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Soltando o ar que estava preso, até então de sua garganta, pelo esforço dado em todo o tempo em que andou, Adam levou sua mão à porta da mansão. A atravessou, mas vacilou alguns passos ao reconhecer as costas de Silvana no sofá. Ele desejou por um momento ser invisível, ou até mesmo uma mosca, para que passasse despercebido e questionamentos fossem evitados.

- Hm, que interessante.

Adam parou quando escutou a voz de Silvana. Ela se levantou, o fitando.

- Sai na hora que quer, volta quando quer... - murmurou, pondo-se aos poucos em frente à ele - Eu posso ao menos saber para aonde saiu essa manhã? E o porque de ter ido tão cedo já que, eu não te vi pela casa.

- Eu sai para ver uma pessoa.

- Uma pessoa? Mas que pessoa?

Adam se manteve em silêncio.

- Me diz, Adam! - ela ordenou - Só falta me dizer que é uma mulher...

- Eu não vou te dizer nada, Silvana.

Ela se afastou bruscamente, fingindo surpresa pela bravura do homem.

- Não vai querer me dizer, pois não quer que eu descubra quem é a sua amante, não é?!

- De onde você está tirando isso?!

- De você mesmo. Claro que vai ser uma mulher. Só assim pra eu saber de tanta demora da sua parte para chegar em casa!

Adam apertou os olhos, a fim de seguir para as escadas.

- Você vai me responder! - praquejou Silvana, o puxando pelo pulso.

- Silvana, por favor me solte!

- Eu não vou te soltar enquanto me disser quem é essa mulherzinha que você está se encontrando! - o olhou duramente - E eu não duvido nada de que ela faça parte daqueles mendigos que você faz questão de ir todas as noites visitar, não é? Em! Me responda!

Com força, Adam puxou sua mão do agarre de Silvana, podendo até mesmo subir uns degraus e manter seu olhar com o dela.

- Essa pessoa com quem você refere dessa forma está passando por um momento muito difícil na vida dela!

- Ah é?! Pouco me importo se está passando ou não! - gritou - SOU EU QUE ESTOU PASSANDO POR UMA FASE DIFÍCIL NA MINHA VIDA! TENDO UM HOMEM QUE ESTÁ AGINDO COM TANTA INDIFERENÇA! COM UM HOMEM TRAIDOR E QUE AINDA SE DIZ CRISTÃO!

- EU NÃO TE TRAI E NÃO ESTOU TE TRAINDO, SILVANA! - exaltou-se - Quanto a isso, pode ficar tranquila que da minha parte você nunca vai ter!

- E como pode me prometer algo que claramente está aberto e visível à mim que pode acontecer!

- Acredite você ou não, eu tenho integridade e sei muito bem quem eu sou! - disse ele, já se afastando - Eu também sei da sua capacidade de ser paranóica! E por amor as outras pessoas que me rodeiam, vou manter segredo à respeito da pessoa que eu vi. Seja homem, ou mulher!

- VOLTA AQUI, ADAM! VOLTA AQUI! - gritou Silvana, o vendo prosseguir como se ela e sua voz não existissem.

A mulher subiu logo atrás, determinada a fazê-lo escutar sua voz, entretanto, sua visão tornou-se turva e em segundos sentiu o choque dos seus joelhos contra o piso de mármore. Por sorte, seu braço esquerdo se agarrou com firmeza com o do sofá. Sua mão direita correu para sua testa, ao soar baixo do gemido que saiu de sua garganta.

- Ai, não... de novo não.

Ela forçou a si mesma em abrir os olhos, enquanto se sentou no chão. Sua voz não quis sair, e o medo a fez apertar a pele de sua garganta.

Simplesmente, Você | Livro I Onde as histórias ganham vida. Descobre agora