77 | Shot At Night

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—Você o tratou que nem merda, naqueles dias.

Uma risada amarga surgiu em minha garganta.

Ah, vamos lá, D. Já estamos irritados.

Vamos continuar falando de merda de cinco anos atrás, como se isso fosse aliviar qualquer tensão sobre o que eu estou sentindo nesse exato momento...

Ele não, certo? -devolvi —Ele fez mais que certo, em colocar uma foto em que eu estava completamente indeiscente, para provar o quão fraca era a minha carne?

—Você tornou aquilo público antes de ele o fazer.

Verdade.

É. Eu quem fui simular aquela entrevista para a RollingStones e implorar para que desassociassem a minha imagem à dele, mesmo que as acusações fossem verdadeiras. Porque eu estava no início da carreira, estava frustrada por todas as pessoas dizendo que eu não seria nada se não fosse Matthew -o que, de certa forma, foi verdade por um longo período de tempo - e porque eu estava arrasada.

Porque eu não aguentava mais reviver a minha história com ele, sabendo que nunca daríamos certo. E porque eu não sabia administrar os meus sentimentos e, muito menos, a minha carreira.

Pensando bem, as coisas não mudaram tanto assim...

—Há merdas entre eu e Matthew. Nós dois estamos pagando pelos nossos pecados e é difícil para caralho, tá bom? -joguei, me sentindo já cansada —Eu ouvi os seus conselhos. Eu absorvi eles, porque gosto de você. Mas, o que aconteceu antes e o que for para acontecer agora, não é da sua conta.

Dylan olhou para mim, como se estivesse me avaliando. Como se estivesse impressionado pela minha resposta e, de certa maneira, eu me senti satisfeita por ter falado aquilo.

Porque eu queria muito ter todos eles de volta. Eu queria recuperar todo o meu tempo perdido e eu queria me sentir parte da família, mais uma vez.

E ver Natalie... ver como ela agia com tanta graça perto dele e como Matthew era incapaz de ser grosseiro ou incorreto com ela, coisa que ele já fez comigo diversas vezes, ou ver como aquela mulher tinha ocupado um espaço na vida de todos eles me deixava cheia de inveja. Inveja que me consumia e me fazia ser apenas uma criança, mentalmente.

Eu poderia me esforçar, para tomar o que era meu, mais uma vez. Para ser mais participativa na vida de Mary, como ela tentou fazer comigo por todos aqueles anos, apesar de eu acabar agindo de maneira impessoal demais, porque falar com  ela me doía, antes. Para fazer Alex se abrir comigo mais uma vez, coisa que eu tinha demorado muito a conseguir, na época em que namorei Matthew. Para ser alvo das piadas de Graham ou para ter o acolhimento de Carly...

Eles nunca tinham sido maldosos comigo, ou eu com eles. Mas é claro que os laços se fragibilizarão, se você passar 7 anos sem conversar com as pessoas. É claro que elas vão seguir suas vidas, independente da sua presença... Mas...

Dylan deveria ser diferente.

Ele foi meu melhor amigo, por um tempo. Ele foi quem mais esteve comigo, quando as crises de Matthew começaram e ninguém sabia como agir. Ele e eu compartilhamos de uma mesma dor, por meses.

Aquele homem não tinha o direito de ser frio comigo. Principalmente, não depois de as coisas melhorarem tanto, entre nós.

—Jesus, você está sensível.

Revirei os olhos.

—E você está ranzinza. -falei, encarnado-o com olhos cerrados —Isso não é o natural de Dylan Lawrence.

Dylan abriu um sorriso, daqueles que pareciam sinceros e eu fiquei um pouco mais aliviada.

—Me desculpe por nem sempre conseguir agir como um personagem de desenho animado.

Soa Como Desastre (+18)Where stories live. Discover now