3. Dear Ladybug

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Se eu apenas deitasse aqui
Você deitaria comigo e simplesmente esqueceria o mundo?
Esqueça o que nos foi dito
Antes de nos tornarmos muito velhos

Me mostre um jardim que esteja explodindo em vida

- Chasing Cars, Snow Patrol

Há algo sobre a desistência e resistência.

Os desistentes são vistos como fracos, os resistentes são vistos como fortes. Todavia, ninguém está interessado em saber o quão pesado é a sobrecarga sofrida.

Todos estão propensos a misérias ou opulências, mas em visões diferentes, vivências diferentes, dores distintas com pesos dissemelhantes.

A cura, infelizmente, deverá ser encontrada em si mesmo. Porque, mesmo que imploremos por ajuda, apenas nós podemos nos salvar individualmente.

Com esse sentimento impotente, a melancolia pode ser encontrada. A sensação tomada por angústia, os olhos tomados pela dor funda que dilacera as veias, até que atinjam seu coração. O oxigênio não é o bastante para quem deseja parar de respirar, a vida ao redor não é suficiente para entrar novamente no ritmo de corrida.

É como estar no mundo sozinho, mesmo rodeado de pessoas. Como correr por tanto tempo e precisar de um descanso, mas se render a uma vida lenta, enquanto todos estão rápidos o suficiente para não conseguir acompanhar mais uma vez.

Entretanto, ainda não existe uma palavra. Ainda não juntaram letras que descrevessem com tanto sucesso a sensação da morte em vida.

Louis poderia tentar inventar a palavra, descrever para o dicionário certamente qual era o sentimento. Mas levaria tempo. Levaria o tempo que ele deseja não ter. Porque, apesar de tudo, ele ainda desejava morrer.

Faz parte, não é? As pessoas brincam que estão quebradas, riem de seus desejos de morte, insinuam o fim da vida. Mas, no fundo, elas esperam inutilmente por uma realização de seus desejos mascarados de divertimento.

É algo normal. Porque desistir é humano, falhar é humano e, infelizmente, a dor também faz parte de ser humano.

Apesar de detestar rotinas constantemente repetitivas, Louis vivia em um loop. Como na história que, se for para o inferno após a morte, sua tortura será viver no pior dia da sua vida pela eternidade.

Lúcifer demoraria um tempo para escolher qual seria o pior dia de Louis, já que, durante os últimos meses, seu coração estava sendo torturado com choques de uma dor incessante e obstinada.

Suas manhãs passaram a ser curadas com um copo de whisky. Ele odiava whisky, assim como odiava a si mesmo. Em sua cabeça fazia sentido, ele consumiria tudo aquilo que odiava em um método de martírio.

No fundo, ele deveria saber que não era merecedor de toda aquela dor. Mas não sabia. Seus sentimentos, seu coração, seu subconsciente diziam apenas que, quanto mais rápido ele acabasse com aquilo, menos torturante seria aceitar que era a hora de dizer adeus.

Em um pretérito, Louis já havia desligado seu celular naquela terça-feira. O relógio de mesa marcava somente oito da manhã, e os papéis acumulados em sua mesa possuíam o carimbo de "atrasado". Porque, mesmo que estivesse trancado há quase quatro dias em sua sala, ele não se movia para assinar, analisar ou pelo menos fingir que estava conferindo currículos, propostas, contratos e cartas que vinham do cruzeiro em que sua mãe estara passeando.

E por falar em cartas, elas eram uma parte de Louis.

Ele havia sido uma criança precoce em algumas etapas de sua vida, devido a sua mãe tê-lo tido aos 18 anos de idade. Durante todo o período de companheirismo, onde era somente Louis e Johannah, a mulher foi sua melhor amiga, sua melhor companhia e a melhor mãe que qualquer um poderia ter.

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