Prólogo

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Luiza chegava de seu trabalho extremamente animada aquele dia, afinal tinha conseguido o telefone de Cristal, sua companheira de escritório. Seu terno social feminino cinza moldava sua silhueta de uma forma estonteante para quem a visse, sua saia até um pouco abaixo dos joelhos modelava seu traseiro, dando confiança para quem sabia ser dona das mais belas curvas, porém seu salto agulha preto que combinava com a armação de seus óculos. Seus brincos de ouro combinavam com sua pulseira e relógio, enquanto no pescoço ela levava seus simples colar de coração. O havia ganhado quando era mais nova, de seu pai.

O coração se abria e nele havia o espaço para uma pequena foto. O senhor Campos se recusou a deixar a menina colocar uma foto dele ali, disse que seu desejo era que o coração fosse ocupado por quem a garota se apaixonasse e realmente entregasse seu coração, no intuito de formar, um dia, uma família. Luiza jamais se apaixonou tão intensamente, portanto, andava com o coração dourado vazio em seu peito, apenas para manter a lembrança de seu falecido pai.

A porta da frente rangeu quando ela a empurrou e no mesmo instante seus olhos se esbugalharam, sua boca secou e seu coração se estilhaçou.

O sangue inundava a cozinha, enquanto Luiza não sabia como reagir. Desesperada, agiu como qualquer pessoa agiria: Correu até o corpo desacordado de seu irmão no chão. Seus olhos já estavam embaçados devido às lágrimas e então ela levou seu dedo até a artéria do pulso do rapaz, apenas para confirmar: Sem pulsação. Decidiu tentar na do pescoço, somente para constatar: Seu irmão estava morto.

Seu irmão caçula, de apenas dezoito anos, estava estirado no meio de sua cozinha, morto.

Morto.

Morto.

Luiza, entre soluços intensos, abraçou o corpo e chorou alto, sem se importar de que o sangue a sujaria. Seu irmão se foi, o que importava uma porcaria de terno sujo?

Após alguns instantes, com as mãos tremendo, alcançou sua bolsa que estava jogada ao seu lado e retirou seu aparelho celular, discando o número da emergência.

Um soluço chamou sua atenção assim que desligou, fazendo-a se virar para a pia, sua boca se amargou e seu coração acelerou.

- O que... O que você fez? - Luiza gritou, vendo a faca encharcada de sangue na mão de sua mãe, que agora se entregava de vez ao choro.

- Ele me chamou de louca... Eu não sou... Eu não quis... oh céus! - A mulher tremulava. Luiza, tomada pelo ódio, se levantou e o ruído de seu salto pelo assoalho se destacava no ambiente silencioso.

- Você o matou? - Luiza perguntou, vendo os olhos sem vida de Cecília se encontrarem com os seus.

- Eu não quis. - A mulher disse, completamente fora de si.

- Não, não, não... - Luiza repetiu para si, sabendo que sua mãe não estava sob efeito de seus remédios. - Me dê isso. - Luiza disse, tentando pegar a faca da mão de sua mãe, porém a mulher esquivou-se de sua filha.

- Eu vou ser presa, não vou? - Perguntou desesperada.

- Você precisa ser internada. Você o matou! - Luiza gritou, mesmo sabendo que aquele não era o jeito certo de se agir naquela situação, mas ela não podia se conter. A dor estava lhe corrompendo. - Me dê isso. - Luiza pediu, avançando em sua mãe e puxando a faca de sua mão.

- Me devolva, eu vou fazer o mesmo comigo. - A mulher gritou, sendo segurada pela morena que enfiou a força as mãos da mulher embaixo da água para lavá-la. Seu corpo foi empurrado, mas Luiza foi mais rápida e segurou a faca, impedindo sua mãe de cometer suicídio.

- Não, mamãe! - Gritou. Sua mãe sofria de um distúrbio mental, porém passou os últimos anos de sua vida tomando remédio que uma amiga de Bruno lhe dava sem receitas, pois jamais aceitou ir para um manicômio. Como tomava remédios corretamente, a família passou a não se importar em ir atrás de nada, porém como Rosamaria provaria que sua mãe sofria disso tão rapidamente? Tinha certeza que o diagnóstico demoraria e que demorariam longos meses em um tribunal. 

Sua mãe seria presa ou internada, caso conseguissem provar seu distúrbio, o que era óbvio que conseguiriam, afinal ele existia.

- Luiza, pare! - A mulher gritou desesperada. - Pare! Pare! Pare!

- Mãos para o alto e solte essa faca! - Luiza ouviu de supetão, fazendo-a dar um passo atrás e erguer suas mãos na cabeça.

- Não é o que parece. Não posso soltar essa faca, pois minha mãe pode se matar. Alguém poderia vir pegá-la, por favor? - Luiza pediu enquanto tremia pela adrenalina.

- Ela tentou me matar também. Ela nos odeia! Nos odeia! - Cecília gritou. - Graças a Deus vocês chegaram.

- Senhorita, você está presa por flagrante de homicídio e tentativa de homicídio duplo. Tudo o que disser agora será usado contra você no tribunal. - Luiza fechou os olhos e suspirou, tendo um único pensamento dominando sua mente:

Puta merda. Fodeu! 

- Todos as testemunhas do bairro afirmam que a senhorita Luiza Campos vivía em constantes desentedimentos com seu irmão Bruno Campos. - A mulher dizia no tribunal. - Nenhuma prova foi obtida de um possível distúrbio na senhora Cecília Campos, por isso não submeteremos a mesma a um exame clínico. - Luiza tremia, como assim nenhuma prova? Onde estava sua irmã, afinal? Paula sabia de tudo, ela conhecia a pessoa que costumava dar remédios ilegalmente a sua mãe, porém a Campos mais nova sumiu do mapa nos últimos tempos. - Após analisar todos os fatos e todas as provas aqui apresentadas, eu declaro a senhorita Luiza Campos culpada por homicídio doloso e tentativa de homicídio da senhora Cecília Campos, tendo como pena vinte e dois anos de prisão, sem direito à fiança ou à redução de pena por bom comportamento.

O quê? Luiza sentiu seu estômago se revolver e uma enorme vontade de vomitar. Sua pressão baixou e ela precisou sentar-se novamente para não cair. As vozes se tornaram um som distante e sua vista ficou completamente embaçada. Que porra estava acontecendo com sua vida? Aquilo só poderia ser um pesadelo. Um dos piores.

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Presa Por Acaso (Valu)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora