sentiu uma lágrima rolar pelo seu rosto.
— Aurora.
— Peça! — ela disse, desesperada. — O que você quiser, eu lhe darei, Hunter. Apenas peça e será seu se reatar o nosso noivado.
Hunter ficou sem reação. Aurora estava se sacrificando pela irmã? Ele não tinha interesse em Meg, mesmo que o contrato de seu pai dissesse que tinha que casar com ela.
— Você não me ama, Aurora. Como poderia deitar ao meu lado todas as noites enquanto pensa que eu sou o homem que destruiu todos os seus sonhos? — ele perguntou gentilmente enquanto enxugava as lágrimas dela.
— Eu posso aprender seus gostos, suas preferências...
— Mesmo? Não enjoará de mim? O que vai fazer quando eu chegar em casa estressado depois de um dia exaustivo no trabalho e querer sexo? — Ele se aproximou do ouvido dela. — Gostaria de saber como eu gosto do sexo, Aurora?
Aurora tremeu sob a aproximação dele, seu corpo pedindo repentinamente para recuar.
— Eu posso apre-en-der — ela gaguejou enquanto se forçava a ficar parada.
Hunter então se afastou, observando-a, decepcionado.
— Muito bem. Se você quer aprender, estou disposto a te ensinar — ele acenou para o garçom e pediu a conta. — Eu a acompanho até o quarto.
Aurora ficou momentaneamente pálida. Não esperava que ele fosse querer sexo imediatamente. Ela precisava urgentemente tirar Hunter do hotel e não deixá-lo encontrar Meg.
— Vou apenas te acompanhar, Aurora. Não vou sequer entrar, ok? — ele disse, chateado. — Não precisa ficar com medo. Não se preocupe, aliás, provavelmente só nos veremos no dia do nosso casamento. Até lá, considere-se livre para fazer o que quiser, é meu presente de despedida de solteiro para você.
Aurora não esperava por essa explosão dele. Ficou vermelha de raiva e vergonha, mas obrigou-se a ficar calada até a hora de entrar no quarto, onde ele apenas acenou para ela entrar e saiu sem se despedir.
ΔΙΑΒΑΖΕΙΣ
Contrato duplo
ΡομαντικήAurora assina um contrato de casamento sem saber ao ganhar um carro de luxo de presente. Sem alternativa, ela foge de seu noivo para tentar viver sua vida sem barreiras e com seu verdadeiro amor. Hunter precisa se casar para gerar um herdeiro, mas q...