007' chapter seven

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QUERIDO DIÁRIO, EM meio à um apocalipse zumbi não existe confiança, mesmo que alguém sirva refúgio e macarrão instantâneo como almoço.

Ao menos, foi isso que Sooyoung anotou mentalmente.

No meio de um apocalipse, a coreana teve a fria realidade batendo contra si: aquele cenário grotesco e catastrófico só serviu para deixar ainda mais à mostra a ganância que o ser humano poderia ter. Isso foi claramente visivel quando os adolescentes tiveram o desprazer de ver a ponte — sua única esperança de ir para o outro lado — se tornar em ruínas devido a explosão. As últimas 24 horas, havia sido tão conturbada do que qualquer filme grotesco poderia retratar cinematograficamente. Não importava, nem em seus piores pesadelos a garota sonharia algo tão cruel e frio quanto o massacre apocalíptico em massa que ocorria do lado de fora, ou melhor, no mundo.

A destruição da ponte serviu como uma sirene de alerta para os zumbis, estes que vagavam ruas a fora, a procura de presença viva para poderem desfrutar de suas carnes. O desconhecido, Jinyoung, havia se certificado de trancar e tampar todas as portas e janelas. Isso para garantir que não chamariam a atenção daquelas coisas.

Riki batucava ansiosamente seus dedos pela bancada da loja, observando calmamente as prateleiras reviradas.

Desde a explosão, talvez algumas horas atrás, o japonês não havia sequer dito uma palavra. Às vezes, ele apenas encarava lugares fixos ou batucava suas mãos em algum lugar, no entanto, não parecia sequer possuir entusiasmo para dizer qualquer coisa.

— O que você achou dele? — Sooyoung sussurrou, observando o corredor por onde o homem saiu, dizendo ir preparar algo para os sobreviventes.

— Provavelmente suspeito…? — Ele pigarreou, dando de ombros.

— Não devíamos ter confiado nele. Se ele tiver algum infectado aqui dentro? — Reclamou, sentindo seu coração palpitar ao pensar na possibilidade. Havia muitos riscos no qual eles estavam se expondo.

— Seria isso ou ficar lá fora, com os zumbis.

A garota suspirou, sentindo-se cansada para continuar uma conversa com seu companheiro sobrevivente. Ele parecia tão estranho, talvez mais do que ela imaginava ser.

— O que você tem? Por que está tão quieto? — resmungou, inflando o peito — Você foi mordido?

Seu tom de voz não era particularmente acusador, no entanto havia medo no fundo da sua pergunta. Riki a encarou, chocado o suficiente para quase gritar:

— Não! Você acha mesmo? Eu estava com você o tempo todo, se eu tivesse sido você já teria visto e me matado! — Ele soou óbvio, quase debochando de sua cara.

— Eu não sei! Você ‘ta tão quieto, isso é estranho! — Sooyoung rebateu, sentindo seu rosto aquecendo. — Você fala até com o vento, agora ‘ta aí…

Nishimura a encarou durante o tempo, sem palavras para responder. Repentinamente um sorriso presunçoso cresceu em seus lábios, com ele pigarreando:

— Então quer dizer que você quer ouvir minha voz? — Riu provocando, até mesmo levantando uma de suas sobrancelhas de forma cômica.

A conveniência se tornou um alvo de risadas, ambos rindo até ficarem sem ar. Era como se Sooyoung e Riki tivesse voltado no tempo, rindo de algo que o garoto disse, enquanto compravam besteiras após a escola.

Talvez seria assim, se a garota ainda tivesse uma vida normal. Sem encontros em banheiros podres ou choros em meio a uma sarjeta em um apocalipse zumbi.

O estranho — esse que Sooyoung se força a chamar de Jinyoung — surgiu entre os corredores com uma panela fumegante e pratos de porcelana descascadas. Ele parecia carregar macarrão instantâneo.

STAY ALIVE - Nishimura Riki Onde as histórias ganham vida. Descobre agora