Mindinho

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POV Sanji

No dia seguinte, eu ainda estava preocupado com a mudança das minhas sobrancelhas. Cada vez ficavam menos curvas de uma ponta, mas encurvavam noutra ponta, como se elas invertessem.

Porque isto está a acontecer? O que eu fiz para que as minhas sobrancelhas ficassem diferentes?

Bem, não quero pensar nisso hoje. Estou entusiasmado porque Franky pediu-me ajuda com um dos seus projetos, o Mini Merry II. Ele queria torná-lo mais forte, substituindo algumas peças e materiais por alguns mais resistentes.

E ele pediu para que eu lhe ajudasse para que eu também conhecesse mais sobre o seu trabalho e a sua área no navio, isto porque sou o tripulante que quase ou nunca pisou sequer nas docas. Passo quase o tempo todo na cozinha, pelo que se torna difícil ter algum tempo para explorar mais um pouco do navio.

E consegui arranjar tempo hoje, decidindo que não ia fazer um banquete ao almoço como costumo fazer. Vou simplificar e fazer coisas rápidas.

Neste momento, estava a apertar uma porca com uma chave inglesa numa placa metálica que cobria o motor a vapor.

- Precisas que eu aperte mais?- perguntei dando espaço para ele ver a placa que estava a aparafusar

- Está SUPERR perfeito.- respondeu ele orgulhoso enquanto vinha na minha direção

Agora sabia que tinha que fazer igual para as outras faces do motor, visto que este tem formato cúbico. Pode parecer fácil, mas é mais trabalhoso do que parece.

- Como tu e a Robin estão?- indaguei curioso

- Ehh?! Onde foste buscar esse "tu e a Robin"?- perguntou ele corado e incrédulo

- Eu só baseio-me em factos.- disse enquanto sorria com o cigarro na boca

Franky parecia agora um tomate. Ri-me da reação dele. Ele nem consegue esconder que gosta dela. Eles estão sempre a olhar um para o outro, e a provocarem-se. É amor, só eles é que não querem ver.

- Eu gosto da Robin como minha nakama e amiga...- murmurou ele indignado

- Certo...- falei desconfiado voltando ao trabalho, com um pequeno sorriso no rosto

Eles têm de tudo para fazer acontecer: o nosso capitão aprova a relação, eles gostam um do outro, a tripulação apoia a relação... Só falta o beijo. O que lhes impede?

Quer dizer, eu também não sou ninguém para falar. Demorou muito até eu admitir que tenho sentimentos pelo Zoro e aceitar como as coisas são atualmente.

- Então? Do que achas do trabalho diário do SUPER arquiteto Franky?- indagou ele curioso

- Trabalhoso, mas já sinto saudades de pegar nas minhas facas.- admiti com um sorriso no rosto

- Deixa assim tanta saudade? Como seria um dia na cozinha do Sanji...?- perguntou Franky pensativo

- Podes tirar essa visão da cabeça. Não vai acontecer.- falei a olhar para ele, com um sorriso forçado

A minha cozinha é sagrada. Só eu é que mexo nela e só eu é que dou uso a ela. Se algum deles tocar numa dos meus materiais, não sairá impune (à óbvia exceção das senhoritas Nami-san e Robin-chan que serão repreendidas com toda a minha paixão e amor).

Lembro-me perfeitamente do dia em que fui analisar a cozinha depois de Whole Cake. A minha costume irritação passou de 100 para 10 000. Panelas mal lavadas, fogão sujo, facas partidas, colhetes tortas... enfim, acho que foi o dia em que eu mais bati no Luffy, sem exageros.

É por isso que ninguém se atreve a tocar em nenhum dos meus materiais. Franky só me disse isto agora para me provocar.

- Posso te fazer uma pergunta, Sanji?- indagou Franky sincero

- Claro.- permiti olhando para ele

- Como é que tu tens tanta certeza de que o Zoro é o homem da tua vida?- perguntou ele envergonhado

Só com esta pergunta pude logo entender que ele ficou a pensar na Robin. Ele agora quer ter certezas do que sente por ela, apesar de estar à vista de todos.

- Não tenho, mas quero acreditar que ele é. Zoro faz-me sentir bem de todas as formas possíveis, e por isso é que estou com ele. Penso que devemos ficar com as pessoas que nos fazem bem, não é?- confirmei com uma sobrancelha arqueada, olhando para ele

- Sim... Sanji... não estás a sentir nenhuma dor agora?- indagou Franky assustado

- Um pouco, mas nada demais. Porquê?- perguntei curioso

Franky apontou para as minhas mãos. Já nehuma delas segurava na chave inglesa, visto que esta estava no chão. Olhei para as minhas mãos e vi que o meu dedo mindinho da mão direita estava deslocado.

Eu arregalei os olhos porque fiquei assustado. Como é que isto aconteceu? Como é que torci o dedo e nem sequer reparei na dor ou que sequer este estava fora do lugar?

- Fica calmo...- tranquilizou Franky

- Eu estou calmo.- disse assustado

Lembrei-me que as ferramentas do Franky são pesadíssimas, e pesam como chumbo, então é normal que isto possa acontecer se eu estiver distraído.

- Não, não estás. Vamos ter que colocar o dedo no lugar. Eu ajudo-te com...- disse mas ele interrompeu-se a si mesmo

Enquanto ele falava, eu já tinha colocado o dedo no sítio, apenas com a minha força. Fez-me impressão o som dos ossos e ainda doeu um pouco a colocar, mas a dor que eu senti foi muito menos agressiva do que costuma ser.

- Isso também serve.- falou Franky estranho

Eu levantei-me do chão e sacudi as mãos. Estava de saída. Depois disto, não conseguiria de certo focar-me em ajudá-lo. Para além disso, estou com uma extrema vontade de fumar.

- Obrigado Franky. Não contes a ninguém o que aconteceu agora.- pedi enquanto me dirigia para a saída

- Deverias ir ver Chopper de qualquer das formas.- falou ele preocupado

- Eu estou bem. Não te preocupes.- disse já ao subir as escadas

Dirigi-me para a zona do mastro e fui ao meu bolso pegar na caixa de cigarros e no isqueiro. Logo tirei um, coloquei na boca e acendi-o com o isqueiro. Ah... que sensação de alívio...

Eu não estou a entender... as minhas sobrancelhas estão a começar a mudar, ficando invertidas ás que tinha antes, agora não senti pouca ou nenhuma dor ao torcer ou partir o mindinho... nem entendi...

O que se passa comigo? Porque estou a mudar? Porquê isto assim de repente? ARRR PORQUÊ ?!

Eu comecei a esfregar com as minhas mãos o meu cabelo. Já é uma mania minha desde que me conheço, e sempre que estou nervoso ou penso demais.

Assim que parei, olhei para o meu dedo mindinho, e ele estava impecável, como se nada tivesse acontecido a ele, mas não foi isso o que me chamou mais à atenção. Foi o facto de eu ter fios de cabelo negros nas minhas mãos...

Assustei-me e andei apressadamente até à casa de banho. Rapidamente fechei a porta a chaves e olhei-me ao espelho. Oh merda... por baixo o meu cabelo estava a ficar preto... o que se passa comigo?

- Sanji-san? Está tudo bem? Vi-te um pouco assustado a entrar na casa de banho.- informou Brook após ter batido na porta da casa de banho

- Está tudo bem.- disse enquanto tentava acalmar-me

Ou pelo menos gostaria que tivesse tudo bem...

The real n°3 (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now