A Família Sanderson

Capítulo 8: A Nódoa da Discórdia

Mrs. Copperwall já estivera presente em vários dos bailes dos Sanderson. No geral, eram bailes comuns, divertidos, em que se falava com pessoas e se dançava um pouco também. Havia o concurso de dança, que tornava tudo mais interessante, claro, mas de resto, era um baile comum. A bebida era boa, a comida também. Mrs. Copperwall, Vera, para os mais chegados, lembrava-se, no entanto, de um ou outro baile mais memorável. Num deles, um dos convidados, ao dançar, caíra e uma ambulância acabara por ter de ser chamada. Noutro ano, uma mulher tivera uma reação bastante má a alguns aperitivos e vomitara. Não um vómito normal, mas vómito projetado. Fora nojento e ao mesmo tempo, divertido.

Mas aquele baile atual parecia bater os outros. Nunca, que Mrs. Copperwall se lembrasse, fora um convidado expulso, pelo menos não da forma como estava a acontecer agora. Uma mulher, a ser arrastada pela governanta. A mulher debatia-se, o vestido roxo a arrastar-se atrás dela. Mrs. Copperwall sabia quem ela era. Audrea, claro, que namorara com Cole. Vera Copperwall conhecera-a, não no baile dos Sanderson, mas noutro evento e não gostara dela. Pensou para si mesma que aquela mulher devia ter feito algo grave, para estar a ser arrastada assim.

- Largue-me, sua selvagem! – exclamou Audrea. Havia um mar de olhos fixos no que estava a acontecer. Algumas pessoas pareciam chocadas, outras divertidas. Havia murmúrios e sorrisos contidos. Audrea gostava de ser o centro das atenções, mas não daquela forma. – Vou processá-la!

- Processe, se é isso que quer, sua rameira! – exclamou Zelina. Aquilo dava-lhe uma certa satisfação.

Mas Audrea estava determinada em tornar o que era complicado ainda mais difícil. Com um puxão, conseguiu soltar-se de Zelina e começou a tentar afastar-se. No entanto, Ford, que já esperava algo assim, foi atrás dela e soltou-lhe para cima, literalmente. Audrea foi atirada ao chão, soltando uma exclamação. Algumas pessoas tinham agora os telemóveis na mão e estavam a filmar o momento. Os dois fotógrafos continuavam a tirar fotografias. Ford levantou-se, agarrando Audrea e chamando pelo segurança. O homem não demorou muito tempo a aparecer.

- Leve esta mulher daqui e certifique-se que ela não volta – pediu Ford.

- Vocês vão arrepender-se disto! – exclamou Audrea. O segurança fez menção de a agarrar e ela deu-lhe um estalo. – Largue-me já, seu filho da mãe! Não podem mandar-me embora.

- Esta mansão não é tua e vieste aqui sem convite! Desaparece! – gritou Ford.

Cole estava hesitante sobre o que fazer. Celine aproximou-se mais dele e tocou-lhe num braço. Pronto, o baile perfeito estava arruinado, não havia nada a fazer. O segurança acabou por agarrar Audrea por um lado e Zelina pelo outro. Aos gritos e tendo perdido um sapato pelo caminho, Audrea foi levada dali. Ford seguiu os outros também. As pessoas continuavam a falar entre si, chocadas. Cole suspirou. Teria de dizer algo. Não podia simplesmente fingir que nada daquilo se passara.

Era embaraçoso que tivesse tido uma cena assim num dos seus bailes. Quando fora o pai o anfitrião, nunca acontecera algo assim. Ross Sanderson parecia ter forma de manter as coisas em ordem. Cole respirou fundo. Não era como se fosse culpa sua. Não convidara Audrea. Ela aparecera de forma inesperada, obviamente interessada em causar confusão. Cole aclarou a voz e fez um gesto ao DJ, que estava a controlar a música. A música parou e Cole avançou para uma ponta do salão. Os olhares das pessoas seguiram-no.

- Peço imensa desculpa por esta confusão – disse ele. Não sabia até que ponto devia ou não contar pormenores. Passou os olhos pelas pessoas, que continuavam a cochichar entre si, algumas olhando-o diretamente, outras de soslaio. Optou por tentar resumir, para passar à frente daquilo o mais depressa possível. – Aquela mulher não tinha sido convidada, invadiu o baile e tentou causar confusão. Pedimos para ela ir embora, mas como não quis ir, a bem, tiveram de ser tomadas outras medidas.