Capítulo 37 - Agulhas e farpas

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James entrou no quarto, onde Aurora brigava com a mangueira do soro, jogando-a fora. O loiro a observou arrancar tudo com força e se encolher com a dor depois.

— Não deveria fazer isso sozinha — ele pegou um algodão e colocou sobre o furo que sangrava. — Existem profissionais na saúde por um motivo específico. Vai ficar hematomas e eu serei o culpado.

— Eu pensei que estaria aqui por aparências — Aurora resmungou, irritada. — Não estava nos meus planos ser espetada de verdade. Muito menos, ser tratada como doente.

— Não estou entendendo nada, Aurora. Hunter mandou medicar você? Por que ele faria isso?

— Não Hunter, mas aquele... — Aurora estava prestes a soltar um palavrão quando foi interrompida.

— Onde está minha paciente preferida? — Matt adentrou o quarto, sorrindo. Olhou de Aurora para James e percebeu a tensão, mas falou, para quebrar o gelo, enquanto estendia a mão para James: — olha só quem está aqui, o outro padrinho.

— Por que ela estava com soro? — James perguntou, ignorando a mão estendida.

— Porque estava com álcool no sangue, claro, e se eu posso ajudar com um pouco de glicose, por que não? Seu patrão é médico, tenho certeza que vai agradecer a gentileza — Matt piscou para James, provocando-o.

James não respondeu, mas sentiu a indireta. Era evidente que não gostava nada de Matt, mas era grato por ele cuidar de Aurora quando ele não podia e por esse motivo, apenas o ignorou novamente.

— Hunter está te procurando — ele falou para a jovem.

Matt piscou para Aurora e fez um sinal de "me liga" para ela antes de sair. James não viu porque estava de costas para o homem.

— Vamos embora.

Aurora o seguiu, ocasionalmente resmungando pelos corredores. Encontraram Hunter na saída do hospital, suas costas estavam eretas, o cenho franzido e a mandíbula apertada. Evidentemente, estava de mal-humor.

— Onde diabos vocês estavam? Por que não responderam minhas mensagens? — A voz de Hunter estava grave e ríspida.

James olhou para Aurora, que coçou o braço, e coçou a nuca.

— Desculpa, cara. Meu telefone estava no silencioso  — ele murmurou, enquanto pegava o celular.

Os olhos de Aurora reviraram com impaciência, e ela bufou:

— Eu quero sair daqui, vamos embora logo, por favor.

Hunter estendeu a mão para ela, mas seu gesto foi interrompido por um grunhido de dor vindo da jovem, que afastou o braço imediatamente.

— O que aconteceu? — ele perguntou, alarmado, as lembranças de momentos antes invadindo sua mente.

Ela hesitou por um momento, então falou a verdade.

— Encontrei um amigo no corredor. Ele me ajudou com um soro. Eu não gosto muito do ambiente hospitalar, podemos ir?

— Está tudo bem, nós vamos embora daqui. — A voz de Hunter era suave, mas firme. — Venha! — Ele levantou o braço, um convite para abraçá-la.

Aurora soltou um suspiro de alívio e, o abraçando, sentiu sua cintura ser protegida .Com um gesto calculado, ela depositou um beijo leve no rosto de Hunter, que sorriu. Então, olhou para James, que observava seus movimentos e deu uma leve pescadinha para ele, junto com um sorrisinho de vitória.

— Vamos para casa, estou meio sonolenta — Aurora encostou a cabeça no peito do marido e disse manhosa.

Hunter a apoiou em seus braços e juntos eles saíram do hospital. O crepúsculo caía sobre a cidade, tingindo o céu com tons de laranja e rosa enquanto o carro cortava o asfalto. Aurora, exausta, se recostou no banco de trás e, vencida pelo cansaço, adormeceu rapidamente.

Quando finalmente chegaram em casa, Hunter hesitou em acordá-la. Com cuidado, ele a ergueu nos braços. James abriu a porta, e para surpresa dos dois, Anthony ainda estava na sala de visitas.

Ignorando a presença inesperada, Hunter levou Aurora para o quarto. No entanto, sem saber o que Anthony estava fazendo ali, ele a colocou na cama de seu quarto, mesmo sabendo que Aurora ficaria muito brava depois.

Ao sair, o homem deparou-se com o pai, parado à porta. Passado o susto, a raiva se apossou dele, por ter sua privacidade em sua própria casa, ou melhor, seu próprio quarto, invadida, então perguntou com rispidez:

— O que você ainda está fazendo aqui? Quem te deu permissão para vir atrás de mim no meu quarto?

— Não estou gostando de vê-la tão fragilizada, Hunter. Eu fiz uma promessa a Leonard e espero que você seja capaz de cumpri-la — Anthony respondeu com a voz firme, encarando os olhos do filho.

Hunter franziu o cenho, irritado com as acusações ocultas de seu pai. Uma veia em sua testa ficou saliente e ele disse, com o a voz elevada, embora o tom tenha permanecido baixo:

— Aurora é minha responsabilidade e estou fazendo o que é certo. Não se meta, não vai gostar das consequências.

— Ela ainda é uma pessoa especial para mim, não aceitarei que a trate como um objeto — Anthony se aproximou um passo, elevando o tom da voz. — Ter se casado com ela não dá a você o direito de matá-la aos poucos. O que diabos foi o que eu vi hoje de manhã? E por que ela chegou adormecida em seus braços? O que pensa que está fazendo, Hunter? Ela é sua esposa, seu idiota!

Hunter riu ironicamente, seu olhar cortando em direção ao quarto onde Aurora descansava. Ele fechou a porta com um movimento rápido e voltou-se para o pai, ainda mais irritado. Seus olhos haviam dilatado, as veias de seu braço estavam altas e seu sangue agitado em todo seu corpo.

— Então, o que você realmente quer, pai? Não acredito que considere tanto assim a sua nora, afinal foi você quem a obrigou se casar comigo, seu filho monstro, não é? Não pode me dizer o que fazer ou não com minha mulher, afinal, se estou preso apenas a ela por causa de um contrato que você adulterou, tenho que aproveitar, não?

Anthony olhou nos olhos do filho, sua expressão revelando que sentiu o impacto com as afirmações de Hunter.

— Aurora está grávida?

Hunter deu um pequeno sorriso frio e inclinou levemente a cabeça para um lado, num movimento calculado, antes de responder.

— Se ela estiver grávida, você saberá quando receber o convite para o chá revelação. Agora, por favor, vá embora e não retorne a essa casa sem ser convidado, ainda tenho coisas a fazer, e preciso aproveitar enquanto minha adorável e sensível esposa está adormecida. Aliás, Aurora, assim como eu, repudia a sua presença, pois sempre que te vê, ela se lembra de como a obrigou a casar-se com o monstro que eu sou, então sugiro que a esqueça para seu próprio bem e para o dela também.

Anthony cerrou os punhos. Sentiu pena da jovem deitada na cama, mas Hunter tinha razão, ele a entregou, e por enquanto, ela era responsabilidade do seu filho.

— Eu serei o primeiro cobrar a sua dívida, filho. Não se esqueça disso. E a cobrarei com juros.

Anthony saiu irritado. Hunter também cerrou os punhos, mas respirou fundo, então foi para o quarto de hóspedes, onde quebrou o espelho com um murro. Quando o sangue desceu em seu braço, ele sabia que precisava descontar sua raiva em qualquer coisa, pois não queria que Autora o visse perturbado ou sob pressão, principalmente porque agora seus país estariam vigiando-os ainda mais de perto.

Contrato duploOù les histoires vivent. Découvrez maintenant