Capítulo 20: Um Ano Depois

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O sol brilhava e lá fora, os pássaros cantavam. Celine, de pé na casa de banho, olhou-se ao espelho. A pele estava um pouco mais pálida do que o normal, mas considerando que atualmente usava menos maquilhagem do que o habitual, estava a ficar habituada a isso. Tinha também algumas olheiras. Parecia um pouco cansada, mas ao mesmo tempo, estava feliz. Sorriu. Respirou fundo e passou uma mão pela barriga, que começava a crescer. Era suposto ainda ir crescer mais e mais. Celine iria ficar com dores nas costas e teria alterações de humor, mas não estava demasiado preocupada.

Passara um ano desde o ataque na mansão e depois de muito tempo a tentar e com a ajuda da doutora Deborah Reynolds, da medicação e tratamentos, Celine conseguira engravidar. Estava agora no quarto mês da gravidez. Os primeiros três meses tinham sido complicados. Tinha enjoos matinais quase todos os dias, mas felizmente isso já passara. E ainda que os enjoos e mal-estar fossem incomodativos, Celine olhava em frente, porque no fim de tudo, haveria um bebé, que era o que ela mais queria, portanto qualquer sacrifício que fizesse seria justificado.

- Querida, vou descer para tomar o pequeno-almoço – disse a voz de Cole, do lado de fora da casa de banho. – Queres vir agora?

- Estou um pouco cansada – respondeu Celine, saindo da casa de banho. O marido já estava pronto, tomara um duche, vestira um fato e depois de tomar o pequeno-almoço, iria trabalhar para a empresa. – Acho que vou pedir à Zelina se me pode trazer o pequeno-almoço ao quarto. Desculpa.

- Não faz mal, talvez seja mesmo melhor descansares – disse Cole, trocando um beijo com a esposa. Depois, pousou uma mão na barriga dela e sorriu. – E vê se comes, porque tens de te alimentar por dois.

- Eu sei, eu sei. Vens almoçar a casa?

Cole indicou que sim, deu-lhe mais um beijo e abandonou o quarto. Celine foi até à janela, arredando as cortinas para o lado e olhando para o jardim. Tudo parecia calmo, como de costume. Passou mais uma vez a mão pela barriga. Ela e Cole tinham decidido que não queriam saber o sexo do bebé até ele ou ela nascer. Pelo menos, era essa a ideia, no entanto Celine dava por si cada vez mais curiosa. Achava que passados uns meses, iria querer saber, para poder comprar coisas a condizer com o sexo, mas para já, era melhor manter as coisas assim.

Ainda que tivesse só passado um ano, quase parecia que tinha sido mais tempo. Celine lembrava-se do interrogatório a que todos tinham sido sujeitos, no dia seguinte ao ataque. Lembrava-se também de como Flint acordara do coma, um mês mais tarde, sem se lembrar dos dois últimos dias antes do ataque. De qualquer forma, Jerry, o seu comparsa já tinha feito um acordo com a polícia e falara de como a ideia fora de Flint. Ele apenas o seguira. O nome de Ryker ou Tadeo não fora mencionado.

Lembrar-se de Ryker fazia Celine sentir-se dividida. Tentara dar uma oportunidade ao cunhado, quisera que ele fizesse as pazes com o irmão e tinham-se aproximado, com Ryker tentando defendê-la da mãe, mas no fim de contas, Ryker estragara tudo. Não que a culpa do ataque fosse totalmente dele. Flint agira por sua conta e risco, mas se Ryker e Tadeo não tivessem estado metidos em esquemas com ele, o resultado final teria sido muito diferente.

Ford e Zelina tinham sobrevivido e recuperado, mas Zelina ficara com algumas limitações no seu braço. E ninguém conseguia apagar o medo e terror daquele dia. A mansão era supostamente segura. Celine sentira-se bem ali, sempre, no entanto depois do ataque, começara a ter medo constante. Cole colocara novos meios de segurança, mas durante dois meses a esposa dormira mal e exigira que todas as portas e janelas estivessem sempre fechadas e trancadas a não ser quando fosse mesmo necessário.

Cole tinha contado à esposa, à governanta, ao irmão e até à secretária o que Ryker e Tadeo tinham feito. Assim que tinha recebido o dinheiro da venda da sua parte, Ryker fora embora. Despedira-se de Celine, que na altura se mostrara fria e desaparecera da vida deles. Ford e Zelina ainda estavam no hospital, mas não fora vê-los. Simplesmente, fora embora de forma tão abrupta como aparecera na mansão. Tadeo, por seu lado, fora embora assim que dera o seu depoimento à polícia. A última pessoa com quem falara fora Cole, que lhe dissera que se o voltasse a ver, o faria em picadinho.

A Família SandersonWhere stories live. Discover now