About Selfish

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Querido Egoísta,

Em nossa história, há sempre uma sinfonia de despedida. Todos os momentos, todas as brigas, todas as lágrimas nos levaram ao fim. Hoje, em um passo distante de nós, nossas sombras dançam nas lembranças, tomando os lugares que um dia já foram de nossos corpos.

A promessa que selávamos com juras de amor, agora é desfeita pelo frio sopro do seu egoísmo. Maldito egoísta, fizera-me entregar meu corpo e alma para a dança dessa paixão, mas você, como um bailarino inconstante, trocara o compasso de nossas vidas por passos solitários. Escrevestes suas próprias partituras, resumindo ao nada nossa melodia única.

Como em um conto de fadas, você matou dragões para subir ao topo da torre, me deixando no chão, pronto para vê-lo voar. Ilusoriamente, suas florestas verdes me viam como o dragão, quando, em toda a história, em fora o príncipe à espera de minha dama.

Maldito egoísta, você voou com suas próprias asas. Você destruiu muralhas ao nosso redor e a construiu entre nossos corpos. Despediu-se da platéia antes mesmo que eu pudesse dançar ao seu lado.

Entretanto, enquanto acuso-te de egoísta, me encontro diante do espelho da minha própria culpabilidade. Como o capitão que afunda com seu navio, prendi-me às âncoras do passado, nos impedindo de navegar em mares desconhecidos. Ignorante, talvez, da ilusão que construí em torno de nós, onde a eternidade seria o nosso destino.

Malditos egoístas, nós fomos nosso fim.

Dois egos colidindo, como estrelas distantes, cada qual buscando sua própria órbita. Eu buscava brilhar em sua luz, enquanto você insistia em brilhar sozinho.

Adeus, adeus, adeus. Estamos destinados ao adeus.

Sem dor, sem lágrimas, sem vida, é minha despedida.

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