Capítulo 45

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Radu

— Príncipe Radu, o café já está servido no jardim .. — Ouço a porta bater e uma das escravas do palácio adentra meus aposentos .. Confirmo acenando para ela se retirar e novamente olho para o travesseiro que Murad havia dormido, acaricio o tecido da fronha e o aproximo de novo ao meu nariz .. Puxo forte o ar com o cheiro de Murad e fecho meus olhos viajando em boas lembranças ... Arrumo o travesseiro sobre a cama e sorrio pensando que mais tarde dormirei nele, sentindo seu cheiro e tentando matar um pouquinho que seja dessa grande saudade que eu sinto dele, e que tanto me faz mal ...

Saio dos aposentos e desço a grande escadaria da mansão indo para o jardim... Caminho pela estrada de pedras adentrando o jardim e então mais à frente eu vejo Sumbul que papeava alegremente com Mariam ... Suspiro fundo me preparando para mais uma batalha de egos e me aproximo abrindo um sorriso amarelo ... — Bom dia .. Bom dia meu amor ... — Me abaixo e me sento ao lado de Marian na grande almofada, olho e aceno para uma escrava que pega minha bebê e a leva para passear ..

— Príncipe? ... — Sumbul se reverência e eu estendo meu braço para uma das almofadas ... Encaro por alguns instantes Sumbul que meio sem graça olha para todos os lados, e então eu sorrio negando com a cabeça ...

— Você veio a mando dela, não é mesmo? Ela ficou louca por saber que sua majestade passou a noite aqui, e te mandou para colher informações, provavelmente um desses tantos guardas e escravos que estão aqui estão comprados, se não um, todos! Eu sei, porque eu faria o mesmo se fosse ela, mas e ela? Saberia o que fazer se estivesse no meu lugar? ... — Digo para Sumbul que abaixa sua cabeça ..

— Príncipe? cla.claro que não eu, eu vim ver como você está, e ver se, se o palácio está atendendo todas as suas necessidades ...

— AHAHAH .. Sumbul, você tentou me matar! .. Ou se esqueceu de quando me jogou ao mar? Pois diga para a Sultana Mãe que o meu retorno está próximo, e quando eu voltar pro palácio, tudo ali será meu, e estará debaixo das minhas ordens, e o título de "sua alteza" estará à frente do meu nome, você me entende?... Sempre me falaram que eu não podia ter nada do que tenho.. Radu não pode ter o amor do sultão, Radu não pode ter os aposentos reais, Radu não pode ter liberdade.. E tudo isso eu tenho! Tenho até mesmo filhos, o que foi me considerado impossível para mim... Então eu só voltarei quando aquele palácio for meu, e ele será, isso vocês já deveriam saber, porque quem sempre ganha, sou eu! ... — Sumbul me olha impressionado e um pouco inseguro, ainda me encarando fundo nos olhos ele engole a seco e discretamente se encolhe ..

— É, príncipe? Vo.você não tem medo? Digo, nada te assusta? Você não tem medo de brigar com pessoas tão poderosas assim como as sultanas? ... — Sumbul me questiona e eu dou um gole no meu chá negando com a cabeça, e abro um sorriso sarcástico enquanto balanço meu ombro ...

— No meu primeiro dia no palácio, Janet me disse que se eu me comportasse eu teria uma boa vida no harém como um escravo... Mas na minha primeira noite com sua majestade, a mando da sultana Zehra, ela me disse que se eu agisse com astúcia e sabedoria eu alcançaria lugares inimagináveis, e se o sultão se apaixonasse por mim, eu governaria o mundo através do seu coração ... E é por isso que eu jurei a mim mesmo que não teria medo de nada, e conseguiria tudo aquilo que eu desejo .. E medo? Porque eu deveria ter medo? E de quem? Eu serei o príncipe que entrará para a dinastia sem ter sangue real, e os meus filhos serão os que governarão o mundo ao lado do pai, então, eu não tenho o que temer!! ... — Sorrio para Sumbul que novamente engole seco ficando chocado, pálido e boquiaberto ...

Mais tarde ainda no jardim eu caminho tranquilo pelo belo campo de jasmins e até colho algumas flores para o banho, sorrio pensando que talvez Murad queira dormir aqui de novo, talvez o seu coração também grite de saudades assim como o meu .. Viajo em pensamentos bons quando então mais à frente eu ouço o relinche de um cavalo, olho ao redor confuso e mais e vejo mais adiante um estábulo ... Sorrio surpreso e um pouco animado caminhando pela a estrada de pedras me aproximando ... — Olá, boa tarde!!... — Cumprimento simpaticamente o senhor que alimentava os cavalos e percebo ele meio que torcer o seu nariz para mim, porém se reverência do mesmo jeito, e eu dou de ombros ... Pego uma das tantas cenouras que estavam em uma carroça de madeira, e com cautela eu me aproximo dos belíssimos animais ...

Lágrimas da Ascensão - Matar ou Morrer (1ª Temporada)Where stories live. Discover now