Capítulo III - É ou não é

36 3 1
                                    

Três dias passaram dês do acontecido.
Durante esse período, a Constança e a Raquel tentaram falar com a Joice de todas as maneiras e meios possíveis. Ligaram, mandaram mensagem e na manhã seguinte ao incidente, ficaram à espera na porta do prédio da Joice mas ela não saiu.
Foi então que decidiram sair mais cedo de casa para ver se apanhavam-na, antes de sair, e por sorte foram bem sucedidas. Quando viram-na a sair do prédio, correram e disseram o seguinte:

— Joice! Desapareceste, não respondes às mensagens, nem às chamadas... A Raquel e eu, estávamos muito preocupadas contigo!
Sabemos que foste a que ficou mais chocada, mas temos de fazer alguma coisa.

— Desculpem meninas... Estive este tempo todo sem dizer nada, porque fiquei a reviver aquele dia para tentar ver se me lembrava de algum tipo de detalhe que pudesse ajudar a descobrir quem é aquela pessoa...

— Isso não é desculpa Joice, podíamos fazê-lo todas juntas. Aliás, era exatamente por isso que estávamos a tentar falar contigo. A Tança fez uma gravação de ecrã, temos um vídeo de tudo o que aconteceu.

— A sério! Naquela altura nem sequer me tinha lembrado de fazer isso. Boa Tança ! Sempre foste a mais prática das três, quando estamos em situações de stress.

— Sendo assim pensámos em mandar a gravação à polícia, anonimamente. Mas antes de fazê-lo queríamos saber qual era a tua opinião.
Então o que achas ?

— Sendo bastante sincera, gosto da ideia. Assim eles vão puder avisar a família daquela rapariga... Parte-me o coração, saber que devem estar com esperança de encontrá-la viva... E nós sabemos que não é esse o caso. Apesar de saber que assim que eles tiverem essa notícia isso sairá no jornal e aquela pessoa ficará a saber que falei, não seria justo para ela que nós ficássemos caladas.

— Então fica combinado, mandamos o vídeo numa pen, dentro dum envelope e juntamos uma foto da rapariga.

Assim o fizeram e não tardou muito para a notícia sair no telejornal. Estavam todas conscientes de que agora, a Joice mais do que nunca seria um alvo a abater.

Perspetiva do Assassino

Manhã do acontecido

" Alarme toca, alguém desliga. "

Tem de costume, levantar-se às 06 da manhã para puder preparar tudo para ir fazer natação antes de ir para as suas aulas.
Mas naquele dia não pode fazê-lo, pois antes de ir para as aulas, tinha de passar pelo armazém primeiro.
Já no armazém, aproxima-se do corpo da rapariga, que se encontra a dormir naquele chão frio, sujo e com poças de água, devido á chuva dos dias anteriores.
Verifica se está a respirar e diz:

— Aguenta só mais um pouco, esta ainda não é a altura perfeita para partires.

Cansada, com fome e sem ter muita noção do que se estava a passar, a rapariga acorda com a voz e reage.
Tenta gritar, mas o som é afagado pela fita adesiva, tenta levantar-se mas não tem maneira de fazê-lo pois já não sente os pés e as mãos, de tão apertadas que estavam as cordas. Vê que a pessoa aproxima-se dela para injetar-lhe algo, tenta impedir, mas sem sucesso perde os sentidos em alguns segundos.

— Pronto, isto será suficiente para dormires até chegar a hora.

Tira a máscara, as roupas e os vans e mete umas roupas novas, andava sempre com duas malas.
Saí do armazém e vai para as suas aulas tranquilamente. Quem lhe visse não diria que tinha acabado de fazer o que tinha feito. A maneira leve e despreocupada como andava, nunca faria alguém suspeitar que ali estava uma pessoa bastante perigosa.

Falando para os seus botões:

" Muitos perguntam-se, o que leva uma pessoa a tirar a vida de alguém. O que pensa um assassino quando o faz, porque o faz... Deduzem sempre que seja alguém com aptidões sociais reduzidas ou até mesmo inexistentes, que tenha passado por algum tipo de trauma.
Não sei dos outros, posso apenas falar de mim. Tenho bastantes amigos, uma relação saudável com os meus pais e amo muito a pessoa com quem estou numa relação, neste momento. Não faço isso por ódio, raiva ou simple gosto de matar. Sinto que existem várias maneiras de expressarmos aquilo que sentimos e aquela é simplesmente a minha maneira de partilhar com os outros como me sinto. Mas falando a verdade mais pura, sem omissão, eu gosto de fazê-lo quando estou triste ou contente . "

Algumas horas depois...

Já eram 16 horas e tinham acabado todas as suas aulas. De onde estava até ao armazém, ainda era um pouco distante, precisava de apanhar um autocarro.
Chegava mais ou menos às 17 horas à paragem mais próxima do armazém, às 17:15 já lá chegava, mudava de roupa e podia prosseguir com os seus planos. Tudo ia de acordo como tinha pensado, nada faltava e o seu humor era o ideal.
Até que, um pouco antes de entrar no armazém, sente uns passos e começa a ouvir a rapariga a tentar gritar. Quando olha em volta repara que alguém está a andar em direção ao armazém, com a máscara tem a visão condicionada então não consegue ver e ainda para mais está escuro, mas isso não é suficiente para que pare. Entra no armazém, aproxima-se da jovem agarra-a pelos cabelos, olha-a nos olhos, pega na navalha que tem consigo e espeta-a três vezes. Sente novamente um barulho e vira rapidamente. Alguém tinha visto tudo o que se tinha passado. Ainda tentou sair para ver se a apanhava, mas era tarde de mais...
Voltou para dentro, viu que a rapariga já não respirava, então pegou na sua mão e disse:

— Muito obrigada por celebrares comigo a minha felicidade, nunca te esquecerei...

Tendo terminado, mudou de roupa, deixou o corpo, saiu e começou a andar para a paragem mais próxima.
Assim que chegou à paragem já lá estava alguém, com um capuz a tapar-lhe a cara, umas luvas nas mãos e o corpo todo curvado. A pessoa estava no seu telemóvel, não era sua intenção olhar o que a pessoa estava a escrever, mas acabou por fazê-lo. E para sua surpresa a pessoa tinha escrito o seguinte nas suas notas:

" O dia de hoje nunca esquecerei, pois foi o dia em que vi matarem alguém "

O autocarro aproxima-se e a pessoa levanta-se, mas sempre cabisbaixa, começa a caminhar até á entrada. Sem puder fazer nada apenas deixa-a ir, mas decora tudo o que tinha vestido.
Não tendo visto o seu rosto, não tinha nem como reparar se já conhecia aquela pessoa. Foi embora e não pensou muito mais no assunto, pensou que a pessoa pudesse apenas estar a escrever algo que leu num livro ou algo assim, pensou que seria uma coincidência enorme que aquela tivesse sido a mesma pessoa que assistiu ao assassinato.
Tinha a certeza de que quem tinha visto, ficaria demasiado assustado para fazer alguma coisa. Não era a primeira vez que alguém tinha-lhe visto a fazer aquilo, e das vezes anteriormente nunca ouviu falar de denúncias ou algo do género que estivesse relacionado.

Alguns dias depois...

Para seu azar, algo inesperado acontece, uma notícia no telejornal relata que ouve um assassinato e passam partes do vídeo onde mostram o acontecido.
Ao ver aquilo diz:

— Que interessante, esta é uma emoção nova que quero expressar, parece que terei de te encontrar para puder partilhá-la contigo...

As Três Marias ( PT - PT ) Where stories live. Discover now