Capítulo Seis

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── Como assim eu não existo? Será que sou tipo um espírito? ─ Bokuto questionou brincalhão enquanto andávamos lado a lado em direção a estação de metrô.

── É só que você é diferente das outras pessoas.

── Mas todas as pessoas são diferentes.

── Você é diferente do diferente. ─ Afirmei e levei meu olhar até o seu.

── Como assim?

── Ah, sei lá, você é energético, amigável, divertido. Diferente.

── Acho que entendi, você também é diferente.

── Sou?

── É, se não eu não te consideraria uma amiga. ─ Eu deixei uma risada escapar enquanto voltei a atenção para o caminho.

Nós andávamos a poucos minutos desde a saída do bar e ainda tínhamos um longo caminho a nossa espera, o clima era agradável e a conversa que mantínhamos também, Bokuto, por mais que não estivesse dentre o padrão de pessoas nas quais eu sou próxima era alguém legal de se ter por perto, ele tinha o dom de nunca deixar um ambiente desconfortável ou permitir que o assunto morra.  

Ao chegarmos na estação eu tentei me despedir dele mas o garoto insistiu em me acompanhar até em casa e eu cedi. O metrô não tardou em chegar e nós logo embarcamos no mesmo, o vagão, pelo horário, estava vazio.

── Viu só, vazio, disse que não precisava se abalar tanto ao ponto de me acompanhar no metrô. ─ Comentei com o tom de uma mãe que sempre tem razão.

── Não vai me matar te acompanhar, [Nome], ja disse.

Revirei os olhos dando um pequeno sorriso amigável e encarando a parede do túnel pela janela do outro lado do vagão.

Não muitas estações depois nós saltamos do transporte e voltamos a caminhar, o clima era agradável lara meu gosto, com isso quero dizer que fazia um frio que poderia ser insuportável para alguém sem um moletom grosso, mas por sorte eu nunca saia sem o meu.

Eu não morava muito longe da estação o que acarretou chegarmos a minha casa no meio de uma conversa animada sobre o qual dos nossos professores dava mais sono. Ao pararmos na frente da casa eu observei que tudo estava apagado, provavelmente todos ja dormiam.

── Chegamos, quer entrar? Beber uma água, usar um banheiro...

── A não, não se preocupe, estou ótimo! E preciso voltar antes que a estação feche.

── Verdade né. Mas muito obrigada pela companhia no caminho, te devo uma.

── Não foi nada! Eu só retribui o favor da ajuda com as contas de matemática. Até segunda, [Nome]

── Até.

A essa altura ja estávamos um pouco longe um do outro e eu acenava para o platinado, esperei então ele se virar completamente e abri a porta de casa evitando fazer qualquer barulho. Ao entrar, estava virada de costas para o resto da casa trancando a porta e tirando meus tênis de qualquer forma quando ouvi um barulho, uma tosse forçada de uma garganta ja não muito nova.

Senti meu corpo arrepiar por inteiro com a surpresa pelo som ouvido e demorei alguns segundos para me virar acendendo a luz da sala e tendo visão da pior pessoa que poderia ver no momento, minha mãe.

A mulher que era um pouco mais baixa que eu, tinha seus cabelos castanhos amarrados em um coque e usava um pijama antigo estava apoiada contra o batente da porta que separava seu quarto da sala de estar.

── Quantas risadas do lado de fora, acha isso um horário apropriado?

── Mal passa da meia noite e de verdade achei que você nem estaria em casa.

𝐈 𝐖𝐀𝐍𝐍𝐀 𝐁𝐄 𝐘𝐎𝐔𝐑𝐒 | Kōtarō BokutoWhere stories live. Discover now