Presa Por Acaso (Valu)

Capítulo 27

Já voltei com mais um 😚😚😚

Boa leitura!

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- Valentina? - Luiza chamou no meio da madrugada, fazendo a morena abrir os olhos imediatamente.

- O que foi? - Ela perguntou meio sonolenta e Luiza se virou na cama, enterrando o rosto em seu pescoço.

- Tive um pesadelo. - Ela disse baixinho e Valentina nada disse, apenas envolveu um de seus braços em torno de Luiza e iniciou uma carícia mansa.

- Quer compartilhar? - Indagou e Luiza assentiu.

- Eu saía daqui e você ficava... E eu nunca mais te via. Você não queria me deixar te visitar, nessa droga de pesadelo. - Luiza disse e o silêncio se propagou pelo ambiente.

- Sh... - Valentina falou, depositando um beijo nos cabelos morenos. A carioca a abraçou fortemente antes de voltar a falar algo.

- É exatamente o que fará, não é? - Luiza perguntou e Valentina a fitou. Apesar do escuro ela conseguia ver com clareza os olhos verdes e tristes.

- Eu sou pobre fora daqui - Valentina disse por fim. - E fodida. Eu não tenho ninguém lá fora. Sequer tenho aonde ficar. - Confessou. - Nunca fiz uma faculdade e terei a ficha manchada, o que dificultará minhas chances de arrumar um emprego. - Sua mão foi até o rosto de Luiza unicamente para enxugar uma lágrima solitária. - É isso o que quer para a sua vida?

- Eu quero você para a minha vida e não importa o resto, Valentina. - Luiza falou e a maior umedeceu os lábios.

- Você merece coisa melhor, Campos. Alguém que possa...

- Não! - A cortou. - Eu não preciso de alguém rico, eu já sou e sei que o dinheiro não pode comprar amor. - Falou firmemente. - Não preciso de alguém formado em nada, Valentina. Olha, você pode não ter um lugar na alta sociedade, mas cuidou de mim melhor do que qualquer pessoa antes.

- Quando você sair faltará um ano e meio ainda para eu sair, Lu. - Valentina disse tristemente. - Você pode encontrar alguém lá fora e...

- Não! - A cortou novamente. - Um ano e meio não é nada perto do resto de nossas vidas. - Valentina sentiu seus olhos arderem, ninguém nunca havia insistindo nela daquela forma.

- Você só me conhece há dois meses, Luiza.

- Mas já percebi que o coração da garota que me deu um bilhete anos atrás não mudou e eu gosto disso em você.

- Podemos... Não falar disso agora? - Valentina pediu e Luiza assentiu tristemente.

- Tudo bem. - Luiza disse e se inclinou, aplicando um beijo nos lábios da morena antes de se virar, puxando o braço de Valentina junto com ela, fazendo-a abraçá-la. Fazia semanas que Valentina não dormia na própria cama, Luiza sempre queria ela ali com ela.

- A terceira vez que nossas vidas se cruzaram foi em um hospital. - Valentina disse do nada, a abraçando mais forte. - E é por essa vez que eu sei que você merece mais do que eu. - Luiza se virou para ela rapidamente, analisando minuciosamente suas feições.

- Não pode me dizer só isso. - Alegou e Valentina riu.

- Eu posso sim, na verdade, mas não farei isso. - Ela disse. - Meu avô tinha uma doença rara no pulmão e por isso vivia internado. - Ela começou, não vendo o porquê  de esconder aquilo de Luiza. - Ela precisava de duas cirurgias, mas era um valor exorbitante e não tínhamos condições, por isso eu trabalhava de qualquer coisa que aparecesse. Mudamos para cá porque conseguimos uma vaga num hospital melhor para ele. - Valentina explicou. - Ele estava prestes a morrer e eu sentia meu mundo inteiro desmoronando, porém fui contemplada com a notícia de que o número do quarto do meu avô foi sorteado por uma doadora e com esse dinheiro conseguimos pagar uma das cirurgias que passamos anos adiando. Era você, Luiza... - A carioca viu o lábio inferior de Valentina tremer e levou uma mão ao rosto da mais velha, espantando as lágrimas com o polegar.

- Eu sempre faço doações em hospitais, só não tinha a noção da dimensão da minha ajuda. - Luiza confessou e Valentina sorriu tristemente.

- Você me deu de presente sete meses a mais com meu avô e eu nunca, nunca irei esquecer isso. - Ela disse, abraçando a morena. - Sempre desejei te agradecer, mas nunca tive a oportunidade, então obrigada, Campos.

- Sete meses? - Luiza perguntou confusa e Valentina assentiu.

- Como eu disse, ele precisava de duas cirurgias. Só realizamos uma. - Luiza sentiu seu coração se comprimir em seu peito e sua boca secar.

- Como... Por que você não... Deveria ter me contatado. Eu poderia... - Maldito planeta onde sem dinheiro permitiam alguém morrer. Que tipo de crueldade era aquela? - Me desculpa, Valentina. Me perdoa, eu poderia...

- Não. Não faça isso com você, meu amor. - Valentina pediu ao ver que Luiza havia começado a chorar. - Você não poderia saber de nada. Sem você ele morreria em semanas. Você me deu o melhor presente do mundo, sete meses a mais com ele. - Disse, vendo Luiza ainda desolada. - Eu só te conheci ali por Luiza Campos, sem rosto, apenas um nome. Quando vi você entrar aqui e ser anunciada eu não pude crer que as duas pessoas que mais admirei na vida eram a mesma pessoa.

- Valen, você não tentou me contatar por quê?

- Você era rica e importante, nunca deixariam uma pobre falar com você. Te procurei em redes sociais, mas não achei. - Valentina confessou. - E eu sequer te conhecia para pedir tudo aquilo de dinheiro.

- Eu daria. Valentina, eu teria dado sem pensar duas vezes. - Falou com firmeza. - Por favor, me perdoa.

- Eu sei que você teria dado. - Valentina disse sorrindo fraco. - Você é você, a pessoa dona de um coração gigantesco.

- Eu estou me sentindo impotente e vazia. - Falou e Valentina a beijou docemente nos lábios.

- Você é o anjo da minha vida, não deveria se sentir assim.

- Então por que ainda me sinto? - Luiza perguntou sentindo um buraco em seu peito e Valentina suspirou.

- Porque essa é você. Tende a sentir a necessidade de melhorar o mundo e odeia injustiças. Essa é você, Campos. - A morena umedeceu os lábios, ainda frustrada.

- Se eu pudesse ter salvado o meu pai eu teria feito, Valentina. Não posso acreditar que eu poderia ter te ajudado. Eu não...

- Sei como se sente. - Valentina disse. - Eu também tentei salvar meu avô, mas olha só a diferença de uma rica para uma pobre... Eu precisei acabar presa para isso... - Luiza ergueu o rosto e a fitou.

- O que quer dizer, Valentina? - A mais velha suspirou. Diria o motivo de ter ido presa para ela sem remorso, diria porque Luiza a tinha por completo, diria porque finalmente sentia-se pronta para isso.

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Até o próximo!