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Rodolffo e Juliette  continuaram se agarrando sempre que se viam e muitas vezes se procuravam.

Da parte de Rodolffo havia o desejo de levar a relação a outro nível mas Juliette dizia que estava bom assim.
Nada de compromissos por enquanto.

Hoje no escritório, Rodolffo teve a visita de um ex amigo.  Um daqueles que o abandonaram naquela noite na boate.
Soube que ele era advogado e estava precisando dos seus serviços.

Rodolffo recebeu-o e ouviu uma série de explicações sobre a noite que para ele não fizeram muito sentido.

Ouviu sobre o destino dos outros colegas e por um instante lembrou-se de Telma.

- A Telma.  Que é feito dela?

- Ninguém sabe.  O que eu sei é que logo depois de desapareceres ela apareceu grávida.  Andava à tua procura mas ninguém sabia nada.
Depois foi vista com um tipo que tinha várias prostitutas a trabalhar para ele.  A gravidez já estava avançada.  Após isso ninguém mais a viu.

- Bom.  Vou indicar-te um colega meu.  Expõe-lhe o teu problema.   Por razões óbvias não quero representar-te.

- Obrigado e peço desculpa por tudo.

Juliette ligou para Rodolffo para se verem à noite.

- Ju, hoje não posso.  Aliás até queria pedir-te se podia deixar aí o Miguel.  Preciso de resolver um assunto urgente.

- Urgente, é?  Está bem.  Podes trazê-lo.

Apesar de não terem compromisso nenhum, Juliette ficou desconfiada.
- Resolver assuntos à noite.   Sei bem que assuntos são esses.

Rodolffo levou o resto da tarde a pensar no que o amigo tinha dito.

"logo depois de desapareceres a Telma apareceu grávida "

Será que era meu?  Ela bem disse que não estava a ficar com mais ninguém.
Preciso de esclarecer isso.

Chegou a casa  deu o jantar a Miguel,  comeu um pouco pois o assunto tinha-lhe tirado o apetite, colocou o pijama e uma muda de roupa do filho numa sacola e foi para casa de Juliette.
Levou também a mochila da escola.

- Oi, disse para Ju depois de dar um beijo em Leonor.
Aproximou-se dela para a abraçar mas ela afastou-o.

- O que foi Ju?  O que eu fiz?

- Que assunto é esse que vais tratar à noite?

- Ju!  Não estás disposta a avançar na relação então não venhas com cobranças.  Não vou fazer nada de ilícito.
Vou procurar esclarecer um assunto do passado. 

- Aposto que mete mulheres.

- Mete mulheres mas não como julgas.

- Não julgo nada.  Como tu dizes nem devo.

- Vem cá.  Deixa-me abraçar-te.

- Podes ir agora.  O Miguel está entregue.

- Se eu resolver rápido, posso voltar e ficar contigo?

- Não.  Vou dormir cedo.

- Tá.  Não ganho nem um beijo?
Larga de ser ciumenta.

- Ciumenta, eu?  Não te dou esse gostinho.  Vai lá.  Tchau.

Passei por ela e roubei-lhe um selinho.

Rodolffo até saiu satisfeito.   Se ela tem ciúmes é porque gosta mesmo de mim.

Chegou à boate que outrora frequentava e dirigiu-se ao bar.  Por sorte o barman ainda era o mesmo e imediatamente o reconheceu.

- Boa noite Rodolffo.  Há quantos anos!

- Boa noite.  Há alguns.  Como vai tudo por aqui?

- Diferente daquela época.   Aquele episódio lá atrás trouxe grandes problemas para nós.  Só há cerca de um ano é que conseguimos recuperar 100%.

- Quase acabou com a minha vida.   Não tivesse eu fugido para Portugal e talvez estivesse preso por um crime que não cometi.
Acredito que a investigação foi mais a fundo por eu ter desaparecido.

- Não sabia que tinha ido para Portugal.  Pensei noutro País aqui mais perto.

- E a galera daquela época continua a vir cá?  As paqueras?

- Poucos.  As moças ainda vêem algumas.  Aqui têem clientes certos.

- A Telma.  Tem visto?

- Não.   Depois que engravidou não veio mais aqui.  Olhe chegou a Lisa, a amiga dela na época.  Lembra-se dela?

- Lembro.  Andavam sempre juntas.

- Vou ali para aquela mesa.  Diga para ela pedir o que quizer e ir ter comigo.

A Lisa chegou ao balcão,  pediu uma bebida e num instante estava com Rodolffo.

- Boa noite Lisa.

- Boa noite.  Olha o desaparecido!

- Foi Lisa.  Voltei.

- Tanto que eu e a Telma te procurámos.

- Porquê?  Nós não tínhamos nada oficialmente.   Era só uma paquera.

- A Telma ficou grávida.   De ti.

- Ela tem a certeza?  Eu sempre procurei cuidar-me.

- Olha, eu acreditei nela.  Ela dizia que só andava contigo.

- E onde está ela.  A criança nasceu?

- A criança nasceu.  Onde está não sei.  A Telma foi com o homem para quem trabalhava para a Turquia.

- Achas que levou a criança?

- Não.   Ela quis abortar mas depois arrependeu-se.
Sempre dizia que ia dar a criança assim que nascesse.
Tenho a certeza que ela foi sem a criança.

- Obrigada Lisa.   Se tiveres notícias da criança avisas-me?  Toma o meu cartão.
Podes pedir outra bebida lá no bar.  Já vou pagar.

Lisa guardou o cartão e dirigiu-se ao  bar.

Após alguns minutos Rodolffo pagou a conta e saiu dali.

Entrou no carro, tentou digerir toda a informação e regressou a casa.

Ainda era cedo.  Será que Juliette ainda está acordada?  Hoje era ele quem precisava de um abraço.
Mas não ia incomodar.

Mandou apenas uma mensagem.

" já estou em casa.  Precisava tanto de ti"

Ela  não visualizou.

Juliette conforme tinha dito, depois de colocar as crianças para dormir, tomou um comprimido e deitou-se.
Tinha passado o dia com dor de cabeça então não tinha mentido.

Na manhã seguinte levantou e preparou as crianças para a escola.

- Miguel, vou mandar mensagem ao pai.  Eu levo-te à escola junto com a Leonor.

Abriu o telemóvel e só então viu a mensagem.

" Bom dia.  Na verdade dormi mesmo cedo.  Levo o Miguel para a escola.  Vem jantar connosco logo.
Beijo"

Rodolffo por seu lado não conseguiu dormir muito.  Ouviu o som de mensagem,  abriu o telemóvel e após ler a mensagem, sorriu virando-se para dormir mais um pouco.  Podia ficar pelo menos mais 1,30 min na cama.

Agradeceu baixinho.  Obrigado Ju.


Dá-me um abraçoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora