Lágrimas da Ascensão - Matar ou Morrer (1ª Temporada)

Capítulo 54

Radu

Sigo Murad e ando de mãos dadas com Kasim e Selim ... Conforme caminho, eu tenho a sensação de estar pisando sobre vastos campos de algodão , como se meus pés tocassem as grandes nuvens do céu, e todo o meu corpo flutuasse alto a cada passo que dou ... Engulo seco sentindo meu coração flutuar na altura da garganta e suspiro fundo um ar delicioso , fresco e renovado que me preenche de vida, de uma nova vida ... Olho para Selim e Kasim e sorrio para os meus pequenos que estavam saltitantes andando de mãos dadas a mim... Penso que sim, toda a dor, toda a provação que eu passei ao longo desses anos, sim valeram a pena, olha aonde eu estou? Estou onde eu deveria estar, junto do meu amor, o Sultão do mundo e dos meus filhos, os príncipes do maior império que já existiu!

O que sinto agora é o mais puro sentimento de realização e felicidade, me sinto completo por saber que agora sim eu tenho um lugar, uma casa, e acima de tudo eu tenho os meus filhos que nunca, independente do acontecer, me abandonarão e estarão sempre comigo ao meu lado.. Olho mais à frente e vejo Murad sorrindo de mãos dadas com Mariam e Ibrahim, ele contente anda meio inclinado por ser alto, mas estava sorridente com nossos filhos que apontavam maravilhados para todos os cantos da festa... Fecho meus olhos por um instante e sinto minha pele se arrepiar, na fração de um segundo eu vejo um filme passar por minha mente em flashes que traziam as piores lembranças de tudo o que eu já vivi durante esses oito anos , desde o momento em que vi minha mãe morrer em Valáquia até o dia de hoje ... Ergo minha cabeça sorrindo de lábios fechados e de maneira vitoriosa porque eu sim consegui chegar a onde eu sempre quis, me apeguei ao amor e aos meus próprios desejos de ambição, desbravei mares turbulentos e atravessei montanhas que cuspiam fogo, mas eu consegui , cheguei e estou aqui... Rum, quem diria que o menino escravo que já chorou lágrimas de sangue atrás desses muros, um dia se tornaria príncipe e faria deste palácio a sua própria casa ...

— RAM RAM .... AAAAAAATENCÃÃÃÃOOOO SUA MAJESTADE O SULTÃO MURAD KAHN E SUA ALTEZA REAL O PRÍNCIPE RADU DO IMPÉRIO OTOMANO .... — Gulag acelera o passo e adentra às pressas o jardim movimentado levantando o dedo pro alto, chamando a atenção de todos ... A música para e então ele anuncia a chegada do sultão e diz meu nome agora como sua alteza real .. Minha pele toda se arrepia e minha respiração se põe trêmula , olho assustado e inseguro para as tantas pessoas que ficam atônitas e se entreolham confusas... Vejo o olhar de reprovação de algumas delas e o deboche maldoso de outras, assim como as sultanas que riam entre si pensando ser apenas mais um capricho meu em ser anunciado desta forma...

Sinto um nó na garganta e a sensação de estar perdido diante de tantos olhares confusos , maldosos e curiosos em cima de mim... Murad que estava alguns passos à frente de cara fechada e olhando sério ao redor, se vira para mim e estende sua mão ... Sinto minhas pernas tremerem e inseguro do que fazer, eu olho para as tantas pessoas que estavam atônitas me encarando e esperando uma reação .... Meu peito acelera e em uma fração de segundo meu olhar confuso e preocupado se esbarra no de Murad que sorri confirmando com a cabeça, me passando confiança e segurança... Estendo lentamente minha mão e seguro na dele que sorri e caminha acariciando meus dedos até a grande tenda imperial ...

Sorrio apaixonado me sentindo a pessoa mais feliz e realizada do mundo, quando então ao me aproximar da tenda, eu vejo o olhar da sultana mãe que junto de Safiye e Maydevran, estavam sérias e me encarando de uma forma brutal... Abaixo minha cabeça e me reverencio permanecendo de cabeça baixa e mãos dadas a Murad  ...

— Onde você estava Radu? Estávamos nos perguntando o porquê do seu sumiço ... — Zehra questiona em um tom rude e grosseiro ... — Meu Leão? O que significa isso? ... — Ela então encara Murad confusa e desce seu olhar lentamente para nossas mãos juntas ... Então, entre o sorriso, Murad ergue minha mão que estava atada a dele ...