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Em poucos minutos, os dois encontraram um food truck estacionado perto do pequeno parque onde crianças corriam. As mesas e cadeiras, separadas para serem usadas no consumo dos alimentos, ainda estavam sendo terminadas de serem limpas por um dos dois funcionários.

Adam olhou tudo minuciosamente, antes de se virar para sua amiga.

- O que você vai querer?

- Ah... qualquer coisa.

- Você pode escolher, Mavi.

- Mas do jeito que sou, talvez nem tenha mais.

- Acabamos de chegar e pelo que estou vendo, as mesas não tem muito tempo que foram postas. - premeditou. - Vamos comigo?

Mavi quis permanecer ali, e o esperar, mas pela insistência e presença de Adam, não demorou para segui-lo. Ambos compraram hambúrguers, os quais tinham bastante recheio. Adam pagou o seu e de Mavi, a acompanhando em seguida para uma das mesas.

- Nossa - murmurou, ao dar a primeira mordida em seu lanche - Isso está bem melhor do que eu tinha pensado. - ele olhou para Mavi, notando que ela havia encolhido os ombros - O que foi Mavi, não gostou do seu hambúrguer? Quer que eu peça que troquem por outro lanche?

- Não, não... não é isso.

- Então?

Como ela poderia dizer que estava com vergonha de comer em sua frente?
Mas ela engoliu em seco, afastando o máximo a sensação de estranheza e vergonha. Deu uma mordida no hambúrguer, focando sua atenção no alimento. Logo, seus olhos foram os primeiros a expressarem sua surpresa e satisfação ao sentir o gosto do alimento em seu paladar.

Adam deu uma risada baixa, vendo a mudança de sua amiga.

- Gostou?

- Eu amei! Eu nunca comi alguma coisa assim, em toda a minha vida! - contou, voltando a dar mais uma mordida no lanche.

Quem a observou, sorriu inocentemente ao ter consciência de poder ter proporcionado algo que fez os olhos de Mavi encherem-se.

- Pode comer à vontade. E se quiser, eu compro mais um!

Ela assentiu, mastigando o que tinha acabado de abocanhar mais uma vez.

- Você é top - piscou para Adam, em meio ao seu intervalo.

Andando juntas, Vera e Patrícia seguiram pelo corredor da clínica. As duas tinham combinado que iriam passar a manhã fazendo companhia para Maria.

Entretanto, a presença da auxiliar responsável por Maria, as pararam para dar bom dia e contar sobre a manta dada por Vera - ela chegou a pensar que iria levar uma advertência, que seria chamada a sua atenção para o que estava fazendo. Mas ao envés disso, recebeu elogios da parte da auxiliar, Vera se sentiu até melhor para permanecer ali. E ao lado de Maria, abrigou as mãos da mulher com cuidado, no mesmo banco em que a encontrava e ela estava em todas as vezes que a ia ver.

- É tão bom saber que ainda se lembra de sua filhinha, minha irmã - murmurou, deslizando suas mãos pelos cabelos de Maria - Que não a esqueceu, e que em sua mente ela está presente... - suspirou.

E tudo o que eu mais queria era que ela estivesse aqui, que pudesse estar ao seu lado lhe dando todo apoio para que pudesse passar por isso de cabeça erguida, para que lhe desse toda a força necessária para voltar a ser como antes - pensou ela, segurando em si mesma para que as lágrimas não caíssem.

Seus braços trouxeram Maria para descansar em seu peito.

E você está melhorando minha irmã, está voltando aos poucos. E mesmo eu sendo uma mulher de pouca fé, eu creio que Deus está fazendo isso. Que Deus está te, e nos, ajudando. Quem sabe ele pode trazer a sua filha de volta?

Vera apertou os olhos, permitindo que algumas lágrimas viessem a cair. Patrícia, se pôs do outro lado, pegando uma das mãos de Maria.

- Um dia você vai voltar, tia. Um dia, será como antes. Vamos poder estar, e andar juntas!

- Tudo o que eu mais quero nesse momento...- confessou Vera, olhando para sua filha -... é que isso aconteça.

- E irá, mãe. Não podemos perder a esperança de que ela vai voltar a se comunicar, e... - sua voz foi interrompida pela vibração no bolso de sua calça esverdeada. - Um momento - pediu, levando a sua mão ao aparelho e se levantando do banco. Suas sobrancelhas se estreitaram ao ver que se tratava de seu tio a ligando.

Vera acariciou Maria uma última vez, antes de deixá-la na mesma posição que a encontrou. Suas mãos passaram pelas mechas do cabelo da mulher, a dando uma melhor visibilidade dos olhos distantes e claros de sua irmã.

- Você vai voltar para todos nós. Eu creio nisso. - fungou, desejando que Maria pudesse interpretar a sua confiança através do que tinha dito.

Vera saltou ao escutar o tom desesperado na voz de sua filha, que soou ao chamá-la.

- Mãe!

- O que foi, minha filha? O que aconteceu?

- Nós precisamos voltar agora mesmo para a nossa casa!

- Ai, meu Jesus - Maria se levantou, mantendo seus olhos em sua filha - Mas o que aconteceu, Patrícia?! Você pode me dizer?!

- É o meu avô Dominique... - suspirou - Ele não está bem, mãe. O tio Ramón acabou de me ligar e dizer que Dominique está ardendo em febre.

Vera não pode escutar mais nada depois que Patrícia a contou da metade do estado em que seu pai poderia estar. Seu corpo entrou em total combustão ao pensar que poderia ser o último segundo ou dia de vida de seu pai.. a saúde dele já estava fragilizada o suficiente, aquilo poderia ser o fim.

Parado na entrada do portão, Ramón soltou um suspiro ao ver sua irmã e sobrinha correrem com pressa em sua direção.

- Ramón! - exclamou Vera - Como ele está?! Onde e...

- Calma, Vera. Silvana está com ele no quarto e eu estou esperando a ambulância chegar, nós precisamos... - sua fala morreu quando Vera o deixou para correr para a mansão, sendo seguida por Patrícia.

Ramón coçou a própria nuca, tentando manter sua mente ao menos tranquila. Mas logo o alívio sobreveio, de alguma forma, ao reconhecer o homem que saiu de um dos carros da mansão.

- Adam!

- Ramón? - ele estranhou ao escutar o tom de desespero na voz do tio de sua noiva - Aconteceu alguma coisa?

- É o meu pai. Ele não está nada bem.

- O Dominique?

- Sim, ele está dendo em febre. Eu liguei o quanto antes para a ambulância e para a minha irmã Vera, que inclusive acabou de chegar e foi ver o nosso pai. Eu ainda estou esperando a ambulância.

Adam franziu o cenho com tanta informação em poucos segundos.

- Eu vou ver o que posso fazer enquanto os médicos não chegam.

- Tudo bem, vá lá! Eu irei permanecer aqui.

O quanto mais pôde fazer para chegar à tempo ao quarto, Adam se esforçou. Suas pernas chegaram a tremer no topo da escada, mas não o fizeram desistir de ir ao cômodo. E ao chegar, avistou Vera ao lado da cama pedindo para que o pai, o qual ardia em febre, se acalmasse - era nítido de que estava delirando.

Adam esqueceu tudo o que estava passando em sua mente, para agir como um verdadeiro profissional.

Simplesmente, Você | Livro I Where stories live. Discover now