Fuga

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Aurora acordou com a cabeça doendo. Olhou o ambiente e viu que havia conseguido, estava fora da casa de Hunter. Agora tudo o que precisava era se recuperar da leve tontura que ainda sentia e colocar a segunda parte do seu plano para funcionar.

Ao olhar para o lado, viu James cochilando. Seria muito fácil sair dali sem que ele percebesse, mas… ainda não estava preparada, devia esperar o momento certo.

Não demorou muito e uma enfermeira entrou, mexendo no soro. James acordou naquele momento e ficou em estado de alerta, mas ao ver a funcionária jogar o pacote hospitalar no lixo e sair, acalmou-se de novo.

— Como você está? — ele perguntou assim que ficaram sozinhos.

— Viva. — Aurora respondeu sem humor. — Acho que devo lhe agradecer por isso, obrigada.

— Você fez de propósito. — James afirmou. — Não minta, eu vi a pasta no seu quarto.

— Claro —, Aurora sorriu. — E eu a comprei pessoalmente.

— Você pode não ter pego sozinha, mas se aproveitou da oportunidade. — James estava realmente zangado com ela. — É tão ruim assim? A ponto de querer acabar com sua vida? Já pensou em como me senti pensando o que aconteceria se eu não conseguisse chegar a tempo? Ou como Meg iria reagir se descobrisse que sua adorada irmã está morta?

— Não mencione Meg! — Aurora gritou. — Você não tem esse direito. Ela é pura e viva... e você... não passa de um monstro assim como ele! Deveria ter me deixado morrer, James! Assim eu não sofreria mais todas às vezes que olho para você, dividida entre te amar e te odiar.

Aurora se levantou, enxugando as lágrimas e foi ao banheiro.

— Aurora! Não tranque a porta... droga!

Aurora enxugou as lágrimas que derramava e lavou o rosto na pia.
Ela sabia que havia magoado James, mas era necessário para poder dar continuidade ao seu plano.

Ela não falou mais com James. Ele a observava como um gavião, como alguém que sabia que a namorada estava aprontando e tentando cumprir com a ordem dada, ignorou até mesmo suas necessidades fisiológicas em prol do seu trabalho.
  
No entanto, a hora do jantar chegou e foi servido sopa para a paciente, o que, embora Aurora não gostasse nem um pouco, achou muito conveniente, pois derramou de propósito um bocado na própria roupa.

— Ah, droga!

James pulou da cadeira onde estava e a ajudou imediatamente a tirar a camisola de hospital.

— Vou molhar para você, fique aí!

James entrou no banheiro, mas quando ligou a torneira ouviu o clic da fechadura da porta.

— Aurora?

Mas Aurora não respondeu. Antes, foi até a lixeira e pegou a chave que estava no pacote hospitalar que a enfermeira havia jogado ali. Pelo modelo parecia ser de um Chevrolet antigo, mas não importava, desde que estivesse abastecido e em perfeitas condições de correr.

Ao ouvir James chamando e tentando derrubar a porta, Aurora se apressou para vestir suas roupas e saiu do quarto, mas este ela esqueceu de trancar.

Andou apressadamente pelos corredores e chegou próximo ao elevador, de onde viu três homens sair e imediatamente recuou, abrindo a porta que dava para as escadas e começou a correr.

O palpite de que aqueles homens estavam ali atrás dela estava certo, porque não demorou muito e ela escutou passos pesados e apressados correndo atrás dela nas escadas.

Aurora descia o mais rápido que podia, mas tinha medo de perder o equilíbrio. Sua coordenação motora não estava muito boa e os remédios  ainda faziam efeito, deixando-a mais desatenta do que o normal.

Antes de terminar a descida, ela se viu obrigada a entrar no hospital de volta porque escutou passos subindo as escadas e pensou que poderia ser alguém relacionado aos homens de Hunter.

Quando se situou, ouviu barulhos na escadaria e correu mais um pouco. Não conhecia aquele hospital, de modo que encontrar a garagem ainda estando no segundo andar seria de certa forma mais difícil do que parecia.

Aurora estava começando a ficar desesperada e cansada. Sua corrida agora era lenta, seu cansaço evidente. Estava ficando sem esperanças quando se deparou com uma sala de almoxarifado.

Ao entrar, pegou uma roupa estéril e vestiu. Colocou luvas e máscara.

— Aqui está você! Ande, tem paciente chegando. Se o doutor Mark nos ver chegarmos atrasadas, levaremos uma bronca!

— Na verdade, eu tenho um chamado na garagem — Aurora mentiu com veemência. — É uma chamada especial.

— Ah, sim, então vá logo!

— Na verdade, acho que já estou atrasada. Sabe como chego lá mais rápido?

— Use o elevador do Staff, claro. Se é um paciente especial, com certeza subirá por lá.

Aurora agradeceu e saiu na direção que a moça apontou. Ela ficou um tanto receosa em usar tal elevador, pensou que talvez pudesse haver mais homens de Hunter caçando-a ou mesmo o próprio noivo entrar nele...

No entanto, era certo que aquela era a forma mais rápida de chegar à garagem e pegar qualquer que fosse o carro antigo que estivesse ali. Ela pegou o elevador vazio, por pura sorte.

Logo estava na garagem. Mais um pouco e estaria fora daquele hospital de vez e talvez fora do país em poucas horas.
Aurora chegou ao carro com sucesso. Entrou e o ligou, escutando o ronco estrondoso do motor. Ela não tinha muito tempo, então arrancou e saiu do estacionamento com rapidez e eficiência. Rodou alguns quilômetros e somente quando já estava na rodovia notou que estava sendo seguida.

— Droga!

Aurora acelerou. O motor roncou alto, mas não a decepcionou. O carro que a seguia foi ficando para trás com êxito e logo ela estava perto do aeroporto. Pegou a mala que estava no bagageiro do carro e os documentos que estavam no porta-luvas.

— Diana Wilson. Não está tão ruim.

Ela abandonou o carro em um estacionamento próximo ao aeroporto e pegou um táxi, pagando com parte do dinheiro que estava com os documentos.

Contrato duploWhere stories live. Discover now