Como um maremoto

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Alice

Recusar um convite da Didi? Não fiquei doida ainda!!! - respondi sorrindo após seu convite para o aniversário do tio Jorge.

- Combinado então lindona - ela me falou com doçura - Estaremos te esperando!!! Um beijo.

- Didi - chamei sua atenção antes que desligasse.

- Diga, meu bem!

- Sei que é demais te pedir isso, mas eu não queria encontrar com a Laura - falei da boca pra fora o oposto do que sentia no coração - Pode me dizer o horário que ela vai mais ou menos para eu saber?

- Ah!!.. Hummm - parecia pensar para responder - Geralmente ela aparece quando a festa já está quase no fim, mas não se apegue a isso - falou carinhosamente - O que tiver que acontecer, vocês podem tentar evitar, mas não terá como.

- Eu sei Didi - concordei sem muito entusiasmo - É só coração machucado mesmo.

- Eu te entendo, mas também te digo que não existe dor que dure pra sempre e o amor, ainda é o melhor remédio para todas as feridas. Pensa com carinho. Um beijo.

Desligou antes que eu pudesse concordar ou discordar, me deixando surpresa com a resposta.

Tenho plena ciência de que tenho conseguido ser forte e resistir aos encantos, presentes e ligações da Laura porque me privei de vê-la. Desde o dia que fui embora de sua casa, não a vi mais. Não atendi nenhuma ligação pois no primeiro "amora" que ouvisse, já estaria de volta, jurando amor eterno. Sinto demais a falta dela na minha vida. Tenho a impressão de que tudo que faço está incompleto.

Minhas últimas conquistas foram inspiradoras e me orgulho muito, no entanto, não compartilhar com ela que dentre todas as pessoas que me cercam é a única que entende o que significa de fato arrematar uma empresa em um leilão, me dói a alma.

Várias e várias vezes peguei o celular e até liguei, mas antes de dar o primeiro toque, desliguei. O aplicativo de mensagens então, nem sei quantas e quantas vezes já li e reli tudo o que tem escrito ali. Nossas conversas, nosso carinho, fotos, áudios, memes, figurinhas. Na rede social sou a principal stalker. Sinto demais sua falta. Sinto de um jeito que jamais imaginei que poderia sentir falta de alguém.

O convite da Didi, me estremeceu.

Cogitar a possibilidade de estar frente a frente com ela, me arrepia todos os poros. Sinto um calafrio que percorre toda minha espinha e o coração vem bater na boca.

Não faço ideia de como agir caso a veja. Não sei se vou conseguir esconder minha cara de boba e de quem está morrendo de saudades. No entanto, não sei se esse tempo já foi suficiente para ela entender que me magoou, e magoou muito. Poxa! Eu jamais esconderia aquela informação do Joseph caso eu tivesse lembrado antes, mas ela sequer quis me ouvir e ainda me humilhou deixando evidente que o que pensa sobre mim, é que sou interesseira. Logo eu, que nunca quis nada dela. Isso me magoou profundamente.

Entre pensamentos e cogitações, adormeci desejando estar embalada e protegida nos braços da Laura, como todas as noites desde que não estamos mais juntas.

Aproveitei o pique matinal para organizar as prospectivas e traçar metas para a valorização da empresa e tirei a tarde só para me cuidar.

Dona Chica fez sua hora do almoço comigo no shopping e me ajudou a escolher uma roupa pra festa. Comprei uma camisa para o tio Jorge e retoquei o corte do cabelo que já estava comprido.

Às dezenove horas já estava no carro a caminho do terreiro de Didi. A festa que estava prevista para ser a partir das dezoito e sem hora para acabar, certamente estava só no começo, período esse que segundo a Didi, Laura não estaria.

AmorasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora