𝟎𝟗

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3 de outubro de 1965

O som do ranger da porta ecoava pela casa, uma melodia triste que acompanhava as decepções que a vida reservava para Ava. Desde pequena, ela aprendeu a esperar gestos de afeto que pareciam escorregar por entre seus dedos como areia fina. A pequena Ava, com seus cinco anos, corria para o pai, ansiosa por um abraço que nunca vinha.

- Papai! - chamava Ava, estendendo os braços em uma busca incessante por carinho.

O gesto de Ava era recebido com indiferença por Christopher, seu pai. Um homem distante, envolto em mistérios que a menina ainda não compreendia. O abraço desejado nunca vinha; em vez disso, ela era tolerada como se fosse um fardo.

- Um dia, papai vai me abraçar de verdade, mamãe? - perguntou Ava, com olhinhos brilhantes, esperando uma resposta que talvez nunca viesse.

A mãe de Ava, Elizabeth, observava a cena com tristeza nos olhos. Ela se aproximou da filha, afagando seus cabelos dourados.

- Às vezes, querida, as pessoas têm maneiras diferentes de mostrar amor. Tenha paciência, um dia você entenderá.

Os anos passaram, mas a dinâmica entre Ava e seu pai permanecia inalterada. Ava continuava a esperar, observando cada movimento de Christopher como se pudesse decifrar um enigma. O tempo era testemunha de uma filha que esperava demais e um pai que oferecia de menos.

Um dia, Christopher anunciou uma decisão que mudaria suas vidas. Ele oficialmente estabeleceu uma aliança com Lord Voldemort, entrando para os Comensais da Morte. Ava, apenas uma criança, não entendia completamente a magnitude do que estava acontecendo.

Ava observava seu pai com olhos cheios de confusão, tentando compreender a seriedade por trás das palavras enigmáticas de Christopher. O som do ranger da porta ainda reverberava na casa, mas agora ele carregava consigo uma sombra mais densa, uma melodia triste que ecoava no coração da pequena.

- Papai, por que você está fazendo isso? - questionou Ava, buscando nos olhos de seu pai uma resposta que ele parecia incapaz de dar.

Christopher, em sua postura séria, tentou explicar de maneira vaga os compromissos que assumira com Lord Voldemort. Para a mente infantil de Ava, essas palavras eram como peças soltas de um quebra-cabeça complicado.

- É algo importante para proteger nossa família, Ava. Você precisa confiar em mim - disse ele, tentando transmitir uma sensação de segurança que falhava em alcançar o coração da garotinha.

Ava olhou para sua mãe, Elizabeth, em busca de orientação. Os olhos da mãe refletiam uma mistura de tristeza e compreensão, mas ela abraçou Ava, oferecendo algum consolo.

- Mamãe, o que significa "Comensais da Morte"? Por que papai está fazendo isso? - indagou Ava, com a voz trêmula.

Elizabeth escolheu palavras cuidadosas para explicar à filha, protegendo-a da crueldade do mundo que começava a se desdobrar diante delas.

- Às vezes, as pessoas escolhem caminhos difíceis para proteger aqueles que amam. Seu pai acredita que está fazendo o que é melhor para nós. Não se preocupe, minha querida, estaremos sempre aqui para você.

O som do ranger da porta ainda ecoava, mas agora era acompanhado pelo suspiro pesado de Ava, uma criança que, mais uma vez, sentia que o amor escorregava por entre seus dedos.

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𝐒𝐓𝐘𝐋𝐄- James PotterWhere stories live. Discover now