48 - peace

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suddenly, the summer, it's clear.
— peace, Taylor Swift.

A grama alta farfalhava, os ramos de lavanda esbarravam um no outro, soltando o aroma adocicado que carregava memórias de infância. De baixo, tudo parecia um sonho, o céu azul anil, com nenhuma sequer nuvem, acima, reluzente. O vento que soprava manso lhe acariciava a ponta do nariz, sussurrava em seu ouvido: estamos bem, estamos bem, estamos bem.

Estamos bem.

Louis escutava os resmungos das folhas que amassou ao deitar-se, inclinando o rosto lentamente para o lado, achando seus cachos um tom mais claros sob o sol, seus olhos fechados pacificamente, a corrente dourada contrastando com o verde ao redor.

Seu peito subia e descia calmamente, do jeito que todos os peitos deviam subir e descer, em paz. Era aquilo: paz. Paz caminhava sobre o peito de Harry, perambulando feito um passarinho pulando por um galho, gastando tempo, escolhendo para onde ia agora.

A sensação se igualava as vezes que eles saíam por aí, caminhando pelas trilhas, até as colinas e clareiras, até onde o balanço ainda estava, até onde o oceano encontrava a pedreira e o som das ondas quebrando contra as rochas chegava em lufadas de vento lá em cima.

Se fosse possível, Louis diria que conseguia ver átomo por átomo de Harry; que conseguia ver as partículas que flutuavam no ar discretamente, que conseguia ver o sol olhando para baixo, para eles, e vendo o que Louis via deitado entre eles dois agora: paz.

Era como os dias da primavera, quando chovia intensamente, por tempo demais, até que, de repente, o céu se abria, as nuvens desapareciam e lá estava: o sol — o silêncio após os trovões. O silêncio, ah! Nunca tinha sido tão abençoado. Nunca tinha sido tão bem vindo.

Eles estavam bem. Bem. Estavam bem. Não havia mais guerra. Não havia mais perigo. Não havia mais espaço que os separasse. Estavam bem, sob o sol, sobre a grama, ao lado do lago, no meio do jardim que parecia mais vivo que nunca.

E era isso, apenas isso. Louis estaria satisfeito se fosse só isso. Estaria satisfeito por poder se deitar ao lado de Harry. Estaria satisfeito por conversarem normalmente sobre qualquer coisa, por entrar no banheiro todas as manhãs e escovar os dentes ao lado de Harry, com o quadril colado no dele; estaria satisfeito com as provocações e implicâncias de sempre. Embora quisesse mais — sempre queria mais, mais de Harry, mais daquele sentimento que fazia seu estômago pular — poderia viver com aquilo.

Louis tinha aprendido da pior forma que não ter Harry era pior que tê-lo só como amigo, mesmo quando seus sentimentos não eram congruentes com a situação. Finalmente, eles estavam juntos, tinham voltado a ser Harry e Louis e Louis e Harry — e consequentemente tudo parecia ter voltado ao seu devido lugar.

— O almoço tá pronto! — A voz de Lorelai ecoou pelo quintal e passos apressados dos gêmeos estremeceram o solo.

Louis e Harry se ergueram ao mesmo tempo, seus olhos se encontrando como sempre se encontravam, o coração de Louis despencando alguns metros apenas por olhá-lo ao dizer:

— Quem chegar por último lava a louça. — desafiou, pondo-se de pé rapidamente antes de disparar em direção a varanda.

august (larry's version)Where stories live. Discover now