—Um pouco. -afirma —Mas não é como se, naquela época, eu pudesse imaginar que um dia eu te teria de volta. -ele suspira, enquanto seus toques se tornam cada vez mais suaves — Achei que você estivesse feliz com Liam. Quero dizer.... você parecia feliz com ele.

Engulo em seco, ouvindo ele se referir ao ano passado.

Quando ele pediu Natalie em casamento, era com Liam que eu dividia os meus dias. Era tão fodidamente estranho pensar nisso.

—Eu fui, nos primeiros meses. -falo, comentando sobre o que Matthew havia dito —Depois ele... mudou bastante.

É verdade, certo? Liam não foi ruim o tempo inteiro. Ele realmente me ajudou, apesar de eu ter a minha suspeita de que ele tenha ficado um pouco feliz, na época em que a imprensa inteira estava contra mim, porque isso significava a minha reclusão, coisa que ele sempre clamou.

Mas, houve uma época em que eu via uma fonte de calor nele...

—Eu também tive... momentos felizes. -Matthew prossegue — Mas, desde que as coisas acabaram entre nós, eu apenas estava muito consciente de que nunca encontraria algo igual.

Uma pontada de orgulho sobe à minha garganta, com a ideia de ter sido alguém realmente especial para ele. Mas, ela se desfaz quando eu lembro de que o sentimento foi arduamente mútuo.

—Eu não buscava por mais nada tão... forte. E Natalie era companheira e gentil, e eu achei que... se eu me casasse, me ajudaria a... esquecer você.

—Isso é mentira. -balanço a cabeça, achando aquela declaração final ridícula.

Por mais que acreditar em suas últimas palavras fosse prazeroso, eu sabia que Matthew estava exagerando. Afinal, eu havia visto eles dois juntos. Eu vi que eles se gostavam de verdade. Eu vi que não houve espaço para mim, naquele relacionamento.

E tudo bem.

Eu só não quero que ele minta.

—Você não tem ideia do quão horrível eu me sinto, ao dizer isso em voz alta. -ele declara —. É verdade, Ammy.

Engulo em seco, tentando levar aquelas palavras ao fundo do meu estômago e sentindo elas queimarem por toda a parte.

—Você nunca se perguntou o porquê de eu não ter procurado você nem uma vez sequer, depois que saiu daquele hotel?

O gosto ruim sobe pela minha boca, ao lembrar daquele dia. Uma vibração estranha percorre o meu corpo e eu tento não ficar chateada, mais uma vez, por coisas que aconteceram há tanto tempo...

—Apenas toda maldita noite, Matthew. -respondo, com pouca emoção.

Ele olha para mim, e eu consigo perceber aquelas faíscas se formarem.

Arrependimento, dor, lembranças. Tudo se mistura e forma um bolo confuso de emoções, que nos move sempre de maneira perigosa.

—Eu senti vontade. Um monte. -ele diz —Mas... eu estava muito quebrado, muito confuso e eu realmente não queria que você perdesse o seu tempo, ou pior, a sua carreira tentando me ajudar.

Eu queria dizer que, naquela época, eu não me importaria em mover montanhas e colinas, por Matthew. Mas isso apenas provaria o seu próprio ponto sem sentido, então, resolvi engolir as palavras.

—Você estava chorando o tempo inteiro. -ele balança a cabeça, enquanto seus olhos se tornam tristes, afogados naquela lembrança —Você não dormia direito, porque estava preocupada com as meus surtos. Você teve crises de pânico ao ver aquelas merdas de seringas em minha bolsa, antes da viagem à Nova Iorque, e voltou de lá sem pestanejar, ignorando os seus compromissos de trabalho, porque eu tive uma overdose.

Soa Como Desastre (+18)Where stories live. Discover now