CHAPITRE SOIXANTE-SIX

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° PHIILIP

- Pare aqui, pare aqui! - bato no banco do motorista quando vejo uma conveniência aberta.

- O que quer aqui? - André pergunta.

- Preciso comprar uma coisa, não saiam sem mim.

- Esqueça ele aí, motorista, ele sabe de mais. - André sussura muito alto.

Saio do carro e vou direto para a área de sorvetes, precisamos agradar, certo?

Peguei alguns de baunilha e o único de amendoim, Violet adora. Fui até o caixa e passei os sorvetes, entreguei o dinheiro ao caixa e voltei para o carro.

- Tudo isso é medo de ser traído, Phillipzinho?

- Vá a merda, André.

Agarrei meus sorvetes e observei o caminho até a casa dela, espero que ela não me ignore dessa vez.

- Eu acho que vou para casa. - André disse quando chegamos na portaria de Violet.

- Não - olho para ele. - Não vou enfrentar ela só.

- Eu sou o pai, ela não pode me ver bêbado.

- Porra, André, não fode! Você vai comigo sim! - olho para o saco cheio de sorvete. - Eu te dou um pote de sorvete se for comigo.

André pensou um pouco e suspirou.

- Certo, eu vou, gosto desse sorvete.

André pagou o táxi e nos apresentamos na portaria

No elevador seguimos para o andar de Viol e eu tinha que ouvir o homem cantar uma música sem sentido, provavelmente acabou de inventar.

Bati na porta de seu apartamento e mostrei o pote de sorvete quando abriu a porta.

- Baunilha, baunilha, baunilha, amendoim, baunilha...

- Entrem. - ela me cortou e deu passagem.

Entrei primeiro que André e segui até o sofá em silêncio.

- Vou te colocar no quarto para dormir, vamos. - Violet arrasta André até o quarto e eu vou para a cozinha guardar os sorvetes.

Me sento numa cadeira e começo a pegar as uvas que estavam na fruteira na minha frente.

Uva verde sempre vai ser a minha favorita.

Eu posso ir para minha casa e dormir lá, mas eu acho que preciso conversar com Violet.

Nós aprendemos que um problema precisa ser comunicado para existir, mas assim é impossível. É meio difícil que ela me cobre uma coisa que nem ela pode fazer sempre. Eu entendo que determinadas coisas vão pertencer apenas a ela, mas me deixar assim é ridículo.

Ouvi o barulho de Agnaldo se aproximando, lentamente...

- Sem me atacar hoje, encapetadinho, já estou perturbado o suficiente. - procurei o pato no chão e o encontrei do meu lado esquerdo bem quieto, como se me entendesse. - Quer uma? - ofereci a uva e o pato se aproximou. - Pega!

Joguei a uva e o pato pegou antes de chegar no chão.

- Por acaso você é um cão em pele de pato? - serrei os olhos - Late! - o pato grasnou alto e joguei outra uva. - Bem convincente com esse latido fingido. - joguei uma uva na minha boca. - Venha aqui, Agnaldo, vamos selar a paz. - peguei o animal no colo e fiz carinho na sua cabeça. - Eu quero a sua mãe, então você tem que me aceitar junto. Se você parar com isso, te dou uva todo dia.

Agnaldo encostou a cabeça na minha mão e selamos a paz.

Porra, esse bicho precisa ser estudado, daqui uns dias ele vai chamar meu nome.

- Agnaldo está no seu colo? - a mulher perguntou quando dividi uma uva com o pato.

- É o que parece. - dei de ombros e olhei para a cadeira do meu lado quando foi arrastada.

- Vamos para meu quarto dormir?

Suspirei e olhei para seus olhos.

- O que está acontecendo? Não fala comigo, não me atende, ignora a bosta das minhas mensagens... O que aconteceu com a comunicação não agressiva?! Você só quer meu corpo, Violet?- passei a língua nos lábios.

- Só estou com muita coisa na cabeça, Phillip, precisava de um tempo. - reparei nas mãos se apertando.

- Por que está mentindo? - perguntei mais sério. - Pode ser sincera comigo.

- Não estou mentindo, é is...

- Está com outra pessoa, Violet? - passei a mão no rosto depois da pergunta, minha língua está meio solta.

- O que?! Acha que estou tendo um caso?! - ela me olha incrédula. - Você só pode estar muito bêbado para me fazer uma pergunta dessa.

- Seu pai que falou.

- Que estou te traindo?!

- Que as mulheres se afastam quando tem alguém. Disse que precisam ser conquistadas todos os dias, que precisam de mais... Bom, - mexo no que sobrou das uvas - não parece muito satisfeita comigo.

- Phillip, me escute...

- Não precisa me explicar, - sorrio sem mostrar os dentes. - Vou para minha casa, se quiser me falar o que está acontecendo, sabe onde me encontrar.

Coloco o pato no chão e ajeito a cadeira no seu lugar.

Dou um beijo em sua cabeça e caminho até a porta, mas seu corpo me impede antes de chegar na porta.

- Não vou te deixar sair bêbado daqui. - ela põe as mãos na cintura.

- Não estou bêbado. - imito sua posição.

- Não?! - ela me olha de cima a baixo. - Faça o quatro então.

Olho para ela.

- Quer que eu fique de quatro para você?! Seu pai está naquele quarto...

- O quatro, Phillip. Essa posição. - ela leva sua perna esquerda até seu joelho direito e se equilibra num pé só.

Isso é fácil.

Quando levei minha perna direita para a esquerda me desequilibrei e caí na sua frente.

De quatro.

- Vamos para o quarto. - ouvi sua risadinha ao me ajudar a levantar. - Obrigada pelos sorvetes.

- Por nada.

O curto caminho foi silencioso, me sentei na cama para tirar o sapato social.

- Não estou tendo caso com ninguém, se quer saber. - A mulher se sentou do meu lado. - Sim, precisamos conversar, mas preciso de você sóbrio para isso.

Olhei para ela e senti que pisquei lentamente.

- Se você me der um banho, banho de água do chuveiro, não da chuva. - expliquei. - Eu fico sóbrio, mesmo que eu já esteja. - deitei na cama e encolhi os pés para não bater nela sem querer.

- Durma e amanhã conversamos. - seu corpo deitou ao meu lado e desci chegando mais perto e agarrando sua cintura, senti o cheiro de hidratante de baunilha. - Sua barriga está muito cheirosa.

Senti seus dedos no meu cabelo e me aninhei mais ali.

- Por que está longe? - sussurrei. - Estou ficando doido. Se alguém estiver te incomodando me diga que vou até o inferno atrás dele.

Ou dela, já que a única que deve estar tirando sua paz é Monalisa.

- Amanhã conversamos, Phill.

Abri meu olho e assenti empurrando levemente seu corpo.

Não vou insistir nisso.

- Ok. - levantei e juntei meus sapatos, colocando ao lado de seus saltos no pé da cama. - Vou tomar banho.

Fui até o banheiro e fechei a porta, mostrando que queria ficar só.

Até Que Sejamos Um - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora