-Se querem realmente me ajudar, vão embora!

-Tudo bem, Luiza, a gente vai, mas se cuida e cuida desse corte mais tarde, temos que trabalhar. - Gregory fala; ouço passos e a porta se fechando de novo.

-O que aconteceu? - Fernando esperou todos saírem para falar.

-Nada!

-Se não aconteceu nada, por que o quarto tá essa bagunça?

-Porque eu deveria confiar em você? - Me viro para trás, o olhando.

-Já conversamos sobre isso!

-Você alguma vez cogitou me deixar sair dessa casa? - Pergunto, e ele não fala nada. - Imaginei.

-Pode ir. Você cumpriu sua parte, não foi? Vá! - Vejo seu maxilar travar, o que indica que está com raiva, muito raiva.

-Sério?

-Sim! - Ele chega perto, me fazendo recuar um passo.

-Ótimo. - Digo e me viro para a janela, evitando contato.

-Quando terminar sua vingança, vou matar você! - Ele fala, e sinto sua respiração no meu pescoço.

-Porque? - Pergunto, visivelmente afetada.

-Você sabe demais, mas vou deixar você escolher como quer morrer. - Sinto minha vista embaçar com as lágrimas que me recuso a deixar cair.

-Ok, agora saia, quero arrumar minhas coisas. - Não quero nunca mais olhar na cara do Fernando.

Escuto seus passos se afastando e a porta sendo fechada, e só assim me permito desabar.

Depois de alguns minutos saio do quarto correndo indo para os fundos, onde ficavam várias árvores. Agradeço por não ter encontrado ninguém.

Olho para o céu, que estava lindo, mas infelizmente não consigo apreciar sua beleza hoje e me sento na grama.

-É pai, vamos nos encontrar mais cedo do que parece. Eu prometi a você que iria quando sentisse que meu propósito tinha sido cumprido, e acho que a última coisa que irei fazer será vingar você. - Sinto as lágrimas rolarem desesperadamente.

-Desculpa pai, eu só faço merda; queria um abraço seu para me confortar. Você é meu herói, pode até não saber, mas é. Hoje sei que é tarde para me arrepender de não ter te abraçado mais, não ter te falado que te amava mais, mas sabe pai, sinto uma pontinha de felicidade em saber que logo te encontrarei. - Sorrio triste.

-Acho que esse sempre foi o meu destino. Agora eu entendo o porquê você dizia "O tempo é curto e o mundo cruel"; eles realmente são.- As lágrimas voltam.

Pode parecer loucura, mas não estou só falando com o céu, estou falando com algo além dele, além de mim. Mesmo que nunca recebesse uma resposta, eu me sentia leve. Conversar com o "céu" era meu refúgio da dor que o mundo real me trazia.

Talvez eu ainda tivesse esperança de que um dia viria uma resposta de lá. Desde a partida repentina do meu pai, esse era o meu abrigo.

Fugia de casa apenas para olhar para cima e conversar. Falava como tinha sido o meu dia, falava o que me animava e desanimava, mas principalmente o quanto eu sentia falta dele meu amado pai.

Eu nunca superei a morte do meu pai; eu aprendi a lidar com ela e, acredite, ainda dói. É uma ferida que nunca cicatriza.

Às vezes, eu esqueço de tudo, mas quase sempre, no silêncio da noite, tudo volta. A noite já foi bela, mas hoje eu a temo.

Lembro quando escrevia o que sentia em forma de poesia. Era incrível, me sentia leve e ao mesmo tempo livre. Não seguia regra nenhuma, apenas o que meu coração mandava.

Decido recitar meu poema favorito que eu escrevi.

-A falta é como brisa, fria e cortante,
Te amo, pai, em cada suspiro hesitante.
Na dança dos dias, a tua ausência persiste,
Minha alma implora, numa melodia triste.
Sinto tua falta, como estrelas distantes,
Te amo, pai, nas lembranças vibrantes.
Minha alma, cativa, busca teu calor,
No eco do silêncio, murmura teu amor.
No palco da vida, teu lugar permanece,
Te amo, pai, em cada memória que enaltece.
Minha alma, como poema, tua falta narra,
No eterno "te amo", minha essência se ampara. -Escrevi no banheiro da escola enquanto chorava, querendo que tudo o que sentia acabasse.

Olho para o céu com dificuldade; meus olhos estão totalmente embaçados pelas lágrimas.

-Finalmente vou te encontrar, pai.

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Pode conter erros ortográficos.

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