51 - the lakes

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i fall apart with all my heart,
and you can watch from your window
— Tennis Court, Lorde

Haviam passarinhos cantando do lado de fora e cheiro de café da manhã inglês no ar.

Louis abriu um olho, achando a luz da manhã entrando escassa através do tecido da cabana, chegando um tanto esverdeada no colchão, nos lençóis no chão, em seus olhos e em Harry, deitado ao seu lado.

Ele não se atreveu a se mexer, não se atreveu a mover um dedo sequer, com medo de perder a imagem que tinha agora: Harry, deitado ao seu lado, de costas para Louis, com nada além de um calção, a corrente dourada e meias nos pés. Dormia pacificamente, com uma das mãos embaixo do próprio travesseiro enquanto o outro braço estava estendido para lá. Os cachos bagunçados e jogados por cima da fronha bege, o maxilar relaxado e os olhos fechados delicadamente.

Louis ergueu a cabeça devagar, umedecendo os lábios, tomando cuidado para não acordá-lo, e o olhou de cima, pensando que em algum momento da noite Harry tirou o casaco que vestia e o jogou aos seus pés.

Louis sorriu, as bochechas corando, e se viu ali, dentro da mesma cabana que Harry, sorrindo feito um bobo apaixonado para Harry. Viu toda sua vida se resumir àquilo, àquela cabana, à respiração serena que fazia seu peito subir e descer sob a claridade mansa; viu seu mundo se reduzir àquele espaço e tempo, à Harry e ao que sentia no fundo de seu peito, aquele sentimento bom que não possuía nome nem forma mas o fazia sorrir sem jeito, sem medo que acabasse, sem preocupação em segurá-lo, apenas mergulhando ali. E Louis estava bem, nunca esteve melhor, poderia viver daquela forma eternamente, naquele momento eternamente, assistindo Harry dormir.

Ele comprimiu os dedos dos pés, os estalando, felizinho, e decidiu se levantar antes que acordasse Harry sem querer. Mas decidir isso em pensamento era mais fácil do que executar de fato. Louis mordiscou o lábio inferior com nervosismo, tentando conter o sorriso que só crescia e crescia e crescia. Tinha que sair dali, mijar, tomar café da manhã-

— Eu sei que você está me olhando. — A voz de Harry soou, e Louis só entendeu que ele estava acordado quando viu a pequena covinha surgindo na sua bochecha.

Louis gaguejou, pego no flagra, sem conseguir achar algo concreto pra falar, então só se jogou por cima da lateral de Harry, deixando sua cabeça pender ao lado de suas costelas.

— Não sabe, não. — resmungou, inspirando seu cheiro, sentindo o calor de seu corpo, e sorrindo de novo.

— Louise acordou com aquele papo político de novo? — Harry perguntou, a voz rouca de sono, os olhos ainda fechados. — Estão fazendo café inglês e não panquecas como os americanos. — Ah, sim, Louise não defendia o patriotismo, apenas defendia a não-americanização das coisas.

— Não sei. Não levantei ainda. — respondeu, esticando um dedo curioso na direção do braço esticado de Harry, subindo-o pelos músculos de seu bíceps e o descendo mais um pouco para dedilhar sua veia esverdeada.

— Estava me esperando?

— Não. — Louis mentiu, sabia que Harry sabia a verdade. — Só estava pensando em como sairia daqui já que você me espremeu no canto da cabana e ficou com a cama inteira pra você e Dylan.

— Ei, não fale do seu irmão, ele não está aqui para se defender! — Era engraçado escutar Harry tentando demonstrar algum sentimento na voz quando tudo o que saía era sono.

— Então confessa que veio pra cima de mim durante a noite? — Louis perguntou, erguendo o queixo para olhá-lo.

— Não. Foi você que veio pra cima de mim, seu bobão. — Harry respondeu, sonolento, se espreguiçando e esticando os pés entre os pés de Louis.

august (larry's version)Where stories live. Discover now